Nas últimas semanas de 1889, a tripulação de um navio de guerra brasileiro ancorado no porto de Colombo, capital do Ceilão (atual Sri Lanka), foi pega de surpresa pelas notícias alarmantes que chegavam do outro lado do mundo. O Brasil havia se tornado uma república. O império brasileiro, até então tido como a mais sólida, estável e duradoura experiência de governo na América Latina, com 67 anos de história, desabara na manhã de Quinze de Novembro. O austero e admirado imperador Pedro II, um dos homens mais cultos da época, que ocupara o trono por quase meio século, fora obrigado a sair do país junto com toda a família imperial. Vivia agora exilado na Europa, banido para sempre do solo em que nascera. Enquanto isso, os destinos do novo regime estavam nas mãos de um marechal já idoso e bastante doente, o alagoano Manoel Deodoro da Fonseca, considerado até então um monarquista convicto e amigo do imperador deposto.Essas e outras histórias surpreendentes estão em 1889, o novo livro do premiado escritor Laurentino Gomes. A obra, que trata da Proclamação da República, fecha uma trilogia iniciada com 1808, sobre a fuga da corte portuguesa de Dom João para Rio de Janeiro, e continuada com 1822, sobre a Independência do Brasil.
Featured Series
3 primary booksHistória do Brasil is a 3-book series with 3 primary works first released in 2007 with contributions by Laurentino Gomes.
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Laurentino Gomes, como nos outros livros seus, mistura fatos jocosos com narrativa - às vezes, junta com citações que reforçam a ideia proposta. As qualidades da escrita, presente também em outras obras, perpetua-se nessa, contudo, a principal crítica, que falta para ser uma obra de respeito, permanece: falta de análise histórica a posteriori.
No momento que se apresenta uma elite econômica alheia ao próprio povo que tenta plagiar os europeus não se realiza a comparação atual que nossa elite e, hoje também, a classe média ainda tentam se considerar mais brasileiros (ou menos brasileiros?) do que resto da população - os pobres. Por causa disso, salários definem valores. Sulistas se acham superiores a compatriotas de regiões com maiores desigualdades sociais. E tudo isso se culmina numa direita liberal que acredita fielmente que o desenvolvimento econômico só virá se entregarmos a economia para o capital estrangeiro, puro sumo de vira-latismo. Ocorre até mesmo de estatais estrangeiras comprarem ex-estatais brasileiras...
Outro ponto importante o aberrante comportamento da direita conservadora: o culto ao militarismo. Infelizmente, não colocamos os milicos no seu devido lugar (os quartéis) desde a proclamação da República. Assim, desde 1889, há generais, coronéis, tenentes e, ultimamente, um capitão se intrometendo na nossa ainda (re)construção democrática. Era Vargas, 64 e governo bolsonarista recheado de militares no governo e com inanição perante os atos antidemocráticos que ocorreram durante 2019-2022. Isso tudo resultou no desastre de 8 de Janeiro de 2023.
Tudo isso nosso tão quisto país são problemas mal resolvidos. São antigos. A exclusão social, militarismo, elitismo, a nunca realizada reforma agrária. Por disso tudo, isso não são tópicos para construção de uma nação desenvolvida, mas são “coisas de esquerdista”. Qual será nosso destino?