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Angústia

Angústia

1936 • 240 pages

Ratings2

Average rating3.5

15

[pt-br/eng] Antes de mais nada, permita-me dizer que me dói muito dar essa nota para o livro. Logo entrarei em mais detalhes sobre isso.

Um ser humano sem aspirações, sem hobbies proveitosos e sem ambição alguma, alguém que já se corrompeu tanto que sua alma nem mesmo transparece, alguém que irá morrer sendo o último de sua linhagem, como uma decepção para os seus antepassados que (provavelmente não) lhe olham do pós-vida.

Como um estudo de personagem, esse livro é maravilhoso. Mostra como alguém sem um sentido na vida pode confinar-se a uma rotina onde não se vive, mas se sobrevive. É verdade, se você não tem nada do qual viver, então pra que continuar vivo?

Mas como um romance... Não me pegou. Alguns capítulos eram extremamente envolventes, mas na maior parte do livro eu me arrastei pela leitura. Talvez esse gênero de livros sobre sofrimento(existencialismo/niilismo?), no final, realmente não seja para mim.

Muito desse livro me lembra Crime e Castigo, exceto que ele tira minhas partes favoritas da leitura: A grandiosidade imaginária de Raskolnikov e sua eventual redenção. Eu não consegui achar um motivo pra esse livro, além desse estudo que mencionei no início. Talvez seja influência do ateísmo de Graciliano Ramos.
Fico agradecido de ter lido Vidas Secas antes de Angústia, caso contrário, eu não criaria o mínimo interesse pela obra do Graciliano. É possível que a leitura de Vidas Secas, que me foi extremamente agradável, tenha elevado demais minhas expectativas para esse livro, a ponto dele não conseguir alcançá-las. Mas sinceramente, eu não acredito que seja o caso.

Quanto à escrita do livro, eu tomo as palavras do autor pelas minhas:

Acho em Angústia numerosos defeitos, repetições excessivas, minúcias talvez desnecessárias. E tudo mal escrito. Mas se, apesar disso, der ao leitor uma impressão razoável, devo concordar com v. É possível até que as falhas tenham concorrido para levar na história aparência de realidade. E alguns capítulos não me parecem ruins.— Graciliano Ramos

No fim, não me agradou. Mas reconheço o trabalho que envolve o livro; você provavelmente deveria dar uma chance.

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Before i start the review, allow me to say that it hurts me to give this rating to the book. More on that later.

A human without desire, without any useful hobbies and without any ambition, someone that was corrupted so much that his soul doesn't seem to be there, someone that will die being the last one of his lineage, as a disappointment to his ancestors who (probably not) look at him while in the afterlife.

As a character study, this book is wonderful. It shows how someone without meaning to life may confine himself to a routine where you don't live, but survive. It is true, if you don't have anything to live for, then why keep living?

But as a novel... It didn't catch me.
Some chapters are extremely interesting, but most of the book I just dragged myself through it. Maybe this genre of books about suffering (existencialism/nihilism?), at the end, are not for me.

Much of this book reminds me of Crime and Punishment, except it removes my favorite parts: Raskolnikov's imaginary grandiose and his redemption. I just couldn't find a reason for this book to exist, except as a character study. Maybe it's influence of Graciliano's atheism.
I'm thankful I read Vidas Secas before Angústia, because if that wasn't the case I would probably never read anything by Graciliano again. It is possible that the Vidas Secas reading, which was extremely pleasant to me, elevated my expectations so high that this book couldn't afford to reach them. But I don't believe that's the case.

As of it's writing, I make the author's words as mine:

I find in Angústia a lot of errors. Excessive repetitions, maybe unnecessary details. And it's everything poorly written. But if, besides that, it gives the reader a reasonable impression, then I must agree with you. It's possible that some flaws gave the history an appearance of reality. And some chapters doesn't seem bad.

At the end, I didn't like it. But I can see the job that the book has done; you should probably give it a shot.

April 27, 2021Report this review