Bala Santa
2007 • 586 pages

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Que livro fantástico! Eu nem sei por onde começar. Foi o primeiro livro que li de Luís Miguel Rocha, adorei a escrita do autor, é uma escrita super cuidada e trabalhada e que nos prende ao livro com bastante facilidade, apesar de alguns vocábulos que, para ser sincera, desconhecia.

Então este livro relata-nos os motivos que levaram um turco a tentar assassinar o Papa João Paulo Segundo, e passo a citar: “Ao revistarem o jovem de 23 anos de nome Mehmet, encontraram um bilhete com uma frase escrita em turco. Mais tarde, alguém traduziria os dizeres como: Mato o Papa como forma de protesto contra o imperialismo da União Soviética e dos Estados Unidos da América e contra o genocídio que está a ser levado a cabo em El Salvador e no Afeganistão.” Mais tarde com a continuação da leitura, vim a perceber que este bilhete era treta e que o verdadeiro motivo era outro e que, aliás, quem tentou matar o papa estava apenas a cumprir ordens.

Eu adorei bastante do carater do padre, que o autor deixa transparecer através da sua escrita e dou como exemplo a seguinte passagem: “Assim que Wojtyla o liberta, o jovem turco ajoelha-se aos seus pés com tal devoção, que o guarda quase atira sobre ele. O papa levanta a mão como que a dizer para baixar a arma e o guarda acata o pedido sem pensar uma segunda vez.- Perdoe-me Santo Padre - suplica o turco a chorar, com a cabeça declinada entre os pés do estimado sucessor de Pedro.Wojtyla abaixa-se para o levantar e coloca a mão sobre a cabeça dele.- Levanta-te, meu filho. O que há para perdoar já o foi há muito tempo.

Se isto não é uma enorme prova de humanidade, eu não sei o que será. O Papa simplesmente perdoa sem rancor nem mágoa, o homem que contra ele disparou 6 tiros.

É um livro que transparece também a hipocrisia presente no mundo da Igreja Católica e o facto de o que a mantém erguida ser o dinheiro.

Relativamente aos pontos negativos neste livro, foram o facto de por vezes se tornar um pouco confuso devido ao grande conjunto de nomes nele presente, para não falar em várias personagens (verdadeiras) com o mesmo nome. Perto do fim do livro, eu diria, nas últimas 100 páginas, foi igualmente um pouco confuso devido a um grande número de mortes e acusações entre umas 7 ou 8 personagens diferentes. Admito que acabei por saltar algumas páginas e até capítulos para não ficar ainda mais confusa. No geral, é um livro absolutamente fantástico.

October 26, 2016Report this review