Blue Nights

Blue Nights

2011 • 195 pages

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“É possível fugir ao declínio da luminosidade? Ou pode-se apenas fugir de seu aviso?”

A escrita de Didion é madura e consistente, de um jeito suave e acolhedor. Ela conta sua perspectiva como mãe em luto, como mulher em envelhecimento, quase como numa sessão de terapia. Me senti como um amigo, tentando ao máximo ouvir e compreender suas dores.

Seu uso de repetição é muito eficiente. Ela repete conceitos, cenas, não simplesmente palavras, o que deixa esse efeito mais estético que repetitivo per se. Os flashback em forma de frases vão se acumulando ao longo do livro e culminam de um jeito bastante satisfatório no capítulo final.

Apesar das temáticas pesadas, principalmente envolvendo a morte, o texto nunca chega a ficar mórbido em si, já que se baseia muito em memórias anteriores à tragédia e nas reações, ao invés de focar nos acontecimentos em si. Como leitores, flutuamos pelos problemas e observamos suas ondulações ao redor, ao longo do tempo, na perspectiva da autora.

Quanto a críticas, senti certa falta de um fio narrativo para seguir ao longo da leitura, apesar de me acostumar com o estilo mais desconexo com o tempo. Também me confundiram as recorrentes referências muito específicas a pessoas e locais que não conhecia, o que acabava me fazendo pular frases inteiras, mas não é como se fossem inteiramente desnecessárias ou nocivas, só atrapalharam minha experiência individual como leitor estrangeiro em muitos níveis.

April 16, 2022Report this review