Delícia, delícia
2011 • 296 pages

Ratings1

Average rating4

15

Sabe aquele tipo de livro que passa a história inteira te tentando e te deixa morrendo de vontade de acabar com o estoque de uma confeitaria? Pois é, a trama de Donna Kauffman é esse tipo de livro.

Levei Delícia, Delícia para ler durante a viagem da minha cidade até São Paulo quando fui no Anime Friends há algumas semanas (o tempo passa muito rápido!), mas acabei dormindo durante a viagem ao invés de ler (aconteceu a mesma coisa na volta, fazer o quê?). Mas quando peguei para ler de verdade, me diverti muito!

Na trama, acompanhamos Leilani, uma confeiteira mais do que talentosa que se mudou de Nova York para a pequena Ilha de Sugarberry, em seu recomeço – que estava indo muito bem, obrigada, até que seu antigo chefe, Baxter, resolve levar seu programa de culinária para a recém-inaugurada confeitaria dela. E é claro que aquela paixão que Lani jurava para si mesma que havia ficado no passado, faz com que a moça não saiba como agir e pensar (para proteger seu coração) com as investidas um tanto quanto apaixonadas do chef.

O livro é contado tanto pela visão de Leilani quanto pela de Baxter, com capítluos intercalados entre os dois – o que é muito bom pois um ponto de vista completa o outro, deixando o leitor a par dos sentimentos reias desses dois personagens enquanto a narrativa avança e as coisas acontecem. É bonitinho ver Baxter todo empenhado em conseguir o que quer – e depois, todo triste consigo mesmo por não ter pensado direito em seus planos. A mesma coisa acontece com Lani, que se derrete todas as vezes em que está perto do Chef Hot Cakes e faz de tudo para se manter afastada.

Confesso que achei os primeiros capítulos um pouco parados – parados talvez não seja a melhor descrição porque estava acontecendo bastante coisa na história: Baxter tinha chegado, houve a introdução dos personagens e da situação... mas alguma coisa fez com que a leitura não rendesse tanto quanto eu gostaria, o que me desanimou um pouco. Mas lá pela página 70 eu comecei a me divertir mais com a narrativa (que realmente provou ser uma delicinha), “peguei no tranco”, me empolguei e li tudo em pouco tempo.

Gostei muito da forma com que a autora lidou com a história. Donna amarra os acontecimentos – e inclui detalhes que não me pegaram completamente de surpresa com o passar dos capítulos – de forma a criar não apenas a atmosfera de um romance cheio de tensão, mas de um contexto inteiro onde todas as peças (personagens principais e secundários) são extremamente importantes. A linguagem não tinha segredos e, por estarmos acompanhando tão de perto os personagens, é possível para o leitor se conectar com os sentimentos e reações que são mostrados. Particularmente gostei muito do tom sarcástico e até mesmo bravo de Lei-Lei (ela é uma personagem ó-ti-ma!) e me diverti bastante com os pensamentos dela sobre ser a Barbia Confeiteira Justiceira (a imagem mental foi maravilhosa) e com a forma como Baxter a chamava de querida.

Aliás, Baxter me deixou encantada. Mesmo no começo, quando a leitura não estava rendendo para mim, os capítulos em seu ponto de vista sempre me agradaram. Sua confusão por encontrar Lani com um comportamento diferente do que conhecia, seu charme e sua delicadeza... (suspiro) – e falar do charme de Baxter me faz falar de Alva, a senhorinha fofoqueira da pequena cidade com uma energia quase inesgotável e completamente encantada pelo Chef.

Alva é uma personagem preciosa. No ínicio pensei que ela seria apenas mais uma personagem secundária com a função de espalhar fofoca, mas com o passar da narrativa percebi que, além de ser muito fofa e divertida, esse senhorinha ajudaria Lani a pensar em certas coisas. Esse também é o caso de Charlotte, a melhor amiga da nossa protagonista. Charlotte é uma boa ouvinte e uma conselheira melhor ainda – além de ótima Chef também. De forma geral, todos os personagens secundários, melhor dizendo, todos os personagens têm uma função que é cumprida de forma mais do que satisfatória.

Também não posso deixar de comentar que os detalhes da diagramação são muito delicados: tanto as letras divertidas usadas nos capítulos (como você pode ver na foto lá em cima) quanto “o clube do cupcake” escrito nos topos das páginas ímpares são agrados a mais ao leitor.

Claramente esse livro serviu para me deixar morrendo de vontade de comer cupcakes (não é à toa que comi um daqueles chocolates Talento [aquele de doce de leite, sabe?] sozinha enquanto escrevia essa resenha) – além de ficar morrendo de vontade de encontrar em Chef desses, é claro –, e também para me dar um refresco de histórias cheias de drama. Delícia, Delícia é, literalmente, uma delícia de ler.

July 21, 2016Report this review