Ratings2,078
Average rating4.3
“Duna” é um clássico definitivo que influenciou inúmeras obras de ficção científica e fantasia. Se você gostou de “As Crônicas de Gelo e Fogo”, “The Witcher”, ou é fã de “Star Wars” ou “Star Trek”, este livro proporcionará uma excelente jornada.
O início da leitura pode ser complicado, especialmente até a metade da Parte I. Muitos personagens, locais e conceitos são introduzidos sem explicações claras, o que pode ser confuso. No entanto, conforme a leitura avança, as intenções de Frank Herbert começam a se revelar. De maneira magistral, ele usa as próprias narrativas dentro da história para esclarecer o universo que criou. Dessa forma, o leitor é introduzido de maneira única a um livro extremamente rico. Embora o começo possa ser cansativo, o esforço será recompensado no final.
Aos poucos, as aparências enganosas dão lugar a uma abordagem mais realista. Política e religião começam a ganhar forma e são constantemente debatidas. Temas como biologia e geografia se incorporam à história, mostrando o meticuloso cuidado de Herbert ao escrever sua obra. Comparações com a realidade são inevitáveis: questões como petróleo, fanatismo religioso e elitismo estão presentes de forma evidente.
Para tornar a leitura mais prazerosa, concentre-se nos personagens que interagem com Jessica, Paul e Leto. Tudo começa a se encaixar ao final da Parte I. Boa leitura, ou melhor, uma boa jornada!
OBS: Considerando que o livro foi escrito na década de 1960, optei por ignorar as partes que fazem referência ao vilão “afeminado”, Barão Vladimir Harkonnen, retratado de maneira pejorativa como gay e possivelmente envolvido em incesto e pedofilia. Esse estereótipo, que aparece com frequência nas cenas em que o vilão é mencionado, é um dos principais pontos fracos da obra, pois ele é retratado de forma unidimensional, sem nuances que poderiam torná-lo um personagem mais complexo.
Outro tópico que me incomodou foi a eugenia. Em nenhum momento há uma crítica substancial a esse tema, exceto pela relutância de Paul em seguir o caminho que sua mãe determinou. Esperava que o autor mostrasse os perigos dessa ideologia, mas isso não ocorre. Quem sabe esse questionamento apareça nos próximos livros.