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Um romance sobre identidade e as complexas relações raciais, sobre violência e negritude, O avesso da pele é uma obra contundente no panorama da nova ficção literária brasileira.
O avesso da pele é a história de Pedro, que, após a morte do pai, assassinado numa desastrosa abordagem policial, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos. Com uma narrativa sensível e por vezes brutal, Jeferson Tenório traz à superfície um país marcado pelo racismo e por um sistema educacional falido, e um denso relato sobre as relações entre pais e filhos.
O que está em jogo é a vida de um homem abalado pelas inevitáveis fraturas existenciais da sua condição de negro em um país racista, um processo de dor, de acerto de contas, mas também de redenção, superação e liberdade. Com habilidade incomum para conceber e estruturar personagens e de lidar com as complexidades e pequenas tragédias das relações familiares, Jeferson Tenório se consolida como uma das vozes mais potentes e estilisticamente corajosas da literatura brasileira contemporânea.
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a estrutura (segunda pessoa e frestas temporais) é interessante mas a escrita é tão árida que as poucas páginas parecem intermináveis, carentes de um ritmo que as propulsione. uma série de cenas narradas direta e factualmente, opacas e sem textura. também fica evidente a pouca fé do escritor na capacidade dos leitores intuírem o racismo nas situações e circunstâncias narradas sem que ele o explicite como numa redação dissertativa-argumentativa
Sensível demais! Adorei como a história foi sendo construída desde o começo, sem deixar claro do que se tratava, mas ao mesmo tempo dando dicas sutis ao leitor. As coisas vão acontecendo de maneira natural e quase como corriqueiras - da forma que acontece na vida real, quando situações de preconceito já intrincadas na sociedade são expostas de uma maneira estrutural muito explícita.
É muito angustiante e preocupante saber que as relações pautadas pela cor da pele são realidade para muitas pessoas e a forma como esses acontecimentos são tratados no livro deixam o leitor ainda mais aflito. A construção do cenário de Porto Alegre como ambiente em que a história acontece é muito importante por ser uma realidade que muitas pessoas conhecem, mas às vezes preferem não reparar. Cabe ao leitor e às pessoas em geral a busca pelo aprendizado, para melhorar cada vez mais enquanto seres humanos. Excelente livro!
Sensível, árido e triste, dolorido como é o pior do olhar julgador.
Eu não sei se gostei de como foi escrito, de modo tão hermético, quadrado, direto. Talvez seja para que se preste atenção na narrativa; talvez seja para dar conta do pensamento do narrador, dizendo, em parte, o que ele mesmo representa através de sua linguagem. De todo modo, uma história pode ser interessante sem que a escrita seja. Há eu emoções que não precisam se esconder em estilo.
Acho que cai em vários clichês, alguns deles pelos próprios temas que aborda. Faz o que pode para ultrapassar eles, o que rende algumas das melhores partes, mas torci o nariz para muita coisa. O esforço de não reduzir um personagem negro a “o que há de negro dele”, mas incorporar ao drama, é a principal virtude do que há de melhor aqui. Dá universalidade. Quebra o arquétipo do sofredor-que-sofre-em-história-sofrida, que reduz o personagem ao seu sofrimento e, na minha opinião, desumaniza ele. Traz pro coração.
Uma amiga comentou, e dou razão a ela, que é um livro muito enviesado com a perspectiva masculina que idealiza o pai e coloca a mãe como louca na relação, um pouco demonizando. Eu acho que isso conversa com os muitos clichês e traços arquetípicos que acabam atravessando a narrativa.
Quando ele enriquece de detalhes as experiências, mesmo que imaginadas, tentando buscar a resposta ao seus pais como pessoas e pais, é que realmente vem à tona um desejo íntimo de compreensão e a obra é capaz de criar um drama sólido.