A história de uma trabalhadora doméstica brasileira que, vivendo na periferia, ocupa o centro da vida social graças à sua sensibilidade, simpatia e humanidade. É um romance sobre o sentido da emoção e da inteligência na realidade mais cotidiana. Num tom de crônica sobre a periferia, trazendo muito mais do que as questões graves que assolam esse espaço social, dando lugar para a delicadeza e o registro cômico, Lilia Guerra constrói aqui um riquíssimo painel da vida brasileira.
Reviews with the most likes.
Correndo o risco de ser altamente impopular, direi que embora tenha amado profundamente a história, a vida de Xispê/Maria, os personagens bem construídos, a tristeza inerente, etc, a cada par de páginas tinha a sensação de que ela é tão articulada, tão editada, tão machadiana em seu vocabulário e construções de frase que eu pensava se tinha perdido alguma parte da personagem - é uma leitora voraz? convive com intelectuais? lê dicionários no tempo livre? acessa canais de filosofia? - sem sacanagem, não é só o uso de palavras como soberba, que (infelizmente) não são comuns no cotidiano, mas a própria narrativa, excepcionalmente bem escrita, na voz dela. Talvez porque recentemente eu tenha lido Via ápia e tenham me chamado a atenção para o uso da voz das ruas do autor, aqui eu tive a impressão diametralmente oposta, a ponto de de fato ficar um pouco incomodada.
Isso dito, é um livro tão bonito, tão profundo, e aquele gosto de ‘não volto não viu dona Gerda' no final, tão bom... vale super.