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Poder absoluto é diferente, acho, de qualquer coisa que li na ficção científica brasileira contemporânea ultimamente. Isso pode não querer dizer muita coisa, já que não sou grande especialista, mas fica a observação. O universo pós-apocalíptico criado na primeira publicação de Jean Gabriel Álamo é claramente bem pensado e, por mais que a luta contra o Sistema seja uma temática já batida hoje em dia, a história que encontramos aqui passa longe do “mais do mesmo”. Gostei muito de alguns conceitos apresentados e de como a tecnologia foi usada ao longo da história; de como o autor conseguiu criar um mundo cyberpunk verossímil sem auxílio audiovisual — o que não é fácil, podem acreditar. Os personagens, ainda que majoritariamente masculinos — um problema mais ou menos pessoal meu, mas que não podia deixar de comentar —, são carismáticos, e eu até gostaria de ter visto mais de alguns deles. O último capítulo, com a Quorra voltando à vida, se vendo sozinha e refletindo sobre a situação atual da sociedade, é meu preferido no livro todo, com certeza.
Meu grande problema aqui foi o exagero explicativo, chegando ao ponto do didatismo em algumas passagens — a batalha final contra o Suserano, por exemplo, é quase uma aula. Além de estar cheio de notas de rodapé muitas vezes desnecessárias, a própria narrativa traz várias explicações sobre situações e conceitos próprios do universo ficcional do Jean. Além disso, eu fiquei louco pensando em como o livro poderia se beneficiar de uma revisão ou editoração profissional — não digo pela ortografia nem nada assim, mas por questões de redação, mesmo.
No fim, o resultado é um livro promissor, que diverte, mas não mostra toda a capacidade que tenho certeza de que o autor tem.