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Niilista lúcido, Michel Houellebecq constrói um personagem obsessivo e autodestrutivo, que analisa a própria vida e o mundo que o rodeia com um humor ácido e virulento. Serotonina mostra que o autor continua sendo um dos mais perspicazes analistas do século XXI. Florent-Claude Labrouste tem 46 anos, detesta seu nome e toma antidepressivos que liberam serotonina e causam três efeitos colaterais: náusea, falta de libido e impotência. Seu périplo começa em Almeria (Espanha), segue por Paris e depois pela Normandia, onde os agricultores estão em luta. A França está afundando, a União Europeia está afundando, a vida de Florent-Claude está afundando. O sexo é uma catástrofe. A cultura não é mais uma tabua de salvação — nem mesmo Proust ou Thomas Mann são capazes de salvá-lo. Nesse contexto, Florent-Claude descobre vídeos pornográficos assombrosos em que sua atual companheira aparece, e isso é a gota d'água para que ele deixe o trabalho e passe a viver em um hotel. Perambula pela cidade, visita bares, restaurantes e supermercados. Repassa suas relações amorosas, marcadas sempre pelo desastre, que transitam entre o cômico e o patético. Ao se reencontrar com um velho amigo aristocrata, que parecia ter uma vida perfeita, mas que foi abandonado pela esposa e se vê falido, Florent-Claude aprende a manejar uma arma de fogo — que vai mudar sua vida para sempre. Em um espiral de problemas, Florent-Claude se torna um hábil analista da contemporaneidade, de seus anseios, inseguranças e problemas. Sua vida, um reflexo do desinteresse pelo mundo, será o espelho das mais cruéis agruras da vida. "Se há qualquer um hoje em dia, não só na literatura francesa, como na mundial, que reflita sobre a enorme mutação em curso que todos nós sentimos, e que não sabemos como analisar, esse escritor é Houellebecq." Emmanuel Carrère, Le Monde.
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En Serotonina, Houellebecq me hizo acordar mucho a Bukowski, sólo que la mira no está puesta en aquellos marginados de la sociedad -poetas malditos, alcohólicos, putas- sino en el vacío que aqueja a los pequeños burgueses que, en apariencia, están perfectamente adaptados a la sociedad moderna.
La voz del protagonista está excelentemente lograda, a punto tal que el lector no puede dejar de dudar de que buena parte de sus pensamientos deben ser propios del autor. La misoginia constante -en franca contradicción con las tendencias actuales-, lo desordenado y descarnado del relato y la tremenda oscuridad de los pensamientos le dan un alto grado de veracidad.
Es cierto que la obra se centra fundamentalmente en la soledad del hombre moderno inserto en un sistema cruel e inhumano. También lo es que la óptica a través de la cual se observa la realidad es netamente pesimista pero, sorprendentemente, subyace en todo el relato una tierna y naive fe en el amor como (única) vía para la felicidad, a la manera de las pequeñas flores que asoman entre los adoquines o el asfalto.