O maior trunfo do Vitor é a escrita. Ele pode escrever qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, de um jeito que te embala e te leva pela história aonde ele quiser. Escrito em algum lugar, assim como Quinze dias e Um milhão de finais felizes, é desse jeito — “Estrela cadente”, o conto dele incluso na coletânea Aqui quem fala é da Terra, também wink.
Mesmo não me identificando completamente com o protagonista — fui, sim, obcecado por uma coisa na adolescência, mas nunca pude fazer tanto a respeito, e a autora ainda fez questão de me curar da obsessão com certos adendos no Twitter —, eu me envolvi com a história dele e torci pelo #CasalDaFila. E agora também quero um Moletom pra mim.
Acho que essa foi a primeira vez que reli Dom Casmurro. Li pela primeira vez há, o quê, dez anos, e sempre trouxe comigo a memória de que é muito bom, excelente. Bom, pois é, é muito bom. É realmente excelente.
Lá pra alguma parte eu me peguei pensando sobre o conceito moderno de spoiler e sobre como a história de Dom Casmurro me parece melhor na releitura, sabendo o que acontece e percebendo as dicas enfiadas no texto. Mesmo pego no meio de uma ressaca braba de leitura, fui reparando na construção da trama como não consegui — ou não lembro de ter conseguido — fazer da primeira vez. O comentário do pai da Sancha sobre a semelhança entre a Capitu e sua falecida esposa é genial.
Ah! E Escobar.
Eu amo o Escobar.
Não li numa manhã de sábado. Sim, eu sei, que pecado, mas enfim. A escrita da Aline é gostosa e pode carregar o leitor em qualquer período de qualquer dia da semana, então pra que se limitar? Como já diria a renomada filósofa Sakura Kinomoto, “liberte-se”.
A Aline tem um jeito especial com as palavras, isso é inegável. Apesar de gostar muito dos contos dela que li — e ainda mais do romance que ela publicou pela Rocco —, é na não ficção que ela parece se sentir em casa. Para ela, dissertar sobre as coisas parece ser natural. Eu admiro isso. Como uma pessoa que encontra dificuldade na eloquência, tenho todo meu respeito pela Aline. A nota só fica na metade porque nem todos os assuntos me interessam, mas isso é inevitável. Quem sou eu pra julgar o que entra ou não num livro?
As bobagens são realmente imperdíveis — e nem sempre bobagens —, seja para uma manhã de sábado ou não.
Cara, esse aqui foi bem melhor do que eu esperava. Amo história e tenho vontade de voltar a estudar/ler sobre história já há algum tempo, mas nem sempre sei por onde começar ou se dou conta de ler obras mais densas sobre o assunto. Além disso, o Brasil me obriga a querer saber mais sobre como essa porra toda aconteceu, a entender melhor o que caralhos está rolando — spoiler: eu ainda não sei exatamente o que caralhos está rolando, mas sei que começou bem antes do que a gente pode imaginar.
É claro que esse aqui não é um livro supercompleto. É claro que, se você é graduando/mestrando/doutorando de história, se você tem uma boa base sobre o assunto ou se você é mais exigente do que eu... bom, esse aqui não é pra você, mas achei muito, muito bacana dentro do que ele se propõe. Até mesmo pra quem quer se lembrar de uma coisa ou de outra, ele é bem legal. Me sinto mais preparado pra procurar coisas mais densas.
Alice: Aventuras de Alice no País das Maravilhas & Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá

Não tenho certeza de quantas vezes li Alice na vida, mas essa vez foi demorada — justamente depois de pegar o livro pensando que seria coisinha boba, de dois dias, olha só. Não sei por quê. Acho que fiquei adulto e perdi um pouco da magia. Dessa vez, Através do espelho me pareceu nonsênsico demais, a viagem de Alice pelo tabuleiro, muito comprida. Não tive saco de ler todas as notas. Senti falta de algo em que não encontro mais em mim.
Isso ficou brega, mas são quatro horas da manhã, e tenho sono.
My first audiobook ever! Are you guys proud of me?
I listened to most of this while I walked, finished it in a car trip yesterday. It was nice. Solid plot, some captivating characters, good ending. I don't think I'll be following Cassie through her other adventures, but I had fun listening to this one.
O que dizer desse livro que mal conheço e já considero pakas?
Começos clichês à parte, acho que todo mundo que me conhece sabe como eu gosto de histórias de vampiros. Por algum motivo, vampiros sempre me fascinaram, desde pequeno, e seguimos assim. Peguei Deixa ela entrar depois de enrolar muito, e só não digo que me arrependo de não ter lido antes porque, no fim, não importa. Agora eu li. Agora eu li e agora essa história vai ficar comigo de todas as formas, inclusive algumas bem perturbadoras — e o pior é que não quero nem falar das cenas de pedofilia e outras coisas que a gente espera que sejam pesadas, mas a cena dos gatos??? meu deus???.
Acho que eu gostei principalmente de como todos os personagens foram construídos. Do professor espanhol à mãe do Oskar ao bully, todo mundo tinha uma história bem definida. Eu aprecio muito isso.
Não sei bem que nota dar, então vou deixar em branco até a próxima leitura. Não sei se Sagarana pode ser resumido assim, numa nota, e não sei se minha experiência foi objetivamente boa, mas também não acho que tenha sido ruim. Certo. Mas o João me fez pensar.
Pensei muito na minha relação com a leitura, e em como isso afetou minha experiência. Não, claro que esse não é o tema do livro, mas enquanto lia eu pensava em como minhas leituras “normais”, do dia a dia”, são superficiais. Explico: eu tenho uma leitura muito dinâmica. Leio rápido, às vezes não leio palavra por palavra. E, na maior parte das vezes, funciona. Não faço por pressa nem nada, eu mal percebo que faço, mas Sagarana, assim como minha primeira tentativa de ler Neuromancer, por exemplo, me joga isso na cara. Algumas coisas devem ser lidas com calma, com paciência, palavra por palavra e significado por significado. Ainda quero reler Sagarana, e só posso esperar absorver mais do que o que o João pôs aqui dentro.
Que delícia de livro! Morria de medo de ler e me deparar com uma narrativa pesada e maçante — bem à ideia que fazemos dos clássicos —, mas as cartas horríveis trocadas entre a marquesa e o visconde são deliciosas e engraçadas — ainda que às custas dos outros. Eu amo um bom personagem filho da p*, então fiquei completamente satisfeito com esses aqui. Aliás, podemos falar sobre como tudo é muito bem construído? Os protagonistas, os secundários, as situações. Não é fácil desenvolver uma história epistolar tão bem assim.
Agora quero (preciso) ver a adaptação com a Glenn Close. Amo, amo, amo Glenn Close desde, sei lá, 101 dálmatas, apesar de não acompanhar a carreira dela muito de perto — eu sou bem desligado de filmes no geral —, e pelo que vi ela está ótima no papel. E sempre teremos Segundas intenções.
Esse livro é the gift that keeps on giving.
Acho que eu teria gostado mais se tivesse lido há mais tempo. Ler Um grito de amor do centro do mundo hoje em dia, depois da explosão de sick-lit que me parece que os livros do John Green proporcionaram (A culpa é das estrelas foi publicado onze anos depois desse aqui), acaba parecendo mais do mesmo: romance YA entre dois adolescentes heterossexuais, a menina fica muito doente, a menina morre, o menino sofre em primeira pessoa, mas no Japão. Tem algum mérito, mas ainda é bem mais do mesmo pros padrões atuais. Queria ter lido há uns dez anos.
Como toda coletânea mista, tem altos e baixos. Mais altos que baixos, felizmente. Abre bem, com o conto da Ana Cristina, e fecha com um calafrio — ninguém me falou que o último conto era de terror, olha só!* Que bom que não deixei pra terminar o livro de madrugada. Meu preferido foi João Anticristo, do RVK.
* Acabei de ver que eu deveria ter sabido, sim, que era de terror. A Jana comentou na resenha dela, mas eu pensei que fosse só medinho normal (?).
Os deuses sabem que eu estava precisado de um livro bom, mas isso foi mais do que eu jamais poderia querer. Eu já amava o filme, que vi sei lá quando em um Corujão da vida, que não vejo há eras, mas ainda me dá uma sensação muito boa. Os personagens são incríveis, daquele tipo que vivem com a gente e dão saudade depois que vão embora; a história é bem contada — parabéns à tradutora, aliás, Vera Caputo, que fez um excelente trabalho nessa edição; tudo flui bem, bem, bem, bonito e triste, mas não aquela tristeza ruim, que acaba com a gente... é aquela tristeza quase reconfortante, não sei explicar...
É algo.
Bom, nem acredito que cheguei ao fim desse livro. E o pior é que acho que ele não é pra mim. Passei a maior parte “encalhado” nele, esperando alguma coisa acontecer e incapaz de ler outras coisas (aí pode nem ser culpa do livro, mas enfim), só que nada acontecia; várias coisas aconteciam, mas nada acontecia. Não dá nem pra chamar o que acontece no fim de anticlimático porque a sensação é de que nada levou a nada.
Não acho que isso seja culpa de ninguém, não acho que seja um defeito da história, mas infelizmente não me cativou. Quero ler mais coisas da Charlie pra ver se é o estilo dela ou se isso só acontece aqui. Talvez dê certo na próxima.

I spent half of this collection believing it was nice, but then I realized I didn't care for most of its stories. I mean, it's okay. There are one or two really good stories here; most are... meh, and at least one was really, really bad. My favorite definitely was The Other Land Express, by Todd Keisling, which reminded me a lot of Neil Gaiman — loved it! even considered upping my rating a bit because of it, but that would be unfair.