Geralmente, mesmo quando não gosto de um livro, eu costumo entender por que outras pessoas gostam dele. No caso de A redoma de vidro, acontece isso... mais ou menos, não exatamente. Entendo por que é um livro importante e por que teria causado impacto na época em que foi publicado — e, como uma espécie de autobiografia, eu entendo o peso da história. O problema pra mim, como leitor, é que como um romance, da forma que a história é apresentada, não mexe comigo. E acho difícil entender como mexeria com outras pessoas, também. A coisa toda é tratada de forma muito leve, com pinceladas, de uma forma quase corriqueira, e algumas situações são descritas sem que a devida importância seja dada a elas... não sei. Foi a impressão que eu tive.
This was a mess — and I don't even mean it in a bad way; I guess I just couldn't get the point. In this book there's non-fiction, poetry, and what I initially believed was fiction, but now I'm not so sure. In this respect, The Things I Would Tell You is indecisive in a way that didn't agree with me. There are some jewels in here, sure, and I'm happy for having known so many wonderful writers, but personally I need a fixed rhythm to follow.
O primeiro romance de Vanessa da Mata tem uma prosa bonita, gostosa mesmo, quase poética, mas uma história bem mal desenvolvida. Certas coisas não dão em lugar nenhum, alguns personagens têm motivações que não fazem sentido, a protagonista praticamente não tem personalidade etc. Não diria que é ruim, mas demorei um bocado para pegar no tranco por um motivo e, quando peguei, comecei de cara a perceber os “problemas”. Dito isso, gosto da ambientação e de outras coisas pontuais — gosto do paganismo, do misticismo criado em torno de Yade, dos personagens da vila; eram cenas que eu realmente tinha vontade de ler, ao contrário de outras. Só posso esperar que a Vanessa volte a se aventurar pela ficção algum dia.
Pessoalmente, fico entre quatro e cinco estrelas, mas seria um crime marcar menos que cinco por aqui. Se tive problema, foi pessoal: a quebra de ritmo entre as histórias tornou minha leitura mais lenta, eu demorava um bocado para me apegar a cada uma. Mas seria loucura negar que esse livro é muito bem feito, muito bem pesquisado, com uma narrativa magnífica. O que o Samir fez em Quatro soldados não é coisa pouca e merece mais reconhecimento — quero seguir a ordem, então preciso agora pôr as mãos em Homens elegantes, que acredito ser mais romance (no sentido de ser uma única história, sem desvios) do que QS foi.
Eu não gostei muito desse... Não por ser mal escrito (traduzido) nem por nada assim, mas tudo me parecia tão mais do mesmo. Acabei fazendo uma leitura dinâmica ferrada em alguns dos contos porque só conseguia pensar “Nossa, mas de novo um casal heterossexual branco enfrentando problemas de casais heterossexuais brancos ou se conhecendo ou...?” Sei lá. Muitas das histórias também não pareciam ser histórias propriamente ditas, só pedaços de algumas coisas.
Ted Chiang escreve bem daquele jeito que deixa a gente triste por nunca ser capaz de chegar num nível assim. As histórias de História da sua vida e outros contos variam bastante em temática e comprimento, mas todas são muito bem escritas — ou traduzidas, mas aposto que ficaria igualmente impressionado no original.
Acho que a impressão mais forte deixada por Reino das Névoas é: COMO A CAMILA ESCREVE BEM! Nunca tinha lido nada dela, então me deixem falar aqui como foi bom poder consertar isso. Um outro baita ponto positivo (pra mim) é o tamanho dos contos, que são, na maior parte, curtos — o maior deles é o que dá título à coletânea, uma releitura excelente de Branca de Neve que ocupa mais ou menos metade do livro e vale cada palavra lida.
Como diria o ditado, I am shooketh. Já tinha visto opiniões sobre como Ninguém nasce herói se parecia com a realidade atual do Brasil, mas ainda não estava preparado pro quão palpável a coisa toda chega a ser. Não é uma distopia pós-apocalíptica num mundo deserto e genérico onde todas as pessoas passam fome e odeiam secretamente um ditador maquiavélico. O Escolhido nem chega a realmente aparecer! É uma coisa real, no mundo real, com personagens que defendem o governo e outras que precisam encontrar formas de sobreviver ao se verem como alvos prioritários do governo. É assustador. É muito próximo do que se anuncia para os próximos anos.
Meu único porém seria o último capítulo, que parece... corrido, como se tivesse acabado o prazo e o autor tivesse sido obrigado a se virar pra fechar a história. Não é ruim, de forma alguma, mas cortou um pouco do clima.
Demorei um tempão, mas foi. Tive o azar de pegar esse livro de autoras da Página 7 bem no meio de uma ressaca braba de leitura, o que foi bem triste porque as histórias são super legais, mas deu certo. Meu preferido foi o da Sofia Soter — porque não tem como uma história com assassinatos no Halloween não ser tudo pra mim —, mas vale o destaque pro conto da Iris, também, que é a coisa mais linda.
É estranho pensar que o HIV ainda seja um tabu em 2019. Estranho, mas não surpreendente. Lembro de ouvir falarem da Aids na TV quando eu era criança. Ouvia sobre as DSTs e tudo parecia tão distante. As pessoas não querem tocar nesse assunto, não pensam muito nele, não querem admitir que ele existe e pode estar próximo. Acho que essa é a força de Você tem a vida inteira.
Não sou especialista em livros YA, mas a impressão que tenho é que muitos autores queer também fogem desse assunto. Histórias de gays com HIV ou Aids são, em parte, na minha experiência, encaradas como histórias sobre o Holocausto ou a escravidão: muita gente pensa que não são mais necessárias, que são batidas. Mas eu olho em volta, olho para tudo o que está acontecendo no mundo, e me pergunto se é esse o caso. Falando especificamente da comunidade LGBT e da Aids, quantas pessoas a gente conhece que sabem do peso da epidemia? Do estigma? Medo não é informação. É importante falar disso porque as pessoas estão se esquecendo. A epidemia da Aids foi um golpe imensurável na comunidade, mas as pessoas não se lembram mais.
Falar do HIV nunca vai deixar de ser importante.
Enfim, são quase três da manhã, não sei se estou falando coisa com coisa. Só queria deixar aqui que, mais do que nunca, esse livro importa. Livros assim importam.
Menos o Victor. Moleque mimado insuportável.
The format makes it short, which is why I chose Infection as my first book this year. It's a fun, light, no-biggie choose-your-own-adventure book “for adults” about the zombie Apocalypse. Now, there are many clichés here, lots of storylines you'll find in every zombie-themed story, but it's okay, they all fit! That's what you expect and that's what you get. Wouldn't recommend it if you want a masterpiece, Nobel-winning novel, but it's lots of fun to play with the possibilities—and with Bandersnatch's popularity, who knows? This might be right up your alley.
O autor me enviou uma cópia de Imperfeito em troca de uma opinião sincera. Obrigado, Robson!
Minha experiência foi agridoce. A premissa é bem bacana, amo YA com essa temática, queria ter aberto o livro e me apaixonado, mas nenhum personagem me cativou. Nenhum. Nenhum fez com que eu torcesse ou acreditasse nas motivações, nenhum me pareceu real, e acabou que segui só por seguir, sem me envolver com nada. A narrativa do Robson Gabriel é bem tranquila, então não foi exatamente um desafio, mas queria tanto ter me sentido preso, principalmente pelo drama do protagonista mala — e eu entendo que o ponto do livro seja ter um protagonista... bem, imperfeito, mas acho que o leitor precisa de uma compensação; Wuthering Heights tem como personagens as criaturas mais odiáveis da literatura, mas nem por isso a gente deixa de se importar com o que acontece.
Fora isso, tive certos problemas com o excesso de descrições — mas digo que a coisa teria fluido completamente bem se fosse só isso. Termino afirmando que o Robson é um autor promissor, e mal posso esperar para ler outras histórias dele.
[Por que esse livro está classificado como Erótico na Amazon? Até tem uma ou outra cena mais quentes, mas... oi, editora?]
Will I ever get over this novel? Will I ever not want to be reading it? I don't think I will. This is almost a month after finishing, and I still feel like picking it up again. Circe's words are still with(in) me. Madeline Miller's prose is beautiful, simply beautiful, captivating. Her characters are alive, lovely, hateful, present, all of the above—I honestly thought she could never top The Song of Achilles, and I'm not sure she has, but who knows? This might be it. I won't put it past her.

Depois de lutar com a memória, decidi que vou mesmo esperar para ler tudo de uma vez nas próximas edições. Mas ó, que legal! Que iniciativa legal, que seleção bacana. É interessante ver como as histórias mudam dentro da gente conforme lemos cada parte, como um conto desinteressante pode se tornar o preferido, e vice-versa. Sigo ansioso pelo que vem por aí.
Ah! Se tiverem que ler uma só história daqui, leiam Tons de rosa. De nada.
One of the best things I can say about The Fantasy Fiction Formula is that it's very direct. It wants to teach you, it wants to give you information, and so it does, with care, examples, and exercises. Very, very useful stuff. I just wish I had a paperback copy with me—turns out it helps a lot if I feel like it's an actual textbook.
I picked this up hoping I would like it way more than I actually did. I didn't hate it, but midway through I found myself not caring to what happened to those characters. Ben and Tim are... boring, dislikeable, and we only fall in love with Jace because he has literally no flaws—and then he dies, in a huge, and I mean huge, what-the-fuck-is-happening plot twist, just so Ben and Tim can get together in the end. Who even wanted that to happen, really? No one, that's who.
Luckily, this is an overall quick,* pleasant read, and I didn't have a bad time going through the story, so I don't think I should give it a low rating. It's okay. By all means, don't expect your next fave, but it's okay.
* After a first few chapters.
I don't think I can define Lisa Henry. Admittedly, I don't have much experience with M/M novels, but what she writes can always catch me from all angles. The prose is right, the story's captivating, sexy, romantic. The feelings are all there. If I had to pick one thing I didn't like, I'd have to say that gay-for-you stories annoy me a little bit. I understand how it makes sense in the context, but still... it's not something I enjoy. I like the development, though, and how things can work when well written.
I'll lowkey miss reading Brady's POV.
There are very few things I disliked about Autoboyography, but I won't talk about them. However, I will talk about how fun, delicate and ultimately cute this story is. So much so that I spent my day reading the last 90% of what isn't a short book. Tanner is a delightful protagonist, and Sebastian is the type of romantic interest that we can't help falling in love with—I don't even mind the instalove bit.
⛰️

I approached Cujo with curiosity. I wanted to know how Stephen King managed to turn a rabid dog into a killing machine/horror monster. I wanted to know how a woman and a kid locked inside a car could sustain an entire novel. I knew little about it, but what I did know didn't make much sense. It didn't seem possible, you know? Didn't seem doable. To be completely honest, I still don't know how he did it, but he did. This little book kept me on the edge of my seat at all times, and it's probably one of the most disturbing horror stories I have ever read—and I loved every minute of it.
Verdades invisíveis é um livro muito legal, então tem isso. Li mais da metade em uma viagem, e terminei sem esforço no dia seguinte (hoje). Fui pego de surpresa pelo... conflito principal? Que chegou do nada depois de quase 80% do livro? Acho que teria preferido se a história tivesse ficado no romance Angelo/Enzo, que são personagens muito fofos com um romance bem bacana rolando, mas vale dizer que toda a ambientação dessa fantasia urbana é muito bem desenvolvida, e os espíritos têm um apelo visual muito forte. Meus outros problemas foram estruturais, acho, e não vêm ao caso agora. O Franklin fez um trabalho muito bem feito e conseguiu trazer à tona uma publicação independente com cara de tradicional, e o saldo final é que fiquei muito curioso para os próximos lançamentos dele.