Laurentino Gomes, como nos outros livros seus, mistura fatos jocosos com narrativa - às vezes, junta com citações que reforçam a ideia proposta. As qualidades da escrita, presente também em outras obras, perpetua-se nessa, contudo, a principal crítica, que falta para ser uma obra de respeito, permanece: falta de análise histórica a posteriori.
No momento que se apresenta uma elite econômica alheia ao próprio povo que tenta plagiar os europeus não se realiza a comparação atual que nossa elite e, hoje também, a classe média ainda tentam se considerar mais brasileiros (ou menos brasileiros?) do que resto da população - os pobres. Por causa disso, salários definem valores. Sulistas se acham superiores a compatriotas de regiões com maiores desigualdades sociais. E tudo isso se culmina numa direita liberal que acredita fielmente que o desenvolvimento econômico só virá se entregarmos a economia para o capital estrangeiro, puro sumo de vira-latismo. Ocorre até mesmo de estatais estrangeiras comprarem ex-estatais brasileiras...
Outro ponto importante o aberrante comportamento da direita conservadora: o culto ao militarismo. Infelizmente, não colocamos os milicos no seu devido lugar (os quartéis) desde a proclamação da República. Assim, desde 1889, há generais, coronéis, tenentes e, ultimamente, um capitão se intrometendo na nossa ainda (re)construção democrática. Era Vargas, 64 e governo bolsonarista recheado de militares no governo e com inanição perante os atos antidemocráticos que ocorreram durante 2019-2022. Isso tudo resultou no desastre de 8 de Janeiro de 2023.
Tudo isso nosso tão quisto país são problemas mal resolvidos. São antigos. A exclusão social, militarismo, elitismo, a nunca realizada reforma agrária. Por disso tudo, isso não são tópicos para construção de uma nação desenvolvida, mas são “coisas de esquerdista”. Qual será nosso destino?