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Esta obra inédita de Fernando Pessoa é uma surpreendente crónica pessoal e único manuscrito atribuído ao seu semi-heterónimo Barão de Teive. Pessoa descreve a escrita deste, comparando-a à de Bernardo Soares, nos seguintes "[…] são ambos figuras minhamente alheias - escrevem com a mesma substância de estilo, a mesma gramática, e o mesmo tipo e forma de é que escrevem com o estilo que, bom ou mau, é o meu. Comparo as duas porque são casos de um mesmo fenómeno - a inadaptação à realidade da vida e, o que é mais, a inadaptação pelos mesmos motivos e razões. Mas ao passo que o português é igual no Barão de Teive e em Bernardo Soares, o estilo difere em que o fidalgo é intelectual, despido de imagens, um pouco, como o direi?, hirto e restrito. […] O fidalgo pensa claro, escreve claro, e domina as suas emoções, se bem que não os seus sentimentos […]." Criado para receber e carregar o fardo insustentável da lucidez de Pessoa, o Barão de Teive acaba por sucumbir aos conflitos que o habitam e suicida-se. O seu legado é um pequeno caderno que nos dá conta das grandes questões objecto da sua reflexão (e agentes do seu sofrimento): a inviabilidade do binómio moral/inteligência no indivíduo, os entraves ao relacionamento com o sexo oposto, a dor que advem do exercício da razão, a falácia do sonho, "a impossibilidade de fazer arte superior". Natural dos EUA, Richard Zenith vive desde 1987 em Lisboa, onde trabalha como escritor, tradutor e investigador. Especialista na obra de Fernando Pessoa, realizou uma versão inglesa do LIVRO DO DESASSOSSEGO, organizou e traduziu FERNANDO PESSOA & CO. - Selected Poems (Grove Press, 1998) e foi responsável pela mais recente edição do LIVRO DO DESASSOSSEGO em língua portuguesa (Assírio & Alvim).
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