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*Para o site Up!Brasil www.up-brasil.com
Argo – Como a CIA e Hollywood realizaram o mais estranho resgate da história, conta o passo a passo da operação da CIA que resgatou os seis americanos fugitivos do Irã revolucionário.
A narrativa nos mostra ao mesmo tempo o que acontecia nos bastidores com os agentes nos prédios da CIA procurando formas de resgatarem os americanos e o que os americanos escondidos passavam para encontrar um esconderijo seguro num país em ebulição. Ser americano, naquele contexto e naquele país, ao era o melhor negócio. Enquanto passava as páginas do livro me senti envolvida em todo o desenrolar da trama, era como se fizesse parte da equipe que planejava o resgate ao mesmo tempo em que me sentia como os “hóspedes”, presa e sem esperanças.
O livro focou principalmente no que aconteceu antes do resgate. Como os seis americanos conseguiram fugir da embaixada (e se lendo a sensação de fugir é mais do amedrontadora, me pergunto o quanto o medo dessas pessoas foi maior do que o que eu senti lendo – provavelmente muitas vezes maior), as diversas casas e apartamentos nos quais pernoitaram até conseguirem um abrigo seguro com o pessoal da embaixada canadense – e vale colocar em destaque o neozelandês que também ajudou, o estado psicológico prejudicado, a rotina sempre dentro de casa... E também o que acontecia na CIA enquanto isso, com a narrativa em primeira pessoa do agente Tony, que nos contou em primeira mão diversas operações que participou e suas impressões do que deveria estar acontecendo no Irã naquele momento, além de pincelar acontecimentos passados que culminaram na revolução de 1979.
Ler Argo é praticamente ter uma aula de história daquela região, o que possibilita ao leitor entender diversos acontecimentos posteriores a 1979 e as posições americanas e iranianas de hoje na política – porque mesmo que você já tenha estudado esse assunto na escola (ou cursinho), ler de uma pessoa que acompanhou tudo isso de perto é outra coisa. Parece muito mais real – e você presta mais atenção.
Não se pode deixar de lado também a rede de atuação da CIA (como é grande!) e o fato de que seus agentes são mais do que qualificados – nós sempre achamos que a Agencia é grande e tudo o mais, mas poucos realmente param para pensar no quão grande é e no que resultam suas operações.
Com boa fluência na narração, capítulos bem construídos e linguagem sem segredos, Argo pode ser lido antes ou depois de você assistir ao filme – eu li antes, influenciada pela mania de sempre ler antes o livro. E agora, depois de assistir e ler, posso dizer que é uma história que mereceu todas as premiações que recebeu.
Esse foi o primeiro livro que li de Antonio Mendez, apesar de já ter ouvido alguma coisa sobre o ex agente americano, e me surpreendi com a riqueza de detalhes que ele conseguiu colocar na narrativa sem deixá-la carregada e cansativa. Matt Blagloi, ao contrário, já é figurinha carimbada na minha pilha de leitura com seu The Rite: The making of a Modern Exorcist e não decepcionou, mantendo seu padrão na hora de conduzir uma história. Argo me deixou com a impressão de que um autor completou o outro.