PhD candidate in Literature; I love tea and sweets - and HEAs!
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Existem alguns livros que acabam com a gente, mas da melhor forma possível. Terminei de ler Mil pedaços de você há tempo o suficiente para me recuperar da história, mas ao abrir um post novo para escrever esta resenha, lembrei tudo o que senti durante a leitura.
A premissa de Mil Pedaços de Você é bem interessante: você fica pulando de dimensão em dimensão buscando vingança e de repente se depara com amor. À primeira vista, pensei que essa fosse uma história de vingança e perseguição, mas com o tempo percebi que mesmo que estejamos pulando dimensões, correndo através de universos paralelos uma e outra vez para vingar a morte do pai da personagem principal, essa aventura toda se torna pequena em comparação ao foco maior: o amor.
Honestamente, eu nem sei como escrever essa resenha (e essa é um das razões por eu demorar tanto para escrevê-la) porque a trama é recheada de plot twists, personagens adoráveus e seu “fio” condutor é brilhante. Nossa heroína é a filha de dois cientisitas brilhantes que vai utilizar a invenção de seus pais para perseguir Paul Marakov, um dos assistentes de se pai que era considerado um membro da família até os trair, de dimensão a dimensão com a ajuda de Theo, outro assistente. Ela é focada na vingança até se apaixonar e perceber que Paul pode não ser o responsável pela porte de seu pai – a ironia dessa paixão triangular foi o que me fiscou em um primeiro momento (ainda que eu não goste de triângulos amorosos).
Deixando de lado a questão amorosa por um momento (porque o senso de imediatismo de Marguerite, sua proatividade, só funciona para o amor – ela poderia sim ser mais proativa em outras questões, porém... provavelmente isso foi importante neste momento para o crescimento da personagem), o ritmo da narrativa é muito fluído, os pulos de uma dimensão para outra são bem explicados e a experiência desse deslocamento foi maravilhosamente descrita – as explicações cientificas também parecem terem sido muito pesquisadas (e de forma completa). O romance começa de forma rápida e faz nosso coração bater em seu ritmo.
Antes de acabar essa resenha, vamos falar de alguns aspectos gerais: A forma como Claudia Gray construiu esse mundo não foi nada do que eu esperava (de um jeito bom), entretanto o triângulo amoroso é tudo aquilo que já encontramos anteriormente: os dois interesses amorosos são um pouco genéricos demais para a profundidade ansiada pela premissa, Marguerite [ainda] não tem uma voz ativa e distinta na trama (entretanto, ela cai de cabeça em tudo o que faz, o que é uma boa característica) e mesmo que eu tenha adorado tanto a narrativa quanto os personagens, ainda procuro o que faz deles personagens únicos. O uso de referências da cultura pop teve o propósito de linkar a trama com a realidade do leitor e essa foi uma manobra inteligente – é claro, alguns podem não gostar, mas as referências a Beyonce e Leonardo DiCaprio, por exemplo, estão lá.
De forma geral, foi um começo completo para a série. É uma boa trama sci-fi com pouco sci e mais “amor”, porque mesmo que Marguerite esteja procurando justiça por seu pai, ela o deixa em segundo plano em sua jornada pelo amor. Tenho boas expectativas para os próximos volumes, já que o jogo com a moral e o que os americanos chamam de “grey area” (area cinza) estão com tudo. A escrita de Gray é sempre um ponto muito forte, delicada e sensível, em certas cenas era como seguir uma canção e me deixei envolver por suas palavras.
Para finalizar, a trama não é perfeita, mas algo na escrita realmente fez sua mágica já que há algo de poético na ironia do desenvolvimento dessa história romântica. E mal posso esperar para te contar o que achei do segundo volume.
Eu gostei, de um modo geral. Confesso que primeiro li o epílogo para ter certeza de que o final estaria dentro do que eu esperava ~e não me arrependo por nenhum momento. Algumas coisas poderiam ter sido deixadas de lado para que outras pudesse ter sido exploradas mais profundamente - e o final foi realmente bastante corrido, como aconteceu nos outros livros. Sentirei saudade de alguns personagens que infelizmente ficaram pelo caminho. Maxon cresceu bastante, amadureceu como deveria ser. Aspen poderia ter tido mais oportunidades para conversar com America - porque suas conversas realmente não foram satisfatórias.
Não ando sabendo lidar com tantos livros bons neste ano (ainda que este livro não seja deste ano, essa afirmação ainda está valendo) – e isso me deixa realmente muito feliz. Mas vamos falar sobre o que interessa: Graffiti Moon. Essa foi uma história incrivelmente fofa, divertida na medida certa e muito bem escrita.
Provavelmente (na verdade não tem nada de provável, é mesmo) essa é só a minha opinião, mas a narrativa transborda aquele tipo mágico de trama que mais do que fazer você entender as situações e os personagens, te agarra e te deixa marcado [de uma maneira boa]. E eu definitivamente não estava esperando por isso – para falar a verdade, quando li a sinopse esperava mais ou menos uma outra história (mais uma) adolescente (afinal, os personagens são adolescentes), mas sua profundidade e fio condutor me surpreendeu.
É muito singular [e aqui está aquela mágica que comentei agora pouco] o equilíbrio entre narrativa e personagens. Porque sim, a história é sobre o que acontece em uma noite específica, mas também é sobre cada um (e todos) dos personagens. Esta é uma história sobre quem eles são e como eles mudaram e chegaram até ali, sobre suas amizades, anseios, medos, esperanças. É sobre lutar para sobreviver no mundo real, sobre fazer decisões, sobre momentos em que as palavras não bastam. É uma história sobre a vida [de Lucy, Ed, Daisy, Jazz, Beth, Leo e Dylan] – e é provavelmente um dos melhores young adult que eu já li (se fose em outro momento, eu diria que estou embasbacada).
Eu não sabia nada sobre a Cath Crowley, mas o tipo de humor que ela conseguiu imprimir em seus parágrafos me agarrou pela mão e me conduziu até o final. Mas, veja bem, esse não é aquele humor para morrer de rir, é aquele que você não espera, natural, sem situações formatadas para fazer rir. Outro detalhe que me ganhou foram os versos livres do Poeta espalhados em momentos bastante pontuais da trama. – voltei a ler poesia recentemente e sei que muitos leitores acham difícil ler esse gênero literário [que, convenhamos, é muito mais rápido de ler], por isso, na minha opinião, não há melhor maneira de começar a ler poesia do que no meio de um romance adolescente.
Graffiti Moon me fez pensar sobre os grafiteiros que andam pela minha universidade – qual a linha que divide arte de vandalismo? –, seus desenhos e palavras pelos muros e escadas e como seria me sentir tão impactada por um desenho na parede (esse tipo de impacto eu só conheço/alcanço com poesia) quanto Lucy fica com aspinturas do Sombra. O que eu sei com certeza é que agora quero conhecer Melbourne, andar por suas ruas, caçar os grafites do Sombra pelas paredes e me perder em suas cores e nas palavras do Poeta – é pedir muito? (hahaha)
Aqui
Ela diz que vai me perdoar
Diz que é só dessa vez
Diz vai em frente e me beija
Diz enrola o meu cabelo
Diz era isso mesmo que eu estava procurando
Diz que está feliz porque o frio chegou
Eu digo que quero vê-la amanhã
Ela aponta o dedo pro céu
E diz que é aqui
Então, antes de soltar algum spoiler, tudo o que me resta dizer é que vida e emoção transbordam dessas páginas. Em apenas uma noite, Cath Crowley consegue fazer com que o leitor experimente mais emoções do que imaginável e, obviamente, derreter o coração em vezes sem conta.
Este livro é como uma pintura do Sombra na parede e eu fiquei encantada com tudo o que vi aqui. Assim, só me resta te falar para ler a história de Lucy, Ed e seus amigos – porque perseguir um grafiteiro pela noite nunca foi tão interessante.
“A diversão de bater e sovar uma massa quente e cheia de fermento? Uns vinte dólares eu diria. Aquele café perfeito? Eu pagaria 75 dólares com prazer por ele. A expressão no rosto de Reyn quando me viu trabalhando na cozinha ao nascer do dia? Não tem preço.”
Page 60 - Love it <3
Review - Up!Brasil - http://up-brasil.com/resenha-de-livro-amada-imortal-cate-tiernan/
Em algum momento desse ano, eu disse que gostaria de tirar férias de ler séries, mas nesse exato momento estou radiante por não ter cumprido esse desejo. O primeiro volume da trilogia de Cate Tiernan veio como uma rajada refrescante de originalidade.
Tudo bem que já lemos outras histórias envolvendo imortais, mas ao contrário da maioria, dessa vez o componente que fez a diferença é exatamente o fato de que todas as centenas de anos vividos pelos personagens cobra o seu preço – e não de uma forma suave. A história da imortal – e perdida – Nas foi capaz de me cativar e envolver durante as mais de duzentas páginas do livro. Nastasya possui um dos traços de personalidade que mais me agradam em um personagem: sarcasmo. A garota – que de garota só tem a aparência – é tão ácida em suas falas e pensamentos que em diversas vezes o leitor se pega revezando entre gargalhadas e lágrimas, afinal, a vida que ela custou a enterrar no passado não foi um mar de rosas.
A diversão de bater e sovar uma massa quente e cheia de fermento? Uns vinte dólares eu diria. Aquele café perfeito? Eu pagaria 75 dólares com prazer por ele. A expressão de Reyn quando me viu trabalhando na cozinha ao nascer do dia? Não tem preço. (pág. 60)
Não resisti em colocar esse trecho pois me lembra daquela propaganda de um cartão de créditos (Mastercard, você também se lembra, vai... ) e me diverti muito no momento em que o li, cheio do sarcasmo de Nas.
Ao fugir de seus antigos amigos, principalmente de Innocencio, Nas só encontra como saída ir para a casa de River, outra imoral que anos atrás ofereceu seu lar de reeducação para imortais como abrigo para ela. Em River's Edge uma nova fase começa para Nastasya e enquanto faz amizade com outros imortais e encontra um emprego normal em uma loja na pequena cidade, seu passado começa a ressurgir e ameaçar.
Reyn foi com certeza um dos melhores personagens do livro, o deus viking (como Nas o chama, ainda sem saber de sua real origem – que combina perfeitamente com o apelido) parece ser tão distante e controlado, mas ainda assim não consegue resistir à Nas na mesma intensidade em que ela fica balançada. Mas uma história que se preze sempre tem um triângulo amoroso e Nell faz seu papel muito bem – a moça que se faz de inocente e esconde inveja realmente me surpreendeu no final da trama.
Amada Imortal traz uma narrativa cheia de intrigas, personagens bem formados e magick – isso mesmo, magick e não mágica, mas isso não significa que não é a mesma coisa – e, é claro, romance. Até mesmo os professores de Nas tem características bastante aprazíveis. Com boas jogadas e personagens secundários – e terciários – que mostram o porque de estar ali, não consegui desgrudar de suas páginas enquanto não terminei a historia. Solis, Brynne, Asher, Dray, Meriwether e todos os outros ensinam, mesmo sem perceber, mais coisas para Nas do que ela jamais imaginou ser possível. Ao longo das semanas, ela volta a se importar com outras pessoas e, finalmente, com si própria. É hora de tomar em suas mãos o passado e encarar os desafios que virão no futuro – e acho que apesar dos erros durante o caminho, a herdeira da Casa de Úlfur irá dar conta do recado.
E me deixe dizer uma coisa, já estou morrendo para ler a continuação, Darkness Falls, e só posso torcer para que seja lançado logo – logo mesmo. Não deixe de ler!
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