“Publicado pela primeira vez em 1884, Às avessas se consagrou de imediato como uma espécie de bíblia do decadentismo. E seu protagonista Des Esseintes passou a figurar desde então - ao lado de D. Quixote, de Madame Bovary, de Tristram Shandy - na galeria dos grandes personagens de ficção. Herói visceralmente baudelairiano pelo refinamento dos seus gostos, pelo seu ódio à mediania burguesa, pelo solitário afastamento em que dela timbrava em viver, pelo esteticismo e pela hiperestesia de que fazia praça, encarnava ele, melhor ainda que o Axel de L’Isle-Adam ou o Igitur de Mallarmé, os ideais de vida e de arte da geração simbolista, geração na qual a modernidade teve os seus mestres reconhecidos. Aliás, Às avessas é um romance pioneiramente moderno. Reconheceu-o de modo implícito a crítica “oficial” de fins do século passado quando, vendo-o como um romance kamikaze que vinha lançar uma pá de cal sobre os postulados do naturalismo na prosa de ficção, contra ele investiu. Ao reclamar o novo a qualquer preço, ao propor uma filosofia do avessismo e ao abrir a forma romanesca às experimentações da prosa art-nouveau, a obra-prima de J.-K. Huysmans antecipou de muitos anos, quando mais não fosse, a ótica objetual do nouveau roman.” - José Paulo Paes
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