Permaneceu no cais de Alcântara durante três ou quatro semanas pelo menos, sentado no caixão do pai, à espera que aportssem a bagagem em falta. Chamava-se Luís e perdera a vista esquerda...
Ao conseguir, por fim, lugar a bordo de uma nau que aparevelhava, recusou firmemente separar-se da urna e, arrastando-a pelo tombadilho, face ao pasmo do comandante, desapareceu no porão, tratando de encaixar o defundo sob o beliche, à semelhança do que os outros passageiros faziam aos cestos e às malas.
Foi nessa nau que, ao segundo almoço, Luís conheceu um maneta espanhol, antigo soldado, que vendia cautelas em Moçambique. Era um tal Cervantes, sempre a escrever em folhas soltas um romance estranhamente intitulado Quixote...
Anda por este novo romance de António Lobo Antunes gentes conhecidas de há muitos séculos, personagens distantes das aventuras históricas, marítimas e muitas vezes trágicas, e que agora por artes literárias acabam na dimensão de humanos que um dia lhe pertenceu.
E quando voltam à capital do Reyno, são homens e mulheres, lusitanos cujas histórias um cronista achou por bem contar, encantando neste livro de sonho e reflexão que tem por título As Naus (1988).
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