Conversas com Agostinho da Silva

A convite de Agostinho da Silva, o jornalista Victor Mendanha, do Correio da Manhã, entrevistou o Professor em Junho de 1986

"não só deliciava com a lucidez do seu raciocínio como com a facilidade do seu verbo, rápidos, e profundos, qualidades raras a levar-nos a ver nele o que imaginávamos ser alguém tocado pelo Espírito Santo."

Filósofo, ensaísta e escritor português. Seu pensamento combina elementos de panteísmo e milenarismo, uma ética de renúncia (como no budismo ou franciscanismo) e uma crença na liberdade como a característica mais importante do homem. Antidogmático, ele afirma que a verdade só se encontra na soma de todas as hipóteses conflitantes (no paradoxo). Ele pode ser considerado um filósofo prático, vivendo e trabalhando para uma mudança na sociedade, de acordo com suas crenças.

Insere-se numa tradição de pensamento visionário que inclui o Padre António Vieira e os poetas Luís de Camões e Fernando Pessoa. Como Joachim de Fiore, ele fala da vinda de uma (última?) Era da História, a Era do Espírito Santo, na qual o homem e a sociedade alcançam a perfeição. Para Agostinho da Silva, isso significa a ausência de economia, ocasionada pela evolução tecnológica, e a ausência de governo. Também significa que a natureza da humanidade e a natureza de Deus se tornarão a mesma. Nesse sentido, sua filosofia é tanto uma escatologia quanto uma utopia.