É o último livro que Vergílio Ferreira (1916-1996) escreveu, e a segunda obra póstuma do autor de "Aparição". A sua edição, crítica, esteve a cargo de Helder Godinho, professor e estudioso da obra do escritor, e coordenador da equipa responsável pelo seu espólio.
Vergílio Ferreira trabalhou neste livro até ao dia que antecedeu a sua morte, e nele repensa os seus grandes temas de sempre, actualizando-os: a matéria da escrita e da arte, o corpo, a velhice e a doença, a morte, o abismo para onde, na sua opinião, a civilização caminha (não deixando de lado uma matéria que ultimamente tanto se discute: o poder perverso da televisão). São fragmentos, pensamentos, reflexões, por vezes escritos quase como um poema em prosa, ou mais filosóficos e mais próximos daqueles que desenvolveu em "Espaço Invisível V".
Sobre o livro, no qual trabalhou dois anos, Helder Godinho disse ao jornal Público: "Este livro é o retomar de alguma problemática [dos seus grandes temas] mas actualizada, na relação directa que ele mantém com o que vai acontecendo, com a contemporaneidade. "Escrever" é o retomar de velhas preocupações, mas adaptadas ao que se está a viver e, por outro lado, o reforço do drama da morte que se aproxima. É um homem que está doente e que sabe que está velho - e isso aparece em "Escrever" com uma força que não aparece em mais nenhum livro. As entradas sobre a velhice são imensas e algumas já são escritas com algum distanciamento."
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