Não é comum que uma exposição fotográfica seja o estímulo e o ponto de partida para um texto literário. É o que ocorre, contudo, com o texto 'O choro é sempre um lugar incerto', de Rui Nunes, escrito para acompanhar a exposição fotográfica 'Far Cry', de Paulo Nozolino. Em vez de um discurso ensaístico, emanado do ponto de vista do crítico que descreve, analisa e avalia, como são em geral os textos encomendados para exposições, o de Rui Nunes cria um território ficcional que resgata a pequena história do indivíduo e mergulha na grande história das atrocidades das guerras do último século. O texto não só traduz a tessitura das imagens na linguagem verbal, mas também as projecta sobre a outra dimensão latente nas fotografias de paulo Nozolino: o tempo, não o cronológico, mas o da vivência dos espectros que as habitam ainda hoje. Nesse sentido, emprenha-se do espaço e do tempo da memória individual e colectiva.
Do prefácio de Yara Frateschi Vieira
Reviews with the most likes.
There are no reviews for this book. Add yours and it'll show up right here!