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O Deserto dos Tártaros é uma jornada pela complexidade da alma humana. Nesta obra-prima de Dino Buzzati, você será levado a uma atmosfera carregada de expectativa e reflexão sobre a vida e o tempo que passa. A história do jovem tenente Giovanni Drogo, destinado a um posto remoto no forte Bastiani, é uma metáfora arrebatadora da espera e da busca por significado na existência. Você irá se identificar com as emoções de Drogo, sua alegria inicial, o senso de dever e, eventualmente, a melancolia que acompanha a espera por um inimigo que parece nunca chegar. Este livro é um convite à reflexão sobre como a vida pode nos surpreender, nos confrontando com a passagem do tempo e a busca por propósito. O Deserto dos Tártaros é mais do que um romance; é uma experiência literária profunda que tocará a alma de qualquer leitor em busca de uma narrativa que ressoa muito além das páginas. Venha mergulhar nessa jornada única e descobrir o que torna esta obra uma das mais aclamadas do século XX. Afinal, quem nunca se sentiu perdido na espera?
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8.0
Em T??rtaros, Buzzati constroi uma leitura do tempo. N??o atrav??s de simbolismos mas atrav??s da formalidade do que est?? ao redor. Dos ambientes concretos que circundam Drogo, nosso protagonista, e a maneira na qual ele est?? inserido neste. Drogo n??o interage com o mundo, pelo contr??rio, ele perde esta habilidade nas primeiras p??ginas depois de sair de casa. Por pelo menos um quinto do livro, temos Drogo como uma lupa - ou melhor, uma luneta. Ele ?? capaz de ver as transforma????es (e as n??o-transforma????es) em tudo e todos, menos em si mesmo. N??o porque ele se v?? inc??lume ??s a????es do tempo, e sim justamente porque ele n??o se olha.
H?? quem diga que este ?? um livro sobre paci??ncia, eu discordo. Drogo nunca esperou uma guerra. A partir do momento que ele escolheu ficar, ap??s os quatro primeiros meses, a decis??o de Drogo se tornou muito clara: ele encontrou conforto no h??bito; ele encontrou companheirismo suficiente nos oficiais e ele encontrou ref??gio contra si mesmo nas muralhas. Ou pelo menos foi no que ele acreditou.
Drogo passa o livro inteiro dormente, em um estado marginal. ?? beira de um limbo cavado por suas pr??prias m??os e as m??os dos que vieram antes. Os T??rtaros foram nada mais que a desculpa perfeita para este isolamento compulsivo, para o suic??dio de sua persona, e por conseguinte, seu ego.
A mudan??a que ele ?? incapaz de enxergar em seus velhos amigos cria uma impress??o de que Drogo tenha, de alguma forma, evolu??do emocionalmente. Que ele tenha atingido uma barreira no tecer do pensar dos quais seus conhecidos ainda n??o tenham alcan??ado, quando, na verdade, fora justamente o oposto: Drogo regrediu como homem. E propositalmente afastou-se de si mesmo, n??o como algu??m que passa por uma crise de personalidade, seja man??aca ou depressiva; n??o como algu??m que fora abandonado, seja pelos seus ou pelos “poderes estabelecidos”; mas como um estoico.
Eu acho interessante como eu compreendo Drogo, mas sou completamente incapaz de me compactuar com ele. Assim como Drogo escolheu ser nada, eu escolher n??o ser Drogo talvez seja o sentimento mais latente que tiro deste livro.