M, escritora de meia-idade e de pouca expressão, está em chamas. É o fogo, pelo menos, uma das imagens a que ela recorre para tentar explicar os acontecimentos que abalaram a vida pacata que leva ao lado do marido na propriedade em que moram, às margens de um pântano. Quem incendiou a rotina familiar foi L, um artista plástico que se hospeda na cabana em que o casal costuma receber artistas — a segunda casa. M está obcecada por L, e deposita nele expectativas diversas. A relação intrincada dos dois se desenvolve durante essa espécie de residência artística, compartilhada também por Brett, moça que L leva consigo, e pela família de M. Num relato retrospectivo e por vezes lacunar, M conta episódios da estadia de L no pântano, temperando a narrativa com reflexões e experiências do passado. Temas caros a Rachel Cusk, como maternidade, arte, relacionamentos amorosos e a vida profissional da mulher reaparecem em Segunda casa. No lugar da observação atenta de Faye, narradora da trilogia que garantiu a Cusk lugar de destaque na prosa contemporânea, vemos neste romance uma mulher se contorcendo com sua subjetividade, lançando faíscas de dúvida sobre si mesma.
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