Uma Dobra no Tempo

Uma das leituras mais interessantes do meu final-início de ano com certeza foi Uma drobra no tempo. Eu já conhecia essa história por experiências de terceiros há anos, mas nunca tinha realmente lido alguma coisa da Madeleine L'Engle nem pesquisado nada sobre sua vida. Bem, este livro mudou completamente essa situação.

Eu fiquei simplesmente apaixonada pela edição em capa dura da Harper Collins (essa edição estão muito maravilhosa mesmo!) e fiquei folheando o livro por dias antes de começar a leitura pelo posfácio. Então é, comecei a ler pelo posfácio e descobri coisas sobre Madeleine que provavelmente não teriam o mesmo impacto em mim se tivesse lido o posfácio depois da trama. O posfácio me preparou para a leitura das linhas escritas por uma mulher incrível, me deixou com vontade de conhecer os personagens que a neta de Madeleine, Charlotte, menciona e se identifica.

Então, por ser uma história tão conhecida (e, se você não conhece, sempre pode correr no Goodreads ou Skoob para ler sua sinopse), dessa vez irei focar em alguns poucos pontos que considero ótimos na trama sem descrever sua história.

Dessa forma, comecemos com o fato de que, em Uma Dobra no Tempo, a trama tem o pressuposto de que os leitores são inteligentes o bastante para conseguir entender as explicações sobre física profunda (mais do que aquela que aprendemos na escola), mas se não conseguirem pegar todos os detalhes, não há problema, pois irão conseguir continuar na história mesmo assim. E isso acontece porque a autora não joga simplesmente a informação no meio da história, ela explica como isso pode funcionar – os persoangens não só viajam no tempo e pronto, há a explicação de como essa viagem poderia ser/funcionar.

E então temos Meg. Ela é uma personagem tão complexa e multifacetada que passa a ser uma inspiração para o leitor – mesmo que este não seja mais uma criança. São poucas as persoangens novas na literatura que são tão complexas assim e eu com certeza consigo vê-la como um modelo para outras personagens. Meg é uma personagem muito humana, muito normal. Ao mesmo tempo em que é corajosa, duvida de si mesma e de sua força de uma forma que conseguimos nos relacionar, de uma forma autêntica.

E já que falei da mocinha... vamos falar do mal. Neste livro temos um antagonista elementar, não adulterado, que vai se manifestar no meio e na conformidade de quem se deixa abalar por sua presença. O mal é assustador e a escurtidão é imensa e “pura” (você já me viu falar algo assim em uma resenha? pois é). Os encontros que os personagens têm com esse mal são muito autênticos, muito reais, muito críveis – algumas cenas se desenvolvem rápido demais, mas entendo que dessa forma os traços da batalha podem se encaixar numa narrativa filosófica do conflito entre beme mal.

Uma Dobra no Tempo me deixou encantada com um tema que geralmente não me atrai e ansiosa para ler os outros quatro volumes. Fiquei com a impressão de que demorei muito para ter a experiência de leitura que Madeleine L'Engle nos permite, mas talvez este tenha sido o momento perfeito. Fiquei surpresa com o quanto gostei da leitura – foi divertido, intenso, inteligente e talvez um pouco assustador, mas com um sorriso ao final.

January 24, 2018Report this review