A dramática jornada de um prisioneiro da coreia do norte rumo à liberdade no ocidente
Shin Dong-hyuk nasceu e cresceu no Campo 14, um dos imensos complexos destinados a presos políticos da Coreia do Norte. Seus residentes estão condenados a trabalhar até 15 horas por dia, sofrendo fome e frio, sujeitos a uma rotina de violências sumárias – aos 13 anos, Shin assistiu à execução da mãe e do irmão mais velho por tentarem escapar. De lá, ninguém foge. Existe apenas uma exceção. Determinado a descobrir como é a vida do outro lado da cerca eletrificada, Shin supera todo tipo de dificuldade e consegue deixar a Coreia do Norte. Mas as marcas do passado ainda estão em seu corpo e assombram sua mente, pois durante muitos anos ele guardou um terrível segredo.
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Resenha do blog Sincerando.com, escrita por Sarah Sindorf
Aos 4 anos, Shin Dong-hyuk lembra de ter visto uma execução pública. Essa foi só uma prévia do que viria a ser uma coisa normal. Filho de prisioneiros do campo 14, nascido e criado lá, Shin não tem acesso à educação, saúde ou condições adequadas de moradia. O que ele tem de sobra é fome, frio e abusos físicos e psicológicos. Criado para não confiar em ninguém, delatar qualquer um e pagar pelo pecado de seus ancestrais, Shin leva uma vida que, para nós, é inimaginável.
Sua rotina quando criança era: passar o fome o dia todo, comendo porções irrisórias de repolho cozinho e milho, e quando chegou a uma certa idade, ir para a escola. Mas escola aqui quer dizer um centro onde as crianças são educadas com as 10 regras do campo, e onde devem aprender a sempre obedecer aos professores e guardas, podendo morrer se não o fizerem.
As crianças já ajudam em algumas coisas no trabalho do campo, mas no começo da adolescência é que o mais pesado começa, levando até a privação de comida e surras se metas não forem atingidas. Doze a quinze horas de trabalho forçado em minas de carvão, fábricas e fazendas é o que conhecem como vida. Mas em algum momento isso muda, e tudo o que Shin pensa que sabe, se transforma.
Conseguindo o que era dado como impossível, Shin foge do campo onde nenhum outro homem (que se tenha conhecimento) fugiu, mas até hoje carrega as marcas físicas e mentais dos horrores que sofreu lá dentro. O livro carrega essas marcas e nos faz revelações tenebrosas de seu passado. Muitos trechos me fizeram refletir até que ponto a humanidade de uma pessoa pode existir em certas circunstâncias, e o quão baixo (para os nossos parâmetros) um ser humano pode chegar para sobreviver.
O livro é escrito por Blaine Harden, um jornalista que conduziu várias entrevistas com Shin e outras testemunhas do campos, ex-guardas, ex-moradores da Coréia, presos de outros campos com uma segurança menor, que foram soltos e conseguiram fugir da Coréia do Norte, apurando vários detalhes que ele deu sobre sua vida. Alguns desses depoimentos externos são citados no livro, assim como livros que o autor consultou e estão relacionados nas notas no final.
Fico muito triste por saber que existem esses campos na atualidade, e que essas pessoas são forçadas a passar por isso e considerar isso uma vida normal. O pior é que, segundo o livro, não é só o povo dos campos que sofre, mas a população da Coréia do Norte inteira passa fome e sofre para sobreviver. Mesmo Shin, que conseguiu se livrar disso tudo, em alguns aspectos não consegue levar uma vida normal. Me pergunto se as mudanças que sofreu poderiam algum dia ser revertidas e preciso ter a esperança que sim.
Para maiores informações, visitem essa página da Intrínseca (http://www.intrinseca.com.br/site/2013/03/documentario-sobre-o-campo-14-recebe-premio-do-forum-de-direitos-humanos-em-genebra/), que contém detalhes sobre um documentário filmado sobre a vida de Shin (que não assisti ainda), as dez leis do campo e mais algumas coisas relacionadas à sua vida.
Link: http://www.sincerando.com/2014/05/fuga-do-campo-14.html