Ratings1
Average rating4
Enquanto lia este segundo volume de Para nova York, com amor descobri que estou me acostumando com duas coisas: a escrever pôr do sol sem hífen e a me deixar levar pelas palavras de Morgan. Não consigo me lembrar de ter lido alguma história dessa autora antes de Amor em Manhattan, mas, ainda que tivesse lido (e provavelmente li e não consigo ligar o livro à autora), sua forma de envolver o leitor ainda me surpreenderia – porque cada nova história parece a primeira.
Em Pôr do Sol no Central Park temos a história de Frankie Cole, que junto com Eva é a melhor amiga de Paige (protagonista do livro anterior). Nossa especialista em flores e plantas tem uma queda de longo prazo por Matt, o irmão mais velho de Paige, e um medo enorme de relacionamentos (e de se deixar ver pelo mundo) por conta do divórcio conturbado de seus pais e da sucessão de acontecimentos que se desdobraram a partir do evento. O problema da história gira, então, em Matt tentando fazer com que seu laço de confiança seja ainda mais forte com Frankie para que ela possa se ver livre do medo e dar uma chance ao relacionamento amoroso entre os dois.
O ritmo deste volume é completamente diferente da trama anterior, o que é interessante de se acompanhar. Praticamente completamente voltado às questões de Frankie, o passo da narrativa acompanha o vagar manso da construção da coragem da personagem em perceber que nem tudo era o que ela pensava que fosse. Ao contrário do anterior, neste volume os primeiros capítulos demandam mais tempo de leitura – por irem mais devagar, esses capítulos me deram um pouco de trabalho para serem superados. Obviamente muita coisa acontece, desde o começo, no decorrer da trama e temos detalhes importantes que vão se juntando e diálogos interessantes que são essenciais para que entendamos os medos e travas da personagem.
Este ritmo um pouco mais lento me fez dividir a leitura em dois momentos: antes e depois da página 187. Por que? Porque o primeiro beijo entre Frankie e Matt acontece na página 187 (pouco depois da metade das 365 páginas do livro) e com a iniciativa dela. Este é um momento importante do enredo. É a partir desse beijo que a trama ganha um novo rumo. Se antes o ritmo parecia caminhar a passos pequenos, após o beijo a trama engata a passos largos – as coisas começam a mudar em um espaço de dias razoavelmente curto até chegarmos ao evento final e termos nosso final feliz (que eu não contarei, para manter este texto livre de spoilers, mas que você deve imaginar qual é). Esse é o fôlego que a trama precisava (pois ao meu ver o enredo não se sustentaria se fosse mantido a pequenos avanços) e também é o que garante o selo de “gostei” para este volume.
A construção de Frankie merece um parágrafo para chamar de seu. Um dos melhores pontos deste volume é a atenção que a autora dá ao peso que o passado tem no presente da personagem. Frankie é uma mulher incrível, mas o fato de possuir uma mãe que não se prende a relacionamentos e ficou emocionalmente inconstante em um período significativo de sua adolescência deixou uma marca profunda. Sua fragilidade se esconde atrás de óculos grandes e roupas sérias, seu grande e amoroso coração anseia por cuidado e amor verdadeiro, ainda que não saiba disso. É esse processo de descobrir que ama, é amada e quer amar que vemos aqui. A forma como Morgan mostra a amizade dela com Eva e Paige e como as duas a apoiam e amam é um dos pontos mais bonitos de toda a trama, para além do romance. E o cuidado e empenho de Matt (e sua paciência infinita) são essenciais para que ela se solte e tenha coragem, enfim, de dizer um “eu te amo”.
Alguns outros pontos devem ser mencionados: Matt e Nova York. O irmão da Paige é um exemplo extremamente perfeitinho de homem que toda mãe quer como genro (a minha incluída). Gentil, galante, charmoso e persistente, Matt se mostrou um personagem com muito mais do que o esperado bom-moço trabalhador com músculos incríveis. Morgan consegue fazer com que ele empurre Frankie para que ela expanda seus limites e rompa suas barreiras sem, no entanto, abusar disso. Ele e Garrinhas, sua gatinha “selvagem” que tanto lembrou minha própria gata de estimação, ganharam meu coração em um piscar de olhos. Quanto a construção da representação de Nova York... não há como não sentir o amor da autora pelo lugar, suas descrições são repletas de vida e sentimento. A cidade parece ganhar vida nas páginas do livro e saltar aos nossos olhos. As cenas no Central Park estão entre as minhas preferidas em todo o romance porque nos dão a sensação de realmente estarmos no lugar, vendo o que é contado. Não há dúvidas que o trabalho de descrição é realmente levado a sério aqui.
Como esperado (e ainda bem), pudemos ver um pouco (bem pouco) mais da relação entre Paige e Jake, agora amadurecida e caminhando para uma vida juntos, e me deixa satisfeita saber que os dois estão muito bem. Temos também uma boa dose de pistas sobre o par romântico (Lucas) da próxima protagonista da série, Eva, e tenho muitas expectativas para o que a autora nos reservou no próximo volume – misturar uma romântica nata e incurável com um escritor de histórias de terror parece uma boa receita para um romance interessante.
No geral, Pôr do Sol no Central Park é uma leitura que satisfaz nossa necessidade de amor – seja amor fraternal entre as melhores amigas, seja amor romântico entre o casal. É uma história bem construída, com personagens complexos e uma ambientação que te transporta para cada uma das cenas. A carga emocional das histórias está crescendo conforme a série vai avançando entre os volumes, o que me deixa curiosa e ansiosa para ver o que o próximo nos reserva.