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Shelley e a mãe foram maltratadas a vida inteira. Elas têm consciência disso, mas não sabem reagir — são como ratos, estão sempre entocadas e coagidas. Shelley, vítima de um longo período de bullying que culminou em um violento atentado, não frequenta a escola. Esteve perto da morte, e as cicatrizes em seu rosto a lembram disso. Ainda se refazendo do ataque e se recuperando do humilhante divórcio dos pais, ela e a mãe vivem refugiadas em um chalé afastado da cidade. Confiantes de que o pesadelo acabou, elas enfim se sentem confortáveis, entre livros, instrumentos musicais e canecas de chocolate quente junto à lareira. Mas, na noite em que Shelley completa dezesseis anos, um estranho invade a tranquilidade das duas e um sentimento é despertado na menina. Os acontecimentos que se seguem instauram o caos em tudo o que pensam e sentem em relação a elas mesmas e ao mundo que sempre as castigou. Até mesmo os ratos têm um limite. "Um romance pronto para ser um clássico. (...) A simplicidade da escrita de Reece tem tanta força que o leitor demora a suspeitar que possa haver mais em Shelley do que ela realmente nos mostra." The Guardian
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Resenha do blog Sincerando.com, escrita por Sarah Sindorf
“Docilmente, aceitamos, submetemo-nos, calamo-nos, não dissemos nada, não fizemos nada, porque a mansa submissão é tudo o que os ratos conhecem”.
Shelley e sua mãe são como ratos. Elas já sofreram muito, mas aceitam as coisas e se escondem, não reagem à tudo que é jogado sobre elas. Depois de sofrer com o doloroso divórcio de seus pais, Shelley sofre um atentado extremamente violento na escola, e as duas se refugiam em um chalé no campo, distante de tudo e todos. E começa um período mais feliz, com conversas tranquilas, e um sentimento de segurança.
Entretanto, no aniversário de 16 anos de Shelley, algo acontece, algo terrível. E isso muda tudo. Um sentimento diferente surge em Shelley, e acaba por surpreende-las. Será que tudo que acreditaram ser não é verdade? Será que ratos só se escondem, ou podem ter outras facetas?
Comprei esse livro porque vi um outro blog falando sobre ele (não lembro qual, infelizmente) e acabei vendo alguns dias depois que estava em promoção na Amazon. Comecei a ler um pouco depois de comprado, e não consegui soltar. Fiquei super ansiosa para saber o que o autor destinou às duas, se finalmente os sofrimentos terminariam. E o que aconteceu me surpreendeu.
Shelley é uma menina tímida, que se vê presa em uma situação terrível: bullying. Por se ver como um rato, e ter medo de tudo, não conta para ninguém o que acontece, e acaba chegando em uma situação terrível, que faz com que algumas coisas em sua vida mudem, incluindo a mudança para o chalé. Sua mãe passou por um divórcio terrível e agora suporta um emprego que praticamente a escraviza para sustentar as duas.
Ratos foi o primeiro livro do autor, e fiquei bastante impressionada. A caracterização dos personagens é excelente, e a narrativa é maravilhosa. Conseguiu me tirar da minha zona de conforto e me fez pensar muito. Quantas pessoas consideradas “ratos” conhecemos? Vivemos em uma realidade em que é difícil ver alguém lutando por seus direitos, e a reação mais vista é a de “deixar para lá”. Ao mesmo tempo que é triste ver esse tipo de coisa, me pego pensando em até que ponto podemos ir para defender nossos interesses, e até que ponto podemos aguentar o que acontece passivamente.
O livro batalha bastante nesse ponto, e apesar de não concordar muito com a atitude das personagens, consigo entendê-las. Todos temos um limite, e nem sempre testá-lo é uma boa coisa. O modo como a história muda foi muito bem estruturado, e as personagens se mantiveram coerentes. Adorei o livro, e o recomendo, mas principalmente para uma leitura crítica. Não é o tipo de livro para se ler e pular para o próximo, uma reflexão seria essencial. Vou acompanhar o autor e esperar que lance outras obras tão boas quanto essa.
Link da resenha: http://www.sincerando.com/2014/01/ratos.html