Desde que vi o filme que queria ler, e não desiludiu. Além da história de Chris que deixou a vida confortável para trás em busca de algo mais, o livro explora também as ideias de liberdade e felicidade, e tudo o que aconteceu naquele autocarro
A escrita é sensível mas direta, e apresenta detalhes que nos ajudam a perceber melhor Chris, por todos os seus erros, mas também pelas suas virtudes e pela impressão que deixou em todos aqueles que se cruzaram com ele, desde a família aos que lhe deram boleia na sua longa jornada até ao Alaska
Um relato extremamente cru da realidade da Mafia italiana. Não aquela face quase poética de liderança que se vê nos filmes, mas a violência, os negócios legais e ilegais, o impacto gigante na comunidade, o medo, as armas, os homicídios. É um livro quase jornalístico, mas com alguns relatos pessoais do autor que contacta com vários membros dos clãs mais poderosos de Itália e da Europa. Uma visão muito interessante de uma coisa que nos parece muito distante, mas cuja dimensão verdadeira não conseguimos imaginar
Este é o meu novo livro favorito.
É uma experiência duríssima. É pesado como poucos. Magoa, choca, arrepia, consome. Consultem os trigger warnings antes de ler, há muitos temas sensíveis e que podem causar reações fortes. É por vezes fisicamente desconfortável. Não é um livro para ler casualmente.
No entanto, captura como nenhum outro a vida. O processo de crescer. A criação de relações, da amizade ao amor, passando pela toxicidade. Das pequenas coisas do dia-a-dia aos grandes marcos. É inacreditável o quão completo é o cenário que o livro consegue construir para as suas personagens. Nós vivemos com elas, não estamos apenar a ler a sua história. É impossível não criar uma ligação com os protagonistas, investimos neles, sofremos com eles, celebramos as suas vitórias.
É muito difícil explicar o sentimento que temos quando chegamos ao fim. As 700 páginas assustam, mas ao ver o fim, desejamos que fosse mais longo, que fosse infinito. Nada se compara.
Springfield Confidential: Jokes, Secrets, and Outright Lies from a Lifetime Writing for The Simpsons
Se gostam de The Simpsons, este livro é obrigatório.
Tem tudo, desde histórias de bastidores dos guionistas, a respostas a perguntas como “Porque é que os Simpsons são amarelos?”. Além disso, é genuinamente engraçado do início ao fim e está muito bem escrito, como se esperaria de um guionista e produtor de uma série com mais de 30 temporadas que não envelhece nem um segundo
Nunca me vou cansar da escrita da Sally Rooney.
Isto é sempre difícil de explicar, mas ninguém é capaz de descrever as coisas mais mundanas com tanto detalhe, sem que isso se torne aborrecido ou irrelevante. E ela consegue isso tanto quando descreve coisas físicas, como com as emoções e pensamentos das personagens. Isto permite não só transformar o que lemos numa imagem na nossa cabeça, como essa imagem é perfeitamente fiel de como pessoas reais funcionam e interagem entre si. Neste livro especificamente, a ligação entre a Alice e a Eileen, amigas inquestionáveis mas tão diferentes, é tão rica e complexa que elas próprias têm dificuldade em defini-la, como tantas vezes sentimos nas nossas amizades.
Leiam Sally Rooney, que faz bem à alma.
O Terapia de Casal é um dos melhores podcasts de Portugal (está no meu top 3) e é o espaço que o Guilherme Fonseca e a Rita Da Nova encontraram para falarem da sua relação e ajudar os ouvintes com os problemas do dia-a-dia dos casais. Desse podcast nasceu este livro, onde o Guilherme e a Rita dividem 30 textos onde apontam as coisas que os irritam um no outro e em que cada um também o direito de resposta.
São textos genuinamente engraçados sobre questões fraturantes que vão desde o uso do carro a ter plantas em casa, passando pelo problema de roer as unhas. No fim de cada texto, o leitor escolhe de que lado está para no final do livro fazer o balanço (spoiler: sou #TeamRita). Quer já ouçam o podcast quer tenham curiosidade de começar, recomendo imenso o livro como complemento, até porque inclui QR Codes para episódios passados onde os temas de cada texto foram discutidos
Um murro no estômago.
Isto podia ser apenas uma novela gráfica muito boa, mas é também uma história real duríssima de ler sobre um sobrevivente do Holocausto e a sua família.
Um livro que deixa marcas, e a dimensão visual que os desenhos de Art dão ao relato do pai Vladek sobre a experiência de ser um judeu na Polónia durante a segunda guerra mundial é arrepiante
Se quiserem ler uma novela gráfica, não há escolha melhor que esta
Um relato muito realista de uma viagem à Coreia do Norte. Entre a propaganda do regime e as pessoas comuns fora de Pyongyang, é uma leitura obrigatória, e um livro de viagem inacreditável
Nunca tinha lido não-ficção do Peixoto, mas posso confirmar que é tão boa como a ficção. Quero ler tudo o que ele escreveu.
Passam 15 anos e meio do homícidio de Gisberta. 14 adolescentes agrediram-na durante 10 dias até provocar a sua morte. Este foi um crime de ódio a uma pessoa discriminada e oprimida. É um de muitos casos que acontecem todos os dias em Portugal e no mundo.
O livro dá uma perspectiva fantasiada daquilo que era a vida dos jovens responsáveis. Não os desculpa, mas torna-os pessoais reais. Não tira o horror daquilo que aconteceu no edifício abandonado que, anos antes, era destinado a tornar-se um supermercado.
Ler o livro e tudo o que está relacionado com este caso é um murro no estômago. O ódio, a discriminação, a transfobia matam. A luta não acaba enquanto houver vítimas.
Um estudo incrivelmente interessante sobre o Terramoto de 1755 e a Lisboa antes e depois do abalo. Inclui relatos de sobreviventes, uma análise aos efeitos sociais e até uma linha do tempo alternativa onde o sismo não aconteceu, e a baixa da cidade não tem a grelha que hoje conhecemos. Tudo isto numa escrita cativante mas acessível
I needed something lighter for the summer, so I just impulse-bought this and I was really surprised by how fluid the experience was. It's light, yes, but it's also in-depth in both plot and character development, and I think that's all you can ask from a book like this. Also deals with some heavier stuff though, so check for TWs if you feel the need to
A ideia de livros de viagem numa altura em que todos passámos mais de um ano fechados em casa é muito atraente. Este foi o meu primeiro, e a verdade é que viver através da experiência do narrador que apanha um comboio numa estação em Londres e segue até ao Japão sempre pelos caminhos de ferro é um escape das 4 paredes a que estamos confinados, e dá vontade de fazer planos para outro destino. Os (muitos) detalhes das descrições ajudam à imersão. Mas vou ser sincero: o autor dá a ideia absolutamente insuportável enquanto ser humano, ainda que a escrita seja boa.