
Eu realmente não queria que este livro acabasse, mas aqui estamos nós. Percorremos uma longa jornada desde o primeiro volume da saga Lux e seu final foi digno de todas as aventuras e dores que seus personagens tiveram que enfrentar.
Opostos começa pouco tempo depois da cena em que Originais (resenha aqui) parou. Estamos em uma zona de guerra, com a invasão alienígena e diversos ataques contra humanos – são tempos difíceis. Mas não temos tempo para ficarmos ansiosos ou desesperados com a união de Daemon e companhia aos Luxen recém-chegados porque há uma sucessão de outros fatos [envolvendo o primeiro] que prendem nossa atenção e nos deixam literalmente na ponta da cadeira enquanto acompanhamos. Por razões óbvias não irei entrar em detalhes sobre a trama e seus desdobramentos, mas vou analisar alguns pontos que merecem ser mencionados. Vamos lá.
Neste último volume acompanhamos Katy tentando conviver com todas as perdas e dores que tanto sua mudança quanto a invasão alienígena causaram. Ela e Daemon passam toda a narrativa procurando formas de acabar com a invasão e salvar tanto humanos como Luxen – e tempos desesperadores pedem medidas desesperadas, então muitas atitudes inesperadas acontecem (nada de spoiler sobre isso por aqui, no entanto). A questão do relacionamento dos dois não foi um fator de preocupação em grande parte da trama graças à Deus (temos um momento de tensão, mas não é duradouro) e isso é uma dos pontos que mais me deixa feliz nesta série: não há triângulo amoroso, não há traição, não há drama à toa, temos um casal extremamente apaixonado que faz tudo para garantir que ficarão juntos e vivos (incluindo seus amigos e família). É realmente bonito acompanhar como o amor entre eles se fortaleceu ao longo dos livros e culminou não só no casamento no volume anterior, mas na total entrega ao sentimento – o que leva também aos vários episódios mais calientes entre eles.
Tive a impressão de que, neste volume, Katy foi a personagem que mais se fortaleceu. Cena após cena ela é testada e levado ao extremo. Ela sofre uma e outra vez, mas não tem possibilidade para viver esse sofrimento porque não há tempo para parar e nunca, em nenhum momento, deixa de ser aquela garota que conhecemos em Obsidiana. Isso não quer dizer que ela não tenha amadurecido, pelo contrário. Katy cresceu muito. E floresceu no meio do caos e envolta no amor de Daemon.
Falemos então sobre Daemon. É inegável seu amor por Katy – e em praticamente todas as páginas somos lembrados disso – e sua força vem desse amor. Ele também mudou desde o dia em que abriu a porta de sua casa para Katy, amadureceu, sofreu, descobriu e passou por coisas que nunca imaginou, mas sua lealdade e fidelidade a sua família nunca mudou. Nem sua personalidade – e isso é um de seus charmes. Neste volume um ponto que devo ressaltar é sua quase amizade com Archer, os dois se cutucam, mas aprendem a confiar em suas ações. É sempre uma cena brilhante quando eles estão juntos – aliás, é sempre uma cena interessante quando Daemon está no mesmo cômodo que outros personagens.
Interessante também é ver como os outros personagens lidam com tudo o que está acontecendo: Archer, ainda que centrado e pé no chão, também fica perturbado e preocupado com as implicações da invasão; Luke, sempre descolado e com a atitude “não-estou-ligando” também tem seus assuntos para lidar e é um dos personagens cuja ajuda é essencial em toda a ação; Dawson se mostra um personagem mais centrado do que eu esperava; Beth não aparece muito, mas é responsável por uma das surpresas que o final nos reservou e Dee, ah Dee, precisou lidar com várias coisas, mas se manteve forte. Este foi um livro que tanto trouxe de volta personagens que conhecemos nos volumes anteriores quanto encaixou novos e fechou ciclos e pontas soltas.
Muitas dúvidas foram respondidas, muitas cenas apertaram o coração, muitos diálogos fizeram brotar um sorriso nos meus lábios. Eu gostaria que essa história não acabasse (protelei e alonguei a leitura o máximo que consegui), mas seu final não me decepcionou, muito pelo contrário, seu último capítulo aqueceu meu coração e deixou várias possibilidades abertas.
Me deixa muito satisfeita ver quão consistente a Saga tem sido desde o seu início. Os personagens mudaram, é claro, e muita coisa acontece em suas vidas para que isso se justificasse, mas suas essências permaneceram – em especial os três personagens principais: Daemon ainda é o mesmo homem/alien que flerta e faz gracinhas com a Katy; Dee ainda é a mulher/alien de bom coração; Katy ainda é uma lutadora, mesmo que agora em mais formas do que pudéssemos esperar. Parênteses: não estou considerando o Dawson como personagem principal porque ele não esteve desde o primeiro capítulo do primeiro volume, mas sua importância na história é óbvia e inquestionável.
Em Opostos, Armentrout conseguiu convergir (se não todas) a grande maioria das informações que foram acrescentadas ao longo da série em um único evento – a invasão alienígena – e juntar humanos, Luxen, Originais, Híbridos e Arum em um único quadro. À primeira vista parece uma bagunça pelo tanto de informações que precisamos relembrar e encaixar junto com Katy e Daemon conforme as cenas vão se passando, mas para o leitor é uma questão de voltar a se inserir no universo da história, uma vez que a forma como as descobertas foram elencadas também ajuda a firmar uma linha de raciocínio que faz sentido.
Este volume, para mim, não teve falhas. Conseguiu concluir a história de forma inteligente e eficiente, teve de emoção, drama e ação na medida certa. Aqueceu o coração, fez brotar lágrimas nos meus olhos e querer estapear alguns personagens. Conseguiu sintetizar todo o sentimento da série em pouco menos de quatrocentas páginas e me deixar com gosto de “quero mais”. No momento, para continuar minha vida, preciso dos extras, de Shadows e dos pontos de vista de Daemon de Obsidiana, Ônix e Opala – oie, editora Valentina 😇👽. Mas continuemos. Resumindo: se você ainda não começou a ler está série, vá ler.
Amor em Manhattan foi uma leitura rápida e interessante e ainda me deixou com aquela vontade de não acabar a leitura nunca porque não gostaria de deixar esses personagens irem.
Aqui temos três mulheres bastante interessantes, Paige, Eva e Frankie, que são amigas desde sempre e que moram juntas num apartamento bastante charmoso na cidade. Temos também Matt, o irmão de Paige, e Jake, o melhor amigo de Matt e paixão de Paige (e isso a gente meio que já esperava né?). Esses cinco personagens formam o núcleo principal da trama.
Sempre gosto muito quando as autoras conseguem criar personagens completamente diferentes com um laço de amor e amizade tão forte e bonito como há entre Paige, a super organizada, Eva, a romântica que vê sempre o lado positivo das coisas, e Frankie, a racional e com os pés no chão do grupo. Uma cuida e entende a outra e elas se apoiam em todos os momentos – é sempre mais do que agradável acompanhar amizades assim, onde não há brigas bobas para preencher a narrativa.
O que preenche a narrativa aqui é a constante tensão entre Paige e Jake. Ele sempre esteve perto de Paige – em todos os momentos, nos bons e nos péssimos – e sabe o quanto seus pais e irmão são cuidadosos e protetores com ela. Também sabe que ela nutre por ele uma paixão avassaladora, que apesar de correspondida, não pode sair da zona platônica por conta de uma promessa feita a Matt. Por saber [ou pensar] que seu amor não é correspondido por Jake, Paige tenta há anos manter sua distância e apagar qualquer indício de desejo pelo melhor amigo de seu irmão – e os esforços dos dois faz com que sua relação fique longe de amigável.
Muita água passa por essa ponte e não preciso te contar todos os detalhes da história – senão acaba toda a graça da leitura.
O que quero que você saiba é que Sarah Morgan criou uma história agradável e divertida. Paige cresce muito no decorrer da trama – com alguma ajuda de Jake, sim – e suas amigas são um atrativo para ler os próximos volumes dessa série. Todo o problema do relacionamento entre Paige e Jake vai se desenvolvendo e ganhando novas proporções de acordo com o que era esperado – temos um pouco de drama, muitos diálogos bem construídos, romance e mais romance, algumas pistas para novas histórias e um final de aquecer o coração.
Os personagens são complexos, bem construídos e capazes de nos causar empatia e até mesmos relacionar com pessoas que conhecemos. A autora conseguiu me prender durante a leitura e ficar na ponta dos pés para acompanhar as interações não só entre o casal, mas entre todos os personagens. Foi um belo passeio observar seus altos e baixos através da escrita apaixonada de Morgan. As cenas descritas são tão vívidas que não temos nenhum problema para imaginar os cenários durante a leitura, o que faz a história ainda mais real. Para um começo de série, este livro mostrou que possui muita força e ímpeto – me pergunto o que os próximos trarão, e estou ansiosa por isso.
Antes de mais nada, preciso te dizer que foi com este livro que tive total certeza de que a Nora Roberts tem magia em suas palavras. Fazia algum tempo desde a última vez que realmente fiquei interessada em uma de suas histórias e aproveitei que este livro era curtinho para conseguir ler no final de semana.
Hoje e Sempre é o quinto e último volume da Coleção MacGregor e traz a história de Daniel e Anna, os pais de Alan, Caine e Serena, e pode ser lido como um romance individual pois, apesar de trazer informações sobre o futuro dos filhos, a história de amor entre Daniel e Anna obviamente vem antes de todo o resto – e nós sabemos, de antemão, que todos terão um final feliz, o interessante é ler o caminho que eles percorrem até o felizes para sempre.
A trama aqui é bastante clichê, temos uma mocinha refinada que deseja seguir carreira médica e não casar e cuidar da casa como seus pais esperam e um mocinho teimoso que quer uma esposa e constituir família e, claro, escolhe sua mulher perfeita para o papel – no caso, a mocinha que não quer casar. Obviamente nós já sabemos como isso vai acabar: depois que os dois se apaixonam e sofrem para encontrar uma forma de satisfazer as duas vontades, eles ficam juntos. Mas, veja bem, isso não impede que a leiutra seja extremamente agradável.
Como disse anteriormente: o caminho até o felizes para sempre é o interessante nos clichês.
E cabe ressaltar que é nesse momento que a mágica da Nora acontece.
Enquanto Daniel e Anna possuem duas personalidades fortes e ótimas para se acompanhar (vou falar disso mais tarde), é a escrita de Nora que prende o leitor do início ao fim. Sua forma cadenciada de narrar, com detalhes na medida certa, envolve o leitor em uma atmosfera romântica e de aquecer o coração durante as pouco menos de duzentas páginas da trama. Os acontecimentos são encadeados de forma consciente para deixar o leitor ansioso para descobrir o que acontecerá depois. E então temos os personagens. Uma história não conseguiria prender o leitor se não tivesse personagens minimamente interessantes de se acompanhar. Hoje e Sempre traz pelo menos três personagens complexos o suficiente para nos interessar, Anna, Myra e Daniel.
Anna, refinada, calma e serena, lutou muito para ingressar em medicina e se manter no curso – na época da trama, era extremamente raro uma mulher cursar faculdade de medicina e se tornar cirurgiã –, por isso forá de tudo para manter seu plano em andamento e cursar o último ano da faculdade e começar a residência no hospital que escolheu. Ela estudou muito e trabalhou todas as horas que pode para isso. Essa é uma das razões para ela menter um pé atras com os desejos de Daniel. Sem mais ninguém para chamar de família, Daniel quer casar e manter o nome de sua família e ancestrais vivo; E ao se encantar por Anna passa a precisar dela, ainda que seja difícil para ele aceitar que tudo o que sua amada não quer é passar seus dias esperando por ele em casa. No meio disso tudo temos Myra, a melhor amiga de Anna – exuberante e vivaz, é ela quem dá um empurrãozinho ou outro no casal. É Myra quem nos surpreende na metade do romance, sua atitude “não devo nada a ninguém” não nos prepara para o seu “felizes para sempre” – mas agora que estou pensando nisso, não deixa de fazer parta da construção do clichê, também.
O principal ponto de conflito da trama é Daniel conseguir enxergar que tudo o que Anna quer é uma vida compartilhada – os dois com seus sonhos, com seus projetos, mas sem deixar de contar um para o outro o que estão fazendo, como estão fazendo e se amando sem reservas... Ou seja, tudo o que Anna quer é uma relação saudável. E é claro que é preciso pelo menos cento e cinquenta páginas para que isso fique claro para o personagem cabeça-dura da vez.
Acompanhar os dois se apaixonando, no entanto, é bastante agradável, seus encontros em festas ou no teatro rendem bons diálogos. As descrições ficam a cargo de esclarecer detalhes básicos e (graças a Deus) não são exageradas nem enfadonhas. Apesar de explorar pouco a relação de Anna com seus pais, os vislumbres que temos no decorrer da trama são sempre enriquecedores e norteadores do que era esperado de uma mulher da época em que o livro foi ambientado.
Hoje e Sempre é uma leitura agradável, rápida e, para quem acompanhou os volumes anteriores (o que não é o meu caso) é a possibilidade de ver o Daniel casamenteiro em ação para fazer acontecer o próprio casamento. Fiquei com vontade de ler os quatro livros anteriores para ter certeza de que ele e Anna passaram suas várias décadas de casamento equilibrando o temperamento um do outro.
“Só porque alguma coisa é diferente, não quer dizer que você simplesmente tenha o direito de jogar fora.” (p. 49) É com esse trecho (que se você parar para prestar atenção, perceberá que quer dizer muita coisa) que abro as portas da resenha desse livro que ainda não sei como contar o quanto me surpreendeu de uma forma muito boa.
Vou começar dizendo o que esperava dessa história: quando li a sinopse imaginei que teríamos mais uma garota curiosa que se encontra no meio de uma encrenca enorme e acaba por descobrir alguma coisa muito importante sobre o seu passado. Ou seja, espero por tramas que sejam ótimas para entreter, mas que não tenham nada de novo sob o sol – e geralmente espero que neste “nada novo” haja, no mínimo, um estilo de escrita bom, uma construção de personagens adequada ao mundo proposto e cenas capazes de prender a atenção.
O que encontramos aqui: uma história bem amarrada do início ao fim, com enigmas e surpresas nos lugares certos [e desenvolvimentos inesperados],.personagens bem pensados (ainda que poucos capazes de totalmente ganharem nosso coração) e construídos de forma que cada um tenha suas características bem marcadas e distintivas, uma personagem principal singular cheia de princípios (e pensamentos) e com o coração no lugar certo. Ou seja, temos um instigante começo de série, com a introdução de personagens, temáticas e problemáticas feita de forma mais do que satisfatória. agora vamos aos pontos específicos.
Confesso que demorei um pouco para me afeiçoar ao estilo de narrar de Beatty, principalmente porque suas cenas iniciais são cheias de descrições sobre a mansão Biltmore e seus moradores, mas conforme a história progrediu, suas linhas nos fazem ficar afeiçoados a Sera e Breaden, seu mais novo [e único?] amigo. Me pareceu que sua forma de contar a história vai ganhando força e encorpando conforme Sera vai criando coragem para fazer o que precisa e descobrir o que deve. E isso faz muito sentido porque Serafina é uma personagem ótima: ela pensa criticamente (como podemos ver na primeira linha desta resenha), ela questiona, ela pensa, ela encontra soluções, ela entende e então volta a questionar – e ela lê muito [principalmente como uma forma de conhecer o mundo, mas veja como há um papel importante para a leitura aqui]. Nada está gravado em pedra para essa menina de doze anos.
A trama possui um senso de amizade, amor familiar e apreciação pela individualidade de cada um que eu não esperava – e teve espaço suficiente para ação, drama e humor. Gostei muito da forma como o autor trabalhou a questão de “pertencer” a um lugar ou a alguma coisa, é um tema importante para a idade-alvo da história e perpassa toda a trama sem fazer escândalo, é tratado naturalmente. Ainda que o começo seja devagar, de forma geral é uma história adorável e de leitura fácil. Depois de certo ponto, voamos pelas páginas para descobrirmos tudo o que Beatty planejou para Sera. Ansiedade é uma coisa real nessa leitura. E então, quando a última linha é lida, fica aquele sentimento de felicidade e coração aquecido pela esperança do que pode vir para Sera, seu pai (que eu realmente não me comentei sobre, mas que vale falar que é um persoangem interessante) e seus amigos. São nas últimas linhas também que temos a impressão de que o narrador está falando as linhas finais de um filme épico, que te deixa com uma sensação boa.
O enredo de Serafina e a Capa Preta possui uma simplicidade cativante, a atmosfera de busca pelo Homem da Capa Preta (que me lembrou muito, em alguns aspectos, o Homem do Saco que os pais avisavam aos filhos para tomar cuidado) que permeia todas as páginas fez com que a trama fosse sinistra, encantadora, misteriosa, fascinante, um pouco estranha e de arrepiar (pelo menos os mais jovens, porque esta leitora que vos fala ficou mais ansiosa do que arrepiada) – e agora eu entendo totalmente porque me disseram para não ler na praia [hahaha ooooie, Carina!].
Serafina é o tipo de livro que eu gostaria de utilizar em sala de aula para despertar nos leitores mais novos um sentimento de que cada um tem seu “lugar no mundo”.
Uma das leituras mais interessantes do meu final-início de ano com certeza foi Uma drobra no tempo. Eu já conhecia essa história por experiências de terceiros há anos, mas nunca tinha realmente lido alguma coisa da Madeleine L'Engle nem pesquisado nada sobre sua vida. Bem, este livro mudou completamente essa situação.
Eu fiquei simplesmente apaixonada pela edição em capa dura da Harper Collins (essa edição estão muito maravilhosa mesmo!) e fiquei folheando o livro por dias antes de começar a leitura pelo posfácio. Então é, comecei a ler pelo posfácio e descobri coisas sobre Madeleine que provavelmente não teriam o mesmo impacto em mim se tivesse lido o posfácio depois da trama. O posfácio me preparou para a leitura das linhas escritas por uma mulher incrível, me deixou com vontade de conhecer os personagens que a neta de Madeleine, Charlotte, menciona e se identifica.
Então, por ser uma história tão conhecida (e, se você não conhece, sempre pode correr no Goodreads ou Skoob para ler sua sinopse), dessa vez irei focar em alguns poucos pontos que considero ótimos na trama sem descrever sua história.
Dessa forma, comecemos com o fato de que, em Uma Dobra no Tempo, a trama tem o pressuposto de que os leitores são inteligentes o bastante para conseguir entender as explicações sobre física profunda (mais do que aquela que aprendemos na escola), mas se não conseguirem pegar todos os detalhes, não há problema, pois irão conseguir continuar na história mesmo assim. E isso acontece porque a autora não joga simplesmente a informação no meio da história, ela explica como isso pode funcionar – os persoangens não só viajam no tempo e pronto, há a explicação de como essa viagem poderia ser/funcionar.
E então temos Meg. Ela é uma personagem tão complexa e multifacetada que passa a ser uma inspiração para o leitor – mesmo que este não seja mais uma criança. São poucas as persoangens novas na literatura que são tão complexas assim e eu com certeza consigo vê-la como um modelo para outras personagens. Meg é uma personagem muito humana, muito normal. Ao mesmo tempo em que é corajosa, duvida de si mesma e de sua força de uma forma que conseguimos nos relacionar, de uma forma autêntica.
E já que falei da mocinha... vamos falar do mal. Neste livro temos um antagonista elementar, não adulterado, que vai se manifestar no meio e na conformidade de quem se deixa abalar por sua presença. O mal é assustador e a escurtidão é imensa e “pura” (você já me viu falar algo assim em uma resenha? pois é). Os encontros que os personagens têm com esse mal são muito autênticos, muito reais, muito críveis – algumas cenas se desenvolvem rápido demais, mas entendo que dessa forma os traços da batalha podem se encaixar numa narrativa filosófica do conflito entre beme mal.
Uma Dobra no Tempo me deixou encantada com um tema que geralmente não me atrai e ansiosa para ler os outros quatro volumes. Fiquei com a impressão de que demorei muito para ter a experiência de leitura que Madeleine L'Engle nos permite, mas talvez este tenha sido o momento perfeito. Fiquei surpresa com o quanto gostei da leitura – foi divertido, intenso, inteligente e talvez um pouco assustador, mas com um sorriso ao final.
Começamos Originais descobrindo o que aconteceu com Katy depois do final de Opala, e deixe-me te dizer, descobrir onde e com quem ela está não ameniza as nossas preocupações..Como continuo tentando não deixar spoilers da história, não vou te contar onde ela está, o que ela faz lá e quem são as pessoas que estão “lhe fazendo companhia”, mas vou te contar que é bastante óbvio o amadurecimento da história e seu desenvolvimento – que temos acompanhado ao longo da série – chegou ao ponto alto neste volume.
Nesse lugar em que Katy é mantida, ela (e nós) descobre através de outros personagens que pouca coisa que aconteceu em sua vida desde que conheceu Daemon e os outros foi por acaso – Blake (lembra dele? o garoto irritante que desde o começo tinha “problema” escrito em sua testa) é um dos personagens que volta a aparecer e é responsável por várias das cenas que nos trazem informações importantes. Não surpreendente, Daemon logo se junta a Katy e os dois passam por mais experiências capazes de mudar suas vidas – e eu me sinto uma propagandista escrevendo isso na resenha, mas é a verdade –. Ao meu ver, a presença de Daemon ao lado de Katy a manteve lúcida – mesmo sendo forte, a personagem não teria lidado com tudo o que aconteceu com ela [antes do Daemon chegar lá] se estivesse sozinha.
Praticamente dois terços do livro são destinados aos desenvolvimentos necessários para sabermos, de verdade – acho que “de verdade” é um termo muito forte, talvez seja melhor usar “de foma mais profunda” –, algumas razões e desdobramentos que pudemos apenas imaginar anteriormente. É importante lembrar também que estes dois terços (na verdade, o livro inteiro) possuem não apenas passagens de Katy, mas de Daemon procurando por ela e posteriormente estando com ela e, finalmente, fugindo com ela, o que ajuda a deixar a trama bastante dinâmica. Aqui eu devo mencionar que o acréscimo de personagens novos, como Archer, que é um personagem ótimo e com bastante bagagem que me deixou extremamente feliz por ter sido encaixado na história de forma mais do que satisfatória, foi mais do que necessário pois são eles que fazem a história realmente “ir para frente” – uma vez que se ficássemos apenas com os que já conhecemos, não teríamos uma história tão rica.
Falando da história de forma mais focada, os desdobramentos encontrados aqui foram não só surpreendentes, mas bastante enriquecedores. Me pareceu bastante claro o cuidado que a autora teve com este volume. Temos nós bem construídos, respostas bem preparadas, personagens que voltam a aparecer, personagens que surgem, personagens que são esperados para o próximo capítulo – tudo converge, aqui, para termos uma boa experiência literária. Armentrout possui um ritmo de narrativa muito consistente e seu tom não se perde no meio das quase quatrocentas páginas que temos em mãos – as vozes de Katy e Daemon estão sempre afinadas nas mãos capazes de sua criadora.
Particularmente gosto muito da opção da autora em intercalar a visão da Katy com a do Daemon por duas razões: *primeiro: era extremamente necessário que nós, leitores, soubessemos o que estava acontecendo com Daemon enquanto Katy não estava com ele – para te contextualizar, Katy “some” depois que os dois e seus amigos tentam entrar num órgão do governo e as coisas não saem como o esperado –, já que sabemos pela sinopse que o personagem fará tudo [possível e impossível] para encontrá-la e salvá-la do governo; *segundo: nos livros anteriores ficamos muito tempo com a voz de Katy, por ela ser a personagem principal, e perdemos muita coisa acontecendo em paralelo (quem não gostaria de saber o que Daemon estava pensando lá no primeiro livro, na cena da cozinha? ~eu certamente quero saber e estou realmente radiante por saber que a autora fez outro livro com o que aconceu lá no começo sob o ponto de vista dele). Para mim funcionou extrememente bem esse ir e vir, o leitor pôde aprender muita coisa dos dois lados – possivelmente todos que já estavam caídos de amor por Daemon ficaram ainda mais apaixonados depois de acompanhar seus pensamentos e ações mais de perto (algumas cenas suas são tão doces que me estragaram para outros personagens). E isso me leva a falar sobre o desenvolvimento dos personagens.
Em algum momento nesta resenha mencionei que o amadurecimento da história é bastante óbvio. Essa é a mais pura verdade. A história cresceu e ficou mais adulta, mais séria, em reflexo ao desenvolvimento de seus personagens. Claramente Daemon, Katy e Dee são os personagens que conhecemos em Obsidiana, mas tudo pelo o que eles passaram os mudaram (Katy mudou de várias formas, aliás) e é extremamente interessante acompanhar essa evolução. Daemon ainda é o mesmo homem com olhares sugestivos, Katy ainda é uma apaixonada por livros, Dee ainda tem um espírito leve [etc. etc. etc.], mas Daemon teve seu senso de urgência ampliado, Katy amadureceu e passou de adolescente para adulta, Dee ganhou seriedade – todos eles mudaram, até mesmo Ash e Andrew. Aproveitando o gancho, foi com grande satisfação que observei [ou no caso, li] como Dee voltou a ser ela mesma neste volume e saiu do seu mundo de raiva e rancor.
É claro, antes de terminar não posso deixar de dedicar um parágrafo para Katy e Daemon como um casal. Como os dois personagens amadureceram como indivíduos, o relacionamento também amadureceu, ainda há aquele calor que me encantou no primeiro volume, mas é um calor constante. O sentimento entre eles foi aprofundado – suas cenas juntos (e não só as amorosas) são sempre muito boas, a química entre eles é explosiva e neste volume eles estão afinadíssimos – tão afinados que levam a relação para um novo nível (até tivemos cenas mais quentes!). Me pareceu que tudo ocorreu no tempo certo para eles, a paixão teve tempo de ser abrandada e aprofundada para amor, os traços que antes eram irritantes puderam ser entendidos e encarados de novas formas. Fiquei realmente contente com o desenrolar de seu relacionamento, a autora claramente soube como conduzir os dois e criar raízes de seu amor em nossos corações.
Obviamente estou mais do que ansiosa para colocar minhas mãos no capítulo final da aventura da minha blogueira preferida e seu alien amoroso (o que vai demorar um bom tempo), mas sinto que o que quer que Armentrout tenha escolhido como final para este casal e seus amigos [e familiares], será um caminho e tanto para chegarmos lá e valerá a pena. Se você ainda não começou a ler a saga Lux, eu altamente recomendo que você a adicione na sua lista de leituras deste ano que está começando.
Sabe aquelas histórias que te marcam daquela maneira forte e sem avisar e que depois de ler você precisa de um tempo para pensar e finalmente poder falar para o mundo sobre? Para mim, a história de Julie Murphy foi assim. Terminei de ler Dumplin' há pouco mais de duas semanas, mas só me senti pronta para falar sobre esta trama agora.
Dumplin' traz a história de Will, uma garota cheia de curvas, de vida e atitude que mora numa cidadezinha pequena que sedia o mais antigo concurso de beleza do Texas. Depois da morte de sua adorada tia, Will irá honrar sua memória e participar do concurso de beleza (que por acaso, tem sua mãe no quadro de vencedoras/participantes antigas e na organização). Este é o fio condutor da trama e eu poderia passar parágrafos e mais parágrafos nesta resenha te contando nos mínimos detalhes esta história, mas para isso existe a sinopse, não é mesmo? (E para conhecer os detalhes você deve ler o livro, claro.) Então hoje eu vou te contar o que faz de Dumplin' uma história tão importante – e não só porque sua protagonista é plus size, mas porque ela tem amor próprio e confiança.
Sendo assim, vou bater nesta tecla: Dumplin' traz uma mensagem poderosa para nos amarmos como somos. Will é gorda sim e para ela isso não é o fim do mundo – ela lida muito bem com os olhares dos outros, se ama do jeito que é e [geralmente] não liga para a opinião alheia. Esta é, provavelmente, a personagem que mais quebrou estereótipos neste ano (dentre os livros que li, obviamente) porque passa esse ensinamento de aprender a se amar e a não julgar o corpo dos outros. Todo o clima da narrativa é muito body-positive e isso é realmente legal.
Um outro ponto que realmente me agradou durante a leitura foi o tratamento que Murphy deu para as amizades e dinâmicas familiares retratadas – foram essas dinâmicas que claramente influenciaram a formação dessa personalidade empoderada que encontramos em Will. Os outros temas abordados (como o relacionamento entre a mãe esbelta e seu passado com seus dias de glória e sua filha gorda, ou o relaciomento entre duas moças que são opostas, ou o relacionamento entre uma menina e um menino vindos de “mundos” diferentes...) se desenvolveram sempre de forma bastante positiva para os personagens – o que muito me espantou porque esperava que o foco ficasse cem por cento no concurso, mas realmente o concurso foi um ponto no meio de tantos outros que compuseram a parte dramática (e cômica?) da trama.
É claro que nem tudo são rosas e eu demorei um pouco para ficar convencida da relação dela com seu par romântico, Bo. Me pareceu que Bo estava ali apenas para provar aos leitores que garotas como Will possuem sim relacionamentos felizes e normais e senti falta de um pouco mais de tempero nas cenas entre eles – aquela química toda que me arrepia em outros casais estava bem fraca aqui porque talvez tenha faltado um pouco mais de desenvolvimento e aprofundamento na relação dos dois. Entretanto, passados alguns dias desde que finalizei a leitura, tentei imaginar esta história sem Bo e não consegui, porque ele também é uma peça essencial em todo o desenrolar dos acontecimentos, ainda que nem todos os acontecimentos o envolvam efetivamente.
Outra coisa que me incomodou um pouco foi a atitude de Will. Ela é o foco de seu próprio mundo (e não estou dizendo que isso é ruim), mas por causa disso perde tantas outras coisas! Por exemplo, a grande briga (que ocorreu por razões egoístas, claro) com sua melhor amiga poderia ter sido evitada ou todos os problemas com o garoto que ela amava poderiam ter sido evitados e muitas cenas poderiam ser diferentes. Mas obviamente Will é uma adolescente e vai sim cometer muitos erros e fazer uma grande bagunça – afinal, isso faz parte de crescer e encontrar seu caminho.
Julie Murphy cruou uma história bastante realista e com um final um tanto inesperado, com um gosto agridoce e de aquecer o coração (possivelmente também romanticamente falando). Eu esperava mais do último capítulo e quando terminei o livro fiquei com a sensação de que faltava alguma coisa na história – é isso o que finais abertos fazem comigo. Ainda assim me parece, agora, que paramos de acompanhar Will em um momento oportuno, ficamos marcados com seu caminho até o ponto em que paramos e não com o final – lembra da música da Miley? O importante é a escalada.
Achei a escrita bastante focada em detalhes, o que fez com que a leitura fosse realmente devagar – o que combinou completamente com o ritmo do livro (que foi em passos pequenos, cada um a seu tempo). Geralmente não me sinto tão inclinada a ler histórias assim, mas esse caminhar lentamente ao mesmo tempo que atrapalhou no meu ritmo de leitura (porque tendo a perder o foco e precisar voltar páginas frequentemente), funcionou para Will e seus amigos – tivemos tempo para entender o lugar em que eles vivem e as pessoas que compõem a cidade.
Enfim, Dumplin' é uma história para ser guardada no coração e compartilhada com outras pessoas. Me pareceu feita para alcançar todos aqueles que alguma vez se sentiram inseguros ou frustrados consigo mesmos – pela forma como seu corpo é, pela forma como fala ou age ou por como seu cabelo é isso ou aquilo, em resumo, todas aquelas dúvidas que chegam via pressão social. É uma história que reaviva aquela confiança que devemos sentir sempre e nos faz chegar a conclusão de que não somos feitos das imposições e rótulos que a sociedade nos dá – a vida é mais do que rótulos de magra, baixa, gorda, alta e etc. etc. etc., a vida é feita de todas as experiências e sorrisos e valores e amores. (de repente me senti super entendida em autoajuda agora, desculpa)
Ah! Obviamente não posso deixar de falar de Dolly Parton! 😍 Suas músicas embalam toda a trama e Will me fez virar ainda mais fã dessa mulher maravilhosa com letras tão inteligentes e tocantes.
Eu devorei um livro ontem a noite (e, possivelmente, para essa frase funcionar melhor, deveria haver aquela linha que todos os integrantes dos grupos de apoio falam no começo do seu relato “Oi, meu nome é Vitória...”, mas continuemos). Eu realmente não deveria ter lido 350 páginas quando tenho uma pilha de livros teóricos para ler até o final de semana, mas foi mais forte do que eu e obviamente, agora preciso compartilhar com você o que me levou a ler sem parar.
Esperei um ano para finalmente criar coragem e ler o primeiro livro da série Men of S.W.A.T porque eu sabia que sua temática de fundo seria pesada e complicada. Provavelmente já comentei antes que livros que tratam de morte (e suicídio em especial) são complicados para mim – minha relação com essas histórias é sempre ou 8 ou 80, ou amor ou ódio, porque é realmente me parece extremamente difícil conseguir transmitir em palavras a dor (de quem vai e de quem fica).
Este também foi meu primeiro contato com o estilo de escrita de River Savage e fiquei muito surpresa pela fluidez de suas palavras e como seus parágrafos não apenas conversavam entre si, mas continuavam no ritmo cadenciado da narrativa – apesar das inúmeras indicações que recebi de sua outra série, Knights Rebels MC, a sinopse e os comentários sobre a história de Hetch tiveram mais apelo para mim (e, não vou mentir, essa capa também me deixou curiosa e inquieta o bastante para decidir/começar a ler).
Então vamos lá, se você não conhece a história, estas são suas linhas gerais: Liam Hetcherson é um policial da S.W.A.T (como o título da série anuncia) e tem lidado há três anos com o suicídio do pai – que o afetou em formas mais profundas do que podemos entender. Quando sua nova vizinha, Liberty (nome conveniente, não acha? [e quem, em sã consciência, coloca o nome de Liberdade em sua própria filha?]), entra em sua vida, parece que a hora para voltar a viver de verdade chegou.
Possivelmente eu deveria escrever sobre como a história se desenvolve bem e como os personagens (bem, nem todos, mas a maioria) são profundos o suficiente para nos apegarmos a preocuparmos com suas escolhas, mas gostaria de focar, desta vez, em outro aspecto da narrativa (e depois de ter começado quatro parágrafos com palavras iniciadas em “E”, temos uma mudança aqui). Vou falar sobre alguns temas que são abordados na trama.
O primeiro tema, obviamente, é o suicídio. Por mais que essa temática seja comentada e abordada em uma série de maneiras, eu nunca acho que seja o suficiente. É extremamente necessário falar sobre o que leva uma pessoa a desistir de sua vida. E, de uma forma ou de outro, é isso o que Savage faz aqui. Através dos pensamentos de Hetch a autora nos conta que o pai do personagem estava doente, que estava sentindo uma dor incessante que não conseguiu suportar, que perdeu o rumo e as forças – ela nos leva a pensar em como deve ser passar por isso, em como é chegar em um ponto (sem volta) onde você não consegue pensar nas pessoas que te amam porque não consegue suportar uma dor que vem de dentro de você. Este é um “se colocar nos chinelos do outro” bem profundo – ainda que não totalmente explorado na narrativa, afinal, o foco está no filho que ficou.
O que nos leva ao próximo tema. Como quem fica consegue lidar com a dor da perda. Hetch obviamente não consegue lidar com a dor. Sua forma de “lidar” está em ter raiva do pai e do que ele fez consigo e com quem ficou para trás (no caso, Hetch, sua irmã Koda e sua mãe). Essa é uma das coisas que sempre escrevo em resenhas de livros cuja temática envolve morte: quem fica precisa lidar com o vazio e encontrarmos personagens que estão passando por essa dor é uma forma não de alerta, mas de lembrete de que falar sobre o que sentimos é importante. Tirar o peso que sufoca o coração e aperta a garganta. Não precisa ser tudo de uma vez, mas aos poucos, palavra por palavra – vemos essa diferença no próprio Hetch, quando ele começa a falar, as coisas tendem a melhorar.
Outro tema é a situação dos meninos em orfanatos. Liberty é uma assistente social que gerencia uma casa para alguns garotos órfãos. Um desses meninos, Mitch, fica em relevo na história e traz uma importante discussão para o leitor: São suas ações que definem quem você é, não seu pai, sua mãe, seu irmão mais velho. Outra questão, que me parece atrelada à anterior é o envolvimento real de quem cuida dessas crianças. Enquanto Liberty e Mitch constroem uma relação muito bonita, me pergunto quantas vezes isso ocorre de verdade com os milhares de garotos como Mitch espalhados pelo mundo (voltamos àquele exercício de se colocar nos chinelos do outro).
Encontrei outros temas no decorrer da história (como a infidelidade, as drogas, o cotidiano dos policiais das forças especias, etc. etc. etc.), mas estes três são os proeminentes – e escrever sobre eles ainda me deixa um espacinho para comentar outros pontos... Como o relacionamento de Mitch e seu irmão, Dominic. Não me leve a mal, eu gosto de finais felizes (ou praticamente felizes), mas Dominic era uma má influência para seu irmão mais novo durante todo o tempo e o menino passou mais de trinta capítulos com medo. Me pareceu um pouco apressada a forma como “a solução” para o irmão problemático do adolescente surgiu, foi como se, já que a história estava chegando ao fim, a única saída encontrada fosse apaziguar de uma vez todos os problemas que circularam pela trama.
Antes de terminar esta resenha, acho que é justo falar do casal principal. O relacionamento de Liam e Lib teve um desenvolvimento interessante de se acompanhar, os dois formaram um par e tanto, principalmente em sua primeira cena realmente juntos onde pudemos ver suas personalidades tão diferentes. Eles tiveram uma boa dose de amor, angustia e aventura – e também todas as cenas quentes que a autora achou necessário para mostrar o quanto eles estavam em sintonia. Sem contar um ou outro detalhe, Hetch e Liberty se encaixaram bem e formaram um dos casais mais instigantes de se ler – foi de esquentar o coração a forma como cada um foi se abrindo para o amor e como as coisas aconteceram no tempo certo.
Apesar de todos os seus pontos positivos, tive a sensação de que a história não iria acabar nunca. Cheguei em um ponto da trama que pensei seriamente em abandonar a leitura, eu simplesmente não entendia porque o final feliz não chegava logo para que eu pudesse marcar como “lido” no Goodreads e seguir em frente – mas então o grande momento da trama chegou e eu compreendi todo o percurso que a autora criou para chegarmos lá. No fim, tudo valeu a pena.
Este romance, no final das contas, é simplesmente sobre coisas comuns da vida humana – para variar, não tem nada de vampiros, lobisomens, unicónios ou qualquer outro ser sobrenatural, é apenas um grupo de pessoas que se amam, que possuem problemas reais e se apoiam. É uma história realmente boa e chegou em mim de uma forma que não sei bem como explicar, mas senti a necessidade de te contar sobre ela hoje. Cada página vale ser lida (mesmo que você não goste de cenas quentes, é só pular a cena [ainda que alguns bons diálogos possam ser perdidos]) e cada lição vale ser aprendida. , Esse é um daqueles segredos da literatura que nós estudamos na universidade, sabe? Retratar a sociedade, seus problemas e peculiaridades, mostrar aquilo que às vezes não conseguimos enxergar. Esta história pode não ser um clássico da literatura, mas traz boas reflexões (e vou parar por aqui antes que esta resenha fique infinita).
Se tem uma coisa que (já há algum tempo) eu gosto de encontrar em livros adolescentes, é o ponto de vista dos garotos – é bom não ficarmos presos nas visões femininas dos acontecimentos às vezes para variar. Então, quando vi que Davi teria a chance de ter sua voz ouvida (ou no caso, lida) em um livro só seu, soube que devoraria esta história.
Antes de mais nada, já vou te avisar que esta resenha é completamente spoiler free. No final do livro a autora nos faz um pedido para não soltarmos spoilers e estragarmos as surpresas que essa trama traz, e como não se nega um pedido tão importante como esse... vamos lá.
Nós já conhecíamos Davi desde Confissões de uma garota excluída, mal-amada e (um pouco) dramática – para quem não lembra, ele é o melhor amigo da Tetê e também irmão do Dudu, namorado fofo dela. Assim, em Confissões de um garoto tímido, nerd e (ligeiramente) apaixonado, voltamos a nos encontrar com os personagens queridos da primeira história e também conhecemos novos, como Milena e Gonçalo.
Davi é um adolescente muito tímido que, como ama o tema, começou a fazer um curso de astrologia (e o legal disso é que o livro é recheado de análises sobre os signos – no mesmo molde das receitas que apareciam durante a história da Tetê). É nesse curso que ele conhece a Milena e começa a se envolver com ela e, a partir daí, começa também a realmente se encontrar e se entender. Com olhos bastante abertos, nós o acompanhamos em suas reflexões sobre si mesmo e sobre a vida, acompanhamos o seu crescimento e as reviravoltas em sua história de amor.
Como sempre, a escrita da Thalita é uma delícia de ler. Dessa vez a autora conseguiu organizar a história de uma forma que cada nova informação que a trama trazia era inesperada. Esta é uma história sensível e uma jornada pessoal realmente importante – e é tudo isso de forma leve e bem-humorada, como os outros títulos da autora.
Inesperado também foi ver como o Davi precisou estar em uma corda bamba para lidar com os estremecimentos do relacionamento entre Tetê e Dudu – nossa garota dramática descobre que seu namorado reatou a amizade com a ex-namorada e não lida muito bem com isso. Além de acabar se envolvendo nas questões do casal, Davi precisa lidar com várias “novidades” neste livro – incluindo o término do namoro de um outro personagem e o desenvolvimento de consciência de algumas figurinhas carimbadas.
É difícil chamar um personagem de secundário aqui, mas não há como todos serem protagonistas, assim, os personagens secundários (Zeca, Caio, Milena, Gonçalo, Sam) refletem todos os tipos de pessoas que encontramos na escola. Desde o que surpreendentemente nos decepcionam até os que nos surpreendem muito, mas da melhor forma possível.
A história de Davi toca em temas importantes, como a amizade e a prisão que os rótulos impõem. É uma leitura muito agradável, que fala de questões da vida real (não só dos adolescentes) e que incentiva a busca pela felicidade e pelo autoconhecimento. O leitor se conecta com os personagens, entende seus anseios e medos e, ao final, pode fechar o livro com uma nova visão de si mesmo.
Não ando sabendo lidar com tantos livros bons neste ano (ainda que este livro não seja deste ano, essa afirmação ainda está valendo) – e isso me deixa realmente muito feliz. Mas vamos falar sobre o que interessa: Graffiti Moon. Essa foi uma história incrivelmente fofa, divertida na medida certa e muito bem escrita.
Provavelmente (na verdade não tem nada de provável, é mesmo) essa é só a minha opinião, mas a narrativa transborda aquele tipo mágico de trama que mais do que fazer você entender as situações e os personagens, te agarra e te deixa marcado [de uma maneira boa]. E eu definitivamente não estava esperando por isso – para falar a verdade, quando li a sinopse esperava mais ou menos uma outra história (mais uma) adolescente (afinal, os personagens são adolescentes), mas sua profundidade e fio condutor me surpreendeu.
É muito singular [e aqui está aquela mágica que comentei agora pouco] o equilíbrio entre narrativa e personagens. Porque sim, a história é sobre o que acontece em uma noite específica, mas também é sobre cada um (e todos) dos personagens. Esta é uma história sobre quem eles são e como eles mudaram e chegaram até ali, sobre suas amizades, anseios, medos, esperanças. É sobre lutar para sobreviver no mundo real, sobre fazer decisões, sobre momentos em que as palavras não bastam. É uma história sobre a vida [de Lucy, Ed, Daisy, Jazz, Beth, Leo e Dylan] – e é provavelmente um dos melhores young adult que eu já li (se fose em outro momento, eu diria que estou embasbacada).
Eu não sabia nada sobre a Cath Crowley, mas o tipo de humor que ela conseguiu imprimir em seus parágrafos me agarrou pela mão e me conduziu até o final. Mas, veja bem, esse não é aquele humor para morrer de rir, é aquele que você não espera, natural, sem situações formatadas para fazer rir. Outro detalhe que me ganhou foram os versos livres do Poeta espalhados em momentos bastante pontuais da trama. – voltei a ler poesia recentemente e sei que muitos leitores acham difícil ler esse gênero literário [que, convenhamos, é muito mais rápido de ler], por isso, na minha opinião, não há melhor maneira de começar a ler poesia do que no meio de um romance adolescente.
Graffiti Moon me fez pensar sobre os grafiteiros que andam pela minha universidade – qual a linha que divide arte de vandalismo? –, seus desenhos e palavras pelos muros e escadas e como seria me sentir tão impactada por um desenho na parede (esse tipo de impacto eu só conheço/alcanço com poesia) quanto Lucy fica com aspinturas do Sombra. O que eu sei com certeza é que agora quero conhecer Melbourne, andar por suas ruas, caçar os grafites do Sombra pelas paredes e me perder em suas cores e nas palavras do Poeta – é pedir muito? (hahaha)
Aqui
Ela diz que vai me perdoar
Diz que é só dessa vez
Diz vai em frente e me beija
Diz enrola o meu cabelo
Diz era isso mesmo que eu estava procurando
Diz que está feliz porque o frio chegou
Eu digo que quero vê-la amanhã
Ela aponta o dedo pro céu
E diz que é aqui
Então, antes de soltar algum spoiler, tudo o que me resta dizer é que vida e emoção transbordam dessas páginas. Em apenas uma noite, Cath Crowley consegue fazer com que o leitor experimente mais emoções do que imaginável e, obviamente, derreter o coração em vezes sem conta.
Este livro é como uma pintura do Sombra na parede e eu fiquei encantada com tudo o que vi aqui. Assim, só me resta te falar para ler a história de Lucy, Ed e seus amigos – porque perseguir um grafiteiro pela noite nunca foi tão interessante.
E chegamos a mais um final de série. Eu não me sinto nem um pouco preparada para escrever esta resenha porque eu literalmente acabei a leitura há poucas horas, mas aqui vamos nós. Levei pouco mais de três dias para concluir a leitura e se eu pudesse, teria lido em menos tempo.
Fiquei bastante ansiosa para saber o desenrolar final desta história e um dos principais motivos era Paul e como ele iria lidar com tudo o que aconteceu no último livro. Eu acho que neste livro finalmente meu coração foi derretido por ele – Paul é provavelmente o personagem mais doce e fofo que li neste ano e não pude mais resistir (mesmo que eu ainda gostei muito do Theo). Obviamente ele ganhouo seu lugar na minha lista de crushs literários.
Theo. Todas suas versões me deixarmam com lágrimas nos olhos. Esse persongem foi simplesmente muito bom (em qualquer dimensão) para o mundo – até mesmo sua versão má consegue se redimir! Eu nem consigo pensar em o que escrever mais sobre ele porque meu coração aperta.
Acho que nunca comentei sobre os pais de Marguerite. Eu acho que gostei deles ao longo dos livros, mas estava mais curiosa sobre eles do que encantada com eles, se isso fizer sentido. Uma coisa que eu provavelmente deva dizer é que suas intenções eram boas e que nem tudo foi sua culpa. O que aqueceu meu coração de verdade foi o quanto eles amavam e cuidavam de Marguerite, Paul e Theo. Eles foram bons pais e um casal muito fofo e estranho de se estar ao redor.
Gostei muito da forma como tudo se uniu para um bem maior. Como todos os pedaços desse quebra-cabeça finalmente fizeram sentido e formaram uma imagem bonita. Tivemos ainda mais mundos acrescentados, fazendo desse final mais uma vez uma história nova (e aqui eu gostaria tanto de te contar um spoiler, mas eu não farei isso).
Venho dizendo o quão boa é a escrita de Claudia Gray desde o primeiro livro, mas acho que agora é hora de me repetir: seu timing na história é perfeito, o ritmo de sua narrativa flui perfeitamente de forma a construir tanto a ansiedade no leitor quanto a trama dos personagens da melhor forma. Ela é uma contadora de histórias e tanto. É claro que alguns diálogos não precisavam estar ali, mas isso não atrapalha a fluidez da leitura. Então resumindo, a história é super bem-construída. Dimensão após dimensão, versão após versão dos personagens – tudo tão encaixadinho que não me permitiu largar as páginas.
Este livro foi o meu preferido dos três, teve mais ação do que os anteriores, e foi o menos focado no romance – e Marguerite finalmente mostrou suas prioridades, entendeu que o destino nada tem a ver com as consequênicas de suas decisões. Seu relacionamento com Paul também conseguiu ficar interessante porque mostrou de forma mais “paupável” suas imperfeições.
Então, eu acho que devo terminar por aqui antes de contar sobre a história e entregar um milhão de spoilers para você. O que ainda tenho para dizer é: fiquei viciada nesta história e em seus personagens ao ponto de não querer ler os últimos capítulos para que ela não acabasse. Adorei todas as emoções e ataques do coração, todas as cenas doces e divertidas, todo o amadurecimento dos personagens e suas imperfeições e diversas versões.
Ah! Você deve ter percebido que eu tenho tentado não contar muito a história dos livros nas resenhas, isso é de propósito para que eu não escreva nenhum spoiler e para que você possa aproveitar a história de forma completa quando for ler :)
*Um agradecimento especial para a HarperCollins Brasil por ter me enviado o exemplar que você vê nas fotos desta resenha <3
Existem alguns livros que acabam com a gente, mas da melhor forma possível. Terminei de ler Mil pedaços de você há tempo o suficiente para me recuperar da história, mas ao abrir um post novo para escrever esta resenha, lembrei tudo o que senti durante a leitura.
A premissa de Mil Pedaços de Você é bem interessante: você fica pulando de dimensão em dimensão buscando vingança e de repente se depara com amor. À primeira vista, pensei que essa fosse uma história de vingança e perseguição, mas com o tempo percebi que mesmo que estejamos pulando dimensões, correndo através de universos paralelos uma e outra vez para vingar a morte do pai da personagem principal, essa aventura toda se torna pequena em comparação ao foco maior: o amor.
Honestamente, eu nem sei como escrever essa resenha (e essa é um das razões por eu demorar tanto para escrevê-la) porque a trama é recheada de plot twists, personagens adoráveus e seu “fio” condutor é brilhante. Nossa heroína é a filha de dois cientisitas brilhantes que vai utilizar a invenção de seus pais para perseguir Paul Marakov, um dos assistentes de se pai que era considerado um membro da família até os trair, de dimensão a dimensão com a ajuda de Theo, outro assistente. Ela é focada na vingança até se apaixonar e perceber que Paul pode não ser o responsável pela porte de seu pai – a ironia dessa paixão triangular foi o que me fiscou em um primeiro momento (ainda que eu não goste de triângulos amorosos).
Deixando de lado a questão amorosa por um momento (porque o senso de imediatismo de Marguerite, sua proatividade, só funciona para o amor – ela poderia sim ser mais proativa em outras questões, porém... provavelmente isso foi importante neste momento para o crescimento da personagem), o ritmo da narrativa é muito fluído, os pulos de uma dimensão para outra são bem explicados e a experiência desse deslocamento foi maravilhosamente descrita – as explicações cientificas também parecem terem sido muito pesquisadas (e de forma completa). O romance começa de forma rápida e faz nosso coração bater em seu ritmo.
Antes de acabar essa resenha, vamos falar de alguns aspectos gerais: A forma como Claudia Gray construiu esse mundo não foi nada do que eu esperava (de um jeito bom), entretanto o triângulo amoroso é tudo aquilo que já encontramos anteriormente: os dois interesses amorosos são um pouco genéricos demais para a profundidade ansiada pela premissa, Marguerite [ainda] não tem uma voz ativa e distinta na trama (entretanto, ela cai de cabeça em tudo o que faz, o que é uma boa característica) e mesmo que eu tenha adorado tanto a narrativa quanto os personagens, ainda procuro o que faz deles personagens únicos. O uso de referências da cultura pop teve o propósito de linkar a trama com a realidade do leitor e essa foi uma manobra inteligente – é claro, alguns podem não gostar, mas as referências a Beyonce e Leonardo DiCaprio, por exemplo, estão lá.
De forma geral, foi um começo completo para a série. É uma boa trama sci-fi com pouco sci e mais “amor”, porque mesmo que Marguerite esteja procurando justiça por seu pai, ela o deixa em segundo plano em sua jornada pelo amor. Tenho boas expectativas para os próximos volumes, já que o jogo com a moral e o que os americanos chamam de “grey area” (area cinza) estão com tudo. A escrita de Gray é sempre um ponto muito forte, delicada e sensível, em certas cenas era como seguir uma canção e me deixei envolver por suas palavras.
Para finalizar, a trama não é perfeita, mas algo na escrita realmente fez sua mágica já que há algo de poético na ironia do desenvolvimento dessa história romântica. E mal posso esperar para te contar o que achei do segundo volume.
Posso dizer com absoluta certeza que este segundo volume de Firebird foi tudo o que eu desejava que fosse – sempre tenho expectativas e medos para as continuações das séries, mas dessa vez tive uma boa dose de surpresa. E se na resenha do primeiro volume eu já havia avisado sobre os plot twists, agora você opde adicionar na mistura a montanha-russa de emoções.
Nós encontramos Marguerite, Theo e Paul lidando com as consequências do que aconteceu no primeiro livro. Theo está sofrendo com as repercussões da droga em seu corpo e Paul, sendo o personagem gentil que é, tenta encontrar uma cura para ele e acaba tendo sua alma dividida em quatro partes (alguém aí viu uma semelhança com as Horcrux?) dispersas pelas dimensões. E então temos o problema principal da trama: Marguerite precisa salvar Paul e ajudar Theo (e, obviamente, ser ajudada por ele também).
Neste volume, com tudo o que Marguerite e Theo passam, eu realmente comecei a vê-los como um ship interessante – ainda que o foco esteja em Marguerite lidando com o Paul real e o Paul que ela ama, e sua constante luta interna sobre ela e Paul estarem realmente destinados a ficar juntos (e as decisões que vêm disso). Este volume é tão emocional e movimentado com a questão multidimensional que eu ainda não acredito que sobrevivi a ele.
Um ponto que foi muito interessante para mim, particularmente, foi como há várias versões de cada personagem e como cada versão é tão diferente entre si, de acordo com o que cada uma delas viveu – e é claro que eu fiquei um pouco confusa às vezes, mas tudo foi uma questão de me acostumar e tentar lembrar qual versão é qual, principalmente com Theo e sua outra versão (mas isso não me impediu de fazer um ship com ele e Marguerite, claro).
Veja bem, eu gosto do Paul, ele é gentil, tem boas intenções, mas... eu sinceramente acho que Theo é mais devotado a Marguerite do que ele. Theo constantemente se sacrifica por ela, está sempre ao seu lado, a ama incondicionalmente, é divertido... Seu personagem passa por provações uma e outra vez e quebra o meu coração que Marguerite escolha Paul uma e outra vez (e eu sei como isso vai acabar). Mas vamos seguir em frente – até porque, a história de amor entre Paul e Marguerite é doce e até mesmo poética.
De modo geral, os personagens estão incríveis aqui. Até mesmo Marguerite ficou um pouco mais interessante – apesar de que seus momentos com altos níveis de tolice me irritaram bastante e seu constante discurso sobre como Paul é seu verdadeiro amor e como ama Theo apenas como um amigo foi um pouco massante e não levou nenhum dos personagens a lugar nenhum, apenas não deu fim ao triângulo amoroso de melhor forma.
A recorrência de plot twists fez com que o ritmo da narrativa não perdesse o passo. E, é claro, o cliffhanger no final foi arrebatador. Honestamente? Esse livro foi uma montanha-russa, toda vez que eu pensei que as coisas se acalmariam, aparecia uma reviravolta que ou complicava as coisas ou mostrava uma possibilidade diferente. Cada dimensão visitada aqui possuia sua própria beleza e ainda me espanta a qualidade das descrições de Claudia Gray.
Então, como eu disse no começo deste texto, Dez mil céus sobre você foi o que eu desejava desde o final do primeiro livro e ainda ultrapassou as expectativas (além de me deixar bem feliz que não foi uma continuação floppada). Estou bem feliz que criei coragem para ler o primeiro livro, porque senão eu não estaria aqui.
Ah! Você deve ter percebido que eu tenho tentado não contar muito a história dos livros nas resenhas, isso é de propósito para que eu não escreva nenhum spoiler e para que você possa aproveitar a história de forma completa quando for ler :)
*Um agradecimento especial para a HarperCollins Brasil por ter me enviado e exemplar que você vê nas fotos desta resenha <3
Tenho tentado (não com tanto afinco quanto gostaria, mas estou tentando) ter uma alimentação melhor e uma vida mais saudável – o final da graduação acaba com as pessoas, caros amigos – e quando vi que havia a possiblidade e pedir este livro do Dr. Tickell para a editora, não pensei duas vezes (adoro o sobrenome desse médio, é tão sonoramente legal!).
Em Amar, Rir e Comer o doutor John compartilha conosco o que ele aprendeu durante seus vinte e cinco anos de estudo em Okinawa (que é conhecido como o lugar do povo mais saudável do mundo), são concelhos e hábitos essenciais para quem pretende viver muito e viver bem.
Com o programa ACE, Tickell nos ensina uma forma moderada de juntar atividade física, controle mental e educação alimentar para vivermos bem e de forma longeva – assim, comer de forma correta, rir e amar são os três pilares para o médico, e através dos capítulos entendemos por que.
Apesar de curtinho, o livro traz ricos ensinamentos e dicas (que estou implementando na minha vida), além de um interessante contexto do povo de Okinawa – toda vez que penso em Okinawa penso em taiko e em taiko de Okinawa, é incrível – e uma apresentação bem didática do programa. O médico também compara o estilo de vida dos japoneses de Okinawa com o modo de vida americano – e você pode ficar surpreso com as diferenças e os detalhes.
Um ponto muito importante que o médico frisa é a moderação e as nossas prioridades. Eu sempre achei (e continuo achando) que esse é ponto principal da nossa vida: sermos moderados (porque tudo em exagero faz mal) e termos bem definidas as nossas prioridades.
Além de dicas de alimentação, Tickell também se preocupou em nos mostrar alguns exeercícios (para todas as idades) e dicas de relaxamentos –o que é um ponto ainda melhor, porque todos precisamos relaxar nossos corpos.
Eu não quis escrever muito dessa vez porque a minha intenção foi mais te explicar o que é o livro do que contar detalhe por detalhe dele – para que assim você possa se interessar e ler. Então termino por aqui, dizendo que esse livro não é exatamente um guia, mas uma ajuda mais do que preciosa para termos uma vida melhor (e você pode não perceber agora, mas você também precisa viver melhor).
Até breve! ❤
http://www.vickydoretto.com/2017/04/doki-livros-amar-comer-e-rir-dr-john.html
Então, aqui estamos nós mais uma vez com Katy e Daemon. Eu ainda não sei como sobrevivi a esse livro e seus acontecimentos, mas aqui estou eu, pronta (ou nem tanto) para comentar esse terceiro volume da saga Lux.
Demorei bastante para conseguir terminar de ler desta vez. Alguma coisa na narrativa me deixou travada durante todo o tempo e apesar de eu estar morrendo de saudade dos personagens, me peguei folheando e lendo outros livros com frequência maior do que o que costumo fazer. Mas isso não quer dizer que a história não está boa. Pelo contrário, acho que isso foi mais um instinto de não querer ver esses personagens sofrer do que qualquer outra coisa. Resumindo: eu não estava pronta para isso.
Acho que me apaixonei ainda mais por Daemon nesse volume. É muito visível o quanto ele ama Katy e o quão capaz ele é de lidar com o peso que está em seus ombros – mesmo quando está sendo um homem das cavernas super protetor ele é ótimo. Meu problema com a teimosia e insegurança da Katy passaram, graças à Deus. Ela teve um longo caminho até aqui e passou por coisa o suficiente para uma vida inteira. Não amei cada segundo de Dee (vou explicar isso no próximo parágrafo) e Matthew... não sei o que pensar dele ainda, mas até mesmo Andrew ganhou o seu cantinho no meu afeto. E é claro, Dawson. Dawson cresceu no meu afeto também, ele sem sombra de dúvida está entre os meus favoritos aqui.
Então... Dee. Ela não é mais a amiga animada de Katy. Completamente chateada pela morte de Adam, ela não se dá oportunidade para sentar e conversar e entender tudo o que aconteceu. Bem, Katy explica para ela o que aconteceu, mas não acho que Dee tenha lhe dado tanta atenção assim ou se importado, para ser honesta. Me pego pensando que se ela realmente se importasse com Katy, perceberia o quanto a machucou não lhe contar as coisas. Foi realmente triste assistir a amizade ruir. Senti muita falta da Dee que conhecemos em Obisidiana, senti falta da Dee que não iria ser idiota, da Dee que se importava com sua amiga e não desejava sua morte, da Dee que não faria coisas para desestabilizar o irmão. Era óbvio que a relação entre Dee e Katy não seria a mesma depois de Ônix, mas tenho esperanças de que em Origin as coisas se acertem – não tenho ideia de como isso possa ocorrer, mas...
Também sofri como uma condenada com a dor que há nessa história. É claro que eu não esperava que fosse tudo rosa e arco-íris para o meu atual par predileto porque descobrir (e fazer parte) de segredos ultrassecretos não é um passeio tranquilo. A linha entre certo e errado fica borrada em certo ponto do caminho e cada decisão que foi tomada poderia levá-los a derrocada. Ter paz pareceu um sonho distante desta vez.
Me surpreendi muito com o rumo da história e seus pequenos detalhes foram incrívelmente enriquecedores – seria spoiler se eu falasse que fazer da opala uma fonte de poder é muito bem pensado? Enfim, na bolsa das surpresas, também podemos colocar Blake e sua nova atitude além de irritante (eu passei mais tempo querendo que ele morresse [e pensando em formas criativas de fazê-lo morrer] do que torcendo por um cena fofinha entre Katy e Daemon), mas confesso que até fiquei com dor no coração por ele em alguns raros momentos. As coisas que uma história faz com um leitor.
Opala segue a linha de sua história sem falhas. Continuamos lidando com aliens, luz, poder, bom e mal... Muito mudou do primeiro volume, mas muito se manteve, incluindo a necessidade de se conseguir manter sua identidade escondida. Claramente os personagens amadureceram, cresceram e fizeram o romance crescer e melhorar também. A autora adicionou um balde de problemas novos que eu não tenho ideia de como serão resolvidos, mas tenho certeza que ainda teremos muito drama para lidar – e muito mais para aprender sobre aliens e seus poderes paranormais.
Tenho dúvida quanto a muitas coisas nessa história, mas não duvido por nem um segundo o quão boa Jennifer é com seus finais cliffhanger muito bem montados (e de parar o coração). Eu não sei como vou conseguir esperar pelo próximo volume, mas de uma coisa eu sei: se você não se apaixonou por Daemon até agora, não se preocupe, é nesse volume que a magia acontece de forma mais forte.
Eu enrolei um tempo gigantesco para ler esse livro por uma razão bem boba: já conhecia a fanfic (li há muito tempo) e apesar de ter me divertido muito na época em que li, fiquei com receio de ler sua versão para publicação – não é nem a primeira nem a última vez que sentirei isso porque várias fanfics que já li foram/estão sendo/serão publicadas. Mas no final, me diverti muito durante a leitura.
A história de Malícias & Delícias não chega a ser clichê, mas possui a fórmula que conhecemos há bastante tempo e que sempre vai funcionar: uma mocinha cheia de ideias e vontade, um mocinho que é um sonho. E, é claro, conversas cômicas e situações engraçadas permeiam toda a narrativa, de modo que a leitura passa rapidamente sem que percebamos.
Tara Sivec criou personagens sem filtros, principalmente as personagens femininas, que, ainda bem, não têm medo de falar o que pensam. Sua trama gira em torno de Claire, uma mulher que não queria ter filhos, mas que por conta do destino (ou de outra coisa qualquer), acaba mãe de um menino maravilhoso, Gavin. Como não poderia deixar de ser, Claire não consegue encontrar o pai de seu babê – mas cinco anos depois... eis que nosso galã aparece. O pai do menino, Carter, aparece na cidade e ela descobre que ele também está tentando encontrá-la nos últimos cinco anos. A partir daí eles tentam se entender e viver a paixão que ficou adormecida por um longo tempo.
Entre toda a hilariedade, a história também guarda muito romance, daqueles que derretem o nosso coração, e uma paixão intensa que nos aquece. Provavelmente é isso o que nos agarra tão forte: a história possui um pouco de tudo, desde cenas quentes e engraçadas até cenas derretedoras de coração de tanta fofura.
Ah, há um detalhe importante que você deve saber: este é provavelmente o livro em que mais aparecem menções diretas a “vagina” e “pênis”. Sério, acho que nunca li tanto essas palavras – oque vai de encontro com o tom do livro, é claro. Essa história não possui nada de sutil ou delicado quanto ao linguajar. Mas funciona incrivelmente bem em seu contexto.
Os personagens foram ótimos. Eles te cativam e te deixam histérica, o enredo é divertido, o estilo de escrita é espirituoso e não tem medo de chocar um leitor desavisado. Algumas pessoas que conheço diriam que esta é uma história despojada. Elas provavelmente estão certas.
No fim, eu não precisava ter receio da leitura porque todos os ingredientes que me fizeram gostar da fanfic foram mantidos – e eu diria, melhorados. Então se você adora doces e romances divertidos... fica a dica.
Para mais resenhas, acesse: www.vickydoretto.com
Esse provavelmente é o livro que eu li mais rápido nesse ano – possivelmente porque é uma história em quadrinhos e porque sua narrativa sempre recheada de ação e mistério.
A Garota do Cemitério traz a história de Calexa Rose Dunhill, uma jovem que acorda um dia no cemitério sem se lembrar do porquê de estar ali ou, o que é mais importante, quem é. Dias se transformam em semanas e semanas em meses e Calexa, mesmo sem recuperar a memória, consegue sobreviver escondida no cemitério enquanto espera ou suas memórias voltarem ou um sinal de que alguém a está procurando. Mas é claro que o que já é complicado pode ficar ainda mais perigoso.
A narrativa de Charlaine Harris e Christopher Golden começa com ação e mistério, as questões de identidade de Calexa são o foco principal da narrativa, como era o esperado desde a leitura da sinopse. Por ser o primeiro volume da série também era esperado que houvesse mais mistérios e perguntas do que respostas. Afinal, esse é o papel dos primeiros volumes: apresentar a história, os personagens e despejar um balde de complicações para serem resolvidas no que vier a seguir. Sendo assim, Os Impostores cumpre seu papel e traz uma história secundária que ajuda a personagem principal a começar a se localizar como pessoa – o que me leva a contar sobre essa “segunda história”.
Enquanto acompanhamos Calexa sobrevivendo da forma que pode no cemitério (e um pouco fora dele), vemos um grupo de amigos tentando realizar um ritual bizarro (ao melhor estilo de Supernatural em seus dias menos conturbados) que não dá certo. São as ações dos integrantes desse grupo que trazem consequências inesperadas para Calexa – e eu não contarei aqui o que acontece poruqe quero que você leia a história, é claro. A partir dessas consequências ela acaba encontrando ainda mais força de vontade e seu instinto de sobrevivência chega ao seu pico.
O estilo da narrativa é um pouco diferente do que eu estava acostumada nas tramas da Charlaine, o que era mais do que esperado porque um romance é completamente diferente de uma história em quadrinhos, e por isso o ritmo também é essencial para que o leitor não perca o interesse. Assim, a parceria entre Harris e Golden deu muito certo: grande parte da narrativa são os pensamentos de Calexa e por estarem na medida certa, no tom certo, nos deixam ligados ao suspense e à preocupação da personagem. E é justamente essa característica o que eu gosto nessa história em quadrinho: os autores conseguem fazer com que nos solidarizemos com a personagem principal desde o início.
Com progressão narrativa bem construída, cenas recheadas de ação e momentos com personagens gentis e bondosos (e, por que não (?), inspiradores), Harris e Golden provam que sua parceria criativa dá mais do que certo.
Também não posso deixar de comentar sobre as ilustrações. O traço de Don Kramer é muito limpo e realista. Seu estilo de desenho combina muito com o estilo da narrativa – e vale lembrar que Kramer possui grande experiência com graphic novel e HQs. E já que estou falando da parte bonita desse volume, a editora Valentina está de parabéns com a qualidade das folhas (como você pode imaginar, eu gosto muito do cheiro das páginas novas de um livro) e da impressão.
Os Impostores abre caminho para uma centena de acontecimentos na vida de Calexa e para seus leitores. Para quem conhece a escrita da Charlaine esst é uma experiência nova e divertida. Para quem está chegando agora, venha sem medo e se deixe envolver pelos mistérios do passado dessa jovem mulher de fibra e força de vontade.
Então vamos lá. Ônix começa com uma cena que a autora nos acostumou a encontrar nessa história: Daemon cutucando as coisas de Katy com uma caneta durante a aula (e eu confesso que os diálogos nessas cenas são sempre uns dos meus preferidos). Pouco tempo se passou desde que deixamos esses personagens no livro anterior e as coisas não estão melhores do que estavam naquele momento. Ou talvez elas estejam melhores mas de uma forma que os personagens ainda não saibam.
De forma geral, gostei bastande dessa sequência. Jennifer Armentrout sabe como conduzir uma história de forma maravilhosa e não me decepcionou nisso ao explorar outras facetas dos personagens, acrescentar mais detalhes e expandir ainda mais esse universo já bem complexo. Não esperava nenhum dos acontecimentos que ela trouxe (na verdade, esperava mais cenas com Daemon e Kitty Kat, aliás, senti falta das cenas em que eles ficavam se irritando), e o rumo da trama foi em uma direção incrível e cheia de possibilidades.
“Você é o do tamanho de uma daquelas bonequinhas fofoletes” - Daemon para Kat
Algumas coisas, no entanto, me deixaram inquieta. A primeira delas foi o personagem novo, Blake Saunders. Desde sua primeira aparição eu sabia (tinha certeza) de que ele iria causar problema – qualquer tipo de problema, eu estava esperando quase tudo, menos o que ele faz. Além de atrapalhar os progressos de Daemon para convencer Kat de que seu amor é sim de verdade, Blake escondeu muitas informações que teriam feito toda a diferença se nossa mocinha soubesse antes (e se ela não fosse tão teimosa também). E aí vamos ao meu próximo item da lista.
Katy. Não sei o que aconteceu com ela nesse volume, não sei. Sua personalidade ainda é a mesma, mas seu brilho não. Em vários momentos encontrei a personagem que tanto me conquistou em Obsidiana eclipsada por uma versão insegura quanto a si mesma e quanto a uma das poucas pessoas em quem ela pode realmente confiar. Entendo sua dúvida quanto a mudança repentina na atitude de Daemon, mas depois do que aconteceu no final do primeiro livro ela deveria saber que esse alien não mentiria numa questão como essa. É claro que isso não me fez gostar menos dela – até porque essa blogueira ainda é uma bookaholic enlouquecida como nós e faz ótimos comentários sobre as tramas dos livros que tenta ler. Mas durante toda a trama tive a impressão de que ela queria provar a si mesma e aos outros que era forte e acabou fazendo uma série de escolhas ruins – incluindo Blake e ao afastamento de Dee. O que me leva ao próximo item,
Por que, de toda as coisas que poderiam ter acontecido, as cenas com a Dee tinham que diminuir? [insira um emoji sofrendo aqui] E é isso, vou deixar essa pergunta aqui e seguir em frente.
“As palavras eram a mais poderosa das ferramentas. Simples e muitas vezes subestimadas. Elas podiam curar. Ou destruir.”
Mas um livro não é feito apenas de inquietações. Por isso temos Daemon. Todas as cenas desse personagem são muito preciosas. Sério. Mas sem momento fangirl agora: o desenvolvimento e amadurecimento dele é visível já nas prímeiras páginas da narrativa, ainda que seu humor continue (e ainda bem que continua com tudo o que pode), é possível perceber que ele verdadeiramente se preocupa com a Katy de um forma nova – o “me preocupo porque você é amiga da minha irmã” ficou para trás. Aliás, ele continua lendo o blog da Kat – “Vocês, bookaholics, adoram uma amostra, certo?” ❤ Daemon, migo, adoro uma amostra! – e está cada vez mais determinado.
Antes de acabar essa resenha, preciso falar sobre o Departamento de Defesa. Não posso contar muito senão poderia estragar o enredo, mas tudo o que vou te contar é: eu não imaginava. Tinha uma leve suspeita de que as pessoas do governo não estavam tão no escuro quanto os Luxen pensavam, mas Armentrout levou a minha suposição para outro nível. Eu queria contar muito mais sobre a trama de Ônix, mas como este é o segundo volume da saga Lux, vou me segurar um pouco mais e começar a escrever mais detalhes sobre a trama no próximo volume, porque, acredite em mim, as coisas estão prestes a mudar ainda mais e de formas irreversíveis.
Ainda gosto muito dessa saga e de seus personagens, a trama continua a envolver – mesmo com os poréns necessário – e cada reviravolta e descoberta te pega de surpresa de um jeito que tudo o que você conseguirá fazer é ler. E ler. E ler mais um pouco. Tenho um sentimento de que no próximo volume voltaremos a ter uma Katy mais do que incrível e de que todos os personagens novos que apareceram vão mostrar ainda mais de seus segredos. Afinal, temos mais do que Luxen lá fora – e, apesar de assustador, isso nunca foi tão empolgante quanto agora.
Sabe quem está de férias? Exatamente: essa pessoa que vos escreve – porque greve é uma coisa maravilhosa que desorganiza todo o calendário acadêmico. E por estar em férias eu quero dizer que terei uma semana para não fazer nada e assim conseguirei ler mais rápido os livros que tanto quero ler – por isso cá estamos nós, com a resenha do primeiro livro da série Imortais.
Alguma coisa me atrai muito nas histórias com vampiros (e mais recentemente, com lobisomens), por isso Desejo Insaciável entrou na minha lista de próximas leituras na mesma época em que comentei sobre ele por aqui – e também foi por isso que li essa história de forma tão rápida (e preciso te contar que ela me deixou muito dividida em noventa por cento do tempo). Mas vamos ao que interessa.
Kresley Cole nos traz a história de Lachlain, um Lykae (lobisomem) que sofreu por pelo menos quinze décadas no calabouço da Horda dos vampiros e que reuniu forças para escapar de toda a tortura de seus inimigos por ter sentido o cheiro da mulher que o destino escolheu para ser sua parceira – uma mulher que ele espera há mais de mil anos –, e Emmaline, uma moça tímida, com medo de viver, meio vampira e meio Valquíria, que cruzou o oceano para tentar encontrar pistas sobre seus pais em Paris. Eles são um casal improvável, mas os dois juntos se completam de forma perfeita.
Essa seria apenas mais uma história sobre pessoas completamente opostas que se encontram, se apaixonam e vivem felizes para sempre se não existessem alguns detalhes muito importantes nessa trama – como o pano de fundo/contexto e os personagens. Sendo assim, comecemos com Lachlain.
Esse Lykae tinha tudo para ser um personagem ótimo – porque incrível ele é –, mas alguns pontos de sua personalidade foram um problema para mim durante a leitura. Lachlain MacRieve é forte, bonito, experiente e claramente um homem que chama a atenção do público feminino – na história, quando não estava irritada com ele, estava encantada por ele. Meu problema com Lachlain tem dois pontos principais: o seu temperamento e a forma como ele “conhece” e trata Emma. Eu consigo entender o desespero do personagem – e seu temperamento, que é consequência do desespero (que não vou explicar senão perde toda a graça da narrativa) –, mas não consigo ficar bem com a grosseria com que ele trata sua parceira até pelo menos metade do livro. Tive vontade de entrar nas páginas e estapear o lobisomem sem me importar com nada mais todas as vezes que ele fala para Emma que não vai deixar que ela volte para casa (e aqui já falei demais, me desculpe pelo spoiler). Ele tem uma imagem totalmente errada de Emmaline e por isso não é nada delicado com ela, mesmo tentando protegê-la a todo custo – e quando finalmente percebe seu erro... para Emma é difícil acompanhar a mudança... o que me leva a falar dessa personagem.
Emmaline Troy é uma linda jovem híbrida em sua primeira viagem sozinha e distante do coven de suas tias Valquírias. Emma tem receio de tudo – por razões óbvias, ela tem medo do sol, dos vampiros, dos Lykaes – e se acha fraca e fora do lugar. Tudo o que ela precisa é de tempo – um tempo de qualidade – para se descobrir. Emma ainda é muito nova e precisa de experiência, afinal o que são setenta anos perto da eternidade de uma imortal? Gosto muito da forma como a autora descreve a aparência física de Emma – ela tem o balanço perfeito entre uma vampira e uma Valquíria (e falando sério, quem não gostaria de ter um pouquinho das Valquírias em seu DNA? eu gostaria muito), o que faz com que ela seja linda e fatal. Não quero escrever nenhum spoiler, mas preciso te contar que depois de tudo o que acontece – em menos de uma semana, vale ressaltar –, Emmaline evolui e amadurece muito: ela descobre quem é, qual é o seu destino e qual é a sua força. E descobre também onde está a sua voz – e nunca mais se cala.
A relação entre Emma e Lachlain começa da forma errada, mas ninguém pode negar que existem faíscas quando os dois estão juntos e aos poucos, quando um começa a entender e conhecer o outro de verdade, até mesmo eu (que estava cética quanto ao final dos dois) comecei a gostar da interação e do relacionamento deles. Principalmente porque o Lykae realmente se preocupa com Emma e passa a amá-la da forma como ela é e esse cuidado e apreço fazem com que ela se fortaleça e consiga fazer o que deve ser feito – como eu disse em algum parágrafo ali em cima, eles se completam.
Entre os dois, Emmaline é, sem sombra de dúvidas, minha personagem preferida, mas suas tias Annika, Nix, Regin, Myst e Lucia são personagens ótimas – passei a trama toda desejando ser uma Valquíria com habilidades especiais como elas. Para falar a verdade, todos os personagens secundários possuem uma razão para estarem ali – até mesmo a amiga antiga de Lachlain, Cassandra, que mais causa alvoroço do que calmaria – e são bem construídos. aproveitando o gancho, de todos os personagens que foram apresentados do lado Lykae da história, o demônio Harmann é o mais legal: apesar de aparecer em poucas cenas, Manny conquista o leitor em uma cena pontual na metade para o final do livro (e você vai precisar ler o livro para descobrir qual é).
Cole é formada em Letras (o curso lindo e maravilhoso que essa resenhista que vos escreve faz) e por isso sabe muito bem como envolver seu leitor – eu não desgrudei do livro enquanto não virei sua última página – e como construir histórias e contextos bem amarrados. Suas cenas quentes são na medida certa e não aparecem sem contexto, elas estão ali porque precisam estar e fazem parte da narrativa, os detalhes não são exagerados e tudo é muito bem encaixadinho. A linguagem é simples e fluída, o ritmo é constante e a caracterização mais do que convincente – vou soltar um spoiler aqui, que não vai estragar a trama, quero ser uma Valquíria como a Helena de Troia.
Mesmo me deixando dividida entre a irritação completa por causa de Lachlain e o encantamento abrasador também por causa de Lachlain, considero Desejo Insaciável um bom começo de série – o contexto geral da trama da série é apresentado, os diversos grupos de seres imortais são colocados no tabuleiro, o Acesso é explicado, alguns inimigos são revelados e conseguimos ter uma ideia de quais casais veremos nos próximos volumes. Depois de superar meu problema de irritação com Lachlain, gostei de acompanhar o desenrolar dessa história de amor, é um primeiro livro muito envolvente.
Desejo Insaciável é uma ótima leitura para quem gosta de seres sobrenaturais, paixões abrasadoras, cenas quentes e conflitos. Sua trama é bem amarrada, seus personagens são seres místicos que por si só já chamam a atenção e sua leitura é muito agradável.
Ah! Antes de terminar, preciso dizer que a edição que a editora Valentina fez ficou incrível. O título do livro tem relevo na capa, o papel é o pólen-maravilhoso-dono-do-meu-coração e cada início de capítulo possui um diferencial estético (como você pode ver na foto acima) – e você sabe que também são nesses detalhes que a obra ganha o coração de um leitor.
Hoje vou começar a resenha contando que fazia um bom tempo desde a última vez que li uma antologia de contos – mais precisamente, fazia algum tempo desde a última vez que li uma antologia de contos nacionais –, e por isso fiquei bastante contente quando surgiu a oportunidade de ler Prelúdio do Ocaso.
Prelúdio do Ocaso reune dez contos (A Queda de Lenora Endriel, Em nome do Pai, Pena de Fênix, O Beijo Prometido, O Dia da Convenção, Prelúdio do Ocaso - que dá nome à antologia -, Paladino, A Princesa Dragão, A Nova Vizinha e Mesmo que Custe sua Alma) dentro do universo fantástico criado pelo autor Fabio Baptista. Assim, encontramos elfos, orcs, goblins, trolls, ninfas, fênix, bruxas... e todos aqueles seres fantásticos que tanto gostamos de esbarrar vez ou outra pelas histórias da vida. Cada conto possui no máximo vinte páginas – o que faz com que as histórias se desenvolvam de forma rápida e concisa, sem deixar a experiência desgastante para o leitor.
Como eu não quero escrever nenhum spoiler sobre os contos aqui, tudo o que vou falar sobre suas histórias é: de forma geral, todas elas contam sobre alguma mudança – os personagens enfrentam situações que os transformam para sempre, mas se isso é bom ou ruim... não irei contar (você vai precisar ler para descobrir).
O interessante de se ler uma antologia é que temos a oportunidade de encontrar vários mundos dentro de um mesmo tema, sem precisarmos procurar vários livros. Dessas dez histórias, provavelmente a que mais gostei foi A Princesa Dragão – sua narrativa não trouxe tantas surpresas quanto a de A Queda de Lenora Endriel, nem me emocionou tanto quanto Prelúdio do Ocaso, mas sua narrativa me agradou muito e me entreteu bastante.
Também achei interessante a escolha dos nomes dos personagens – alguns bem diferentes como Sliäx – e o fato de termos tantos seres diferentes em cada conto. Por serem contos fantásticos, esperava sempre encontrar mais ou menos a mesma coisa em todas as histórias, mas isso não aconteceu – e foi uma boa surpresa. Cada história foi situada em um tempo e espaço diferente, com situações diferentes e problemas diferentes e essa variedade foi um dos fatores que mais me agradaram. Outro ponto positivo é o fato de as histórias terem sido construídas com mais diálogos do que descrições (por serem contos curtos, isso é o ideal) – realmente são narrativas rápidas que passam a sua mensagem sem enrolações e trazem diálogos que contribuem para a construção das tramas. A linguagem utilizada pelo autor não possui segredos e ele conseguiu finalizar cada conto de forma pontual.
Se você gosta de contos ou está pensando em se aventurar nessas narrativas mais curtas do que os romances, indico Prelúdio do Ocaso por trazer um conjunto de histórias interessantes e que fogem do que comumente encontramos por aí.
Terminei de ler Obsidiana quarta-feira (27/08) e ainda estou naquela névoa (maravilhosa) super empolgada da pós-leitura, então preciso deixar avisado de antemão que sim, estou completamente apaixonada por um alien fictício e pre-ci-so de Ônix (a continuação) o mais rápido possível. E é isso. Tendo te avisado da situação desta resenhista que vos fala, vamos ao que interessa.
Obsidiana é o primeiro livro da saga Lux, de Jennifer L. Armentrout, e conta a história de Katy, uma adolescente [blogueira!] que acabou de se mudar para uma cidadezinha no meio do nada com a mãe, e Dee e Daemon, gêmeos e aliens lindos que moram ao lado e mudam de maneira irrevogável a vida de Katy. Apenas o fato de Dee e Daemon serem aliens já me parecia uma boa premissa – ai “conheci” a Katy.
Consegui me identificar bastante com Katy por uma série de razões (não, meu vizinho não é um alien também – pelo menos, eu acho que ele não é), mas principalmente por ela ser “a aluna nova” no ensino médio (o que eu fui), e por causa do que ela sentiu com a mudança. Entendo o que Katy sentiu quando mudou de cidade porque é basicamente o que senti quando mudei para a cidade em que estou agora para fazer graduação – deixar tudo para trás para ir para uma cidade pequena e começar tudo de novo é bastante estressante (mesmo que no meu caso a cidade não seja a menor do mundo). Mas além disso, ela tem personalidade forte e fibra – todas as vezes que Daemon dá uma patada, ela responde de um jeito ou de outro (e isso acontece em quase todos os momentos) –, e é uma adolescente que está mais preocupada em postar o “Waiting on Wednesday” do que escolher o curso para a faculdade (isso também me lembrou a mim mesma).
Por mais que nos últimos tempos eu venha encontrando um número cada vez maior de personagens femininas fortes, ainda acho que não só as adolescentes, mas o público feminino em geral merece ter mais personagens que, apesar de se apaixonarem, não sejam tolas e irreais. E é aí que Katy entra. Armentrout criou uma personagem que poderia ser a minha vizinha adolescente – criou uma personagem bem realista, que xinga um garoto de babaca (porque ele é um babaca) e mostra o dedo do meio sem medo. Resumindo, Katy é ótima!
Agora vamos ao Daemon. Desde sua primeira cena esse garoto Luxen (vulgo, alien) extremamente bonito (quem não se encantaria por “olhos tão verdes e brilhantes” feat. tanquinho?) foi um babaca. Daemon pega no pé de Katy, manda ela ficar longe de sua irmã, é grosso e tem sentimentos não resolvidos por ela (existe uma tensão entre eles desde o princípio também). É claro que depois de um certo momento fica bastante claro o porquê dele agir assim, mas essa “relação” aos trancos com Katy prende a atenção do leitor – nós não sabemos qual/quando a próxima grosseria virá, mas esperamos para ver a reação da “gatinha” porque as cenas entre os dois são muito boas!
E isso me leva a falar de Dee. Essa adolescente alien é provavelmente a personagem mais animada que encontrei nos últimos tempos. Dee é um amor. Desde o primeiro momento ela quer ser amiga de Kittycat e fazer tudo com ela e não deixar que o comportamento do irmão irterfira na amizade delas. Para falar a verdade, por ter tanta energia, Dee me lembrou um pouco da Dee Dee, irmã do Dexter (do desenho do Cartoon) – em alguma momento no passado eu já comentei que faço relações estranhas entre livros e outras coisas, então... Mas diferente da Dee Dee, que é irritante demais, a Dee é uma daquelas personagens que são como um sol na narrativa (e, nesse caso, ela tem luz mesmo). Todas as cenas com ela aquecem o coração do mais frio leitor.
Eu deveria contar um pouco sobre a mãe de Katy ou sobre as outras garotas da escola ou sobre os outros aliens que aparecem, mas sobre a mãe ainda não sei o que escrever porque ela trabalha fora boa parte do tempo e é como uma mãe normal (daquele tipo que fala para você sair do computador e ir conhecer os vizinhos, como a minha mãe fazia quando eu era mais nova). As outras garotas da escola com quem Katy conversa são bem legais. Lesa e Carissa aparecem pouco, mas são as responsáveis por Katy começar a questionar algumas coisas que seus vizinhos não lhe contaram. E quanto aos outros Luxen... Adam, o pseudonamorado de Dee, parece ser legal, mas Ash, Andrew e Garrison não parecem tão legais assim – aliás, Adam, Ash e Andrew são gêmeos também. Então, como ainda preciso ler mais sobre eles, vou deixar para comentar mais na resenha do próximo livro.
Antes de terminar essa resenha, preciso comentar rapidamente sobre os antagonistas dos protagonistas dessa história. Bom, se existem aliens de luz, existem aliens de sombra (e faz sentido porque yin e yang...), os Arum. Os quatro que apareceram nessa história fizeram bem seus papéis de vilões – atrapalharam um pouco a situação e também serviram para Katy aprender coisas novas e sentir medo. Os Arum são a razão para o povo de Daemon sentir medo e com razão. Depois que Daemon explica sobre eles para Katy (e eu não vou contar o que ele explica porque quero que você leia também), me peguei pensando que ainda deve ter alguma outra informação sobre esse povo – que provavelmente nem o Daemon saiba – que pode ser muito importante em algum momento no futuro nessa saga.
Armentrout criou uma história onde tudo vai se encaixando e evoluindo. Uma ação leva a outra, uma briga leva a outra, um rastro leva a outro... E isso faz com que os personagens tenham espaço para mostrar de forma mais convincente sua personalidade. Daemon é um babaca, mas tem uma razão. Katy é mais forte do que pensava, e prova isso. A forma como a autora conduz esse primeiro livro é ótima – a problemática é introduzida, os personagens são apresentados, os problemas são colocados na mesa. Sua linguagem não é cheia de rodeios, seus personagens (por mais fantásticos que sejam) conseguem criar relações com os leitores (por exemplo, na cena em que Daemon assiste um vídeo que Katy postou no blog, acho que todo mundo que já postou algum vídeo no youtube sabe o quanto é estranho assistir a si mesmo com alguém do lado [e esperar os comentários sobre isso depois]) e sua narrativa conquista no ritmo constante dos acontecimentos.
Não sei quem disse, mas “um lacre é um lacre” e Lux é tudo o que eu aprecio em uma série – personagens apaixonantes, bom fio narrativo, ritmo constante, linguagem clara. Se você está procurando uma nova paixão literária, está na hora de você dar uma chance para um alien.
PS: Daemon. ❤ Sério: ❤
Sabe aquele tipo de livro que passa a história inteira te tentando e te deixa morrendo de vontade de acabar com o estoque de uma confeitaria? Pois é, a trama de Donna Kauffman é esse tipo de livro.
Levei Delícia, Delícia para ler durante a viagem da minha cidade até São Paulo quando fui no Anime Friends há algumas semanas (o tempo passa muito rápido!), mas acabei dormindo durante a viagem ao invés de ler (aconteceu a mesma coisa na volta, fazer o quê?). Mas quando peguei para ler de verdade, me diverti muito!
Na trama, acompanhamos Leilani, uma confeiteira mais do que talentosa que se mudou de Nova York para a pequena Ilha de Sugarberry, em seu recomeço – que estava indo muito bem, obrigada, até que seu antigo chefe, Baxter, resolve levar seu programa de culinária para a recém-inaugurada confeitaria dela. E é claro que aquela paixão que Lani jurava para si mesma que havia ficado no passado, faz com que a moça não saiba como agir e pensar (para proteger seu coração) com as investidas um tanto quanto apaixonadas do chef.
O livro é contado tanto pela visão de Leilani quanto pela de Baxter, com capítluos intercalados entre os dois – o que é muito bom pois um ponto de vista completa o outro, deixando o leitor a par dos sentimentos reias desses dois personagens enquanto a narrativa avança e as coisas acontecem. É bonitinho ver Baxter todo empenhado em conseguir o que quer – e depois, todo triste consigo mesmo por não ter pensado direito em seus planos. A mesma coisa acontece com Lani, que se derrete todas as vezes em que está perto do Chef Hot Cakes e faz de tudo para se manter afastada.
Confesso que achei os primeiros capítulos um pouco parados – parados talvez não seja a melhor descrição porque estava acontecendo bastante coisa na história: Baxter tinha chegado, houve a introdução dos personagens e da situação... mas alguma coisa fez com que a leitura não rendesse tanto quanto eu gostaria, o que me desanimou um pouco. Mas lá pela página 70 eu comecei a me divertir mais com a narrativa (que realmente provou ser uma delicinha), “peguei no tranco”, me empolguei e li tudo em pouco tempo.
Gostei muito da forma com que a autora lidou com a história. Donna amarra os acontecimentos – e inclui detalhes que não me pegaram completamente de surpresa com o passar dos capítulos – de forma a criar não apenas a atmosfera de um romance cheio de tensão, mas de um contexto inteiro onde todas as peças (personagens principais e secundários) são extremamente importantes. A linguagem não tinha segredos e, por estarmos acompanhando tão de perto os personagens, é possível para o leitor se conectar com os sentimentos e reações que são mostrados. Particularmente gostei muito do tom sarcástico e até mesmo bravo de Lei-Lei (ela é uma personagem ó-ti-ma!) e me diverti bastante com os pensamentos dela sobre ser a Barbia Confeiteira Justiceira (a imagem mental foi maravilhosa) e com a forma como Baxter a chamava de querida.
Aliás, Baxter me deixou encantada. Mesmo no começo, quando a leitura não estava rendendo para mim, os capítulos em seu ponto de vista sempre me agradaram. Sua confusão por encontrar Lani com um comportamento diferente do que conhecia, seu charme e sua delicadeza... (suspiro) – e falar do charme de Baxter me faz falar de Alva, a senhorinha fofoqueira da pequena cidade com uma energia quase inesgotável e completamente encantada pelo Chef.
Alva é uma personagem preciosa. No ínicio pensei que ela seria apenas mais uma personagem secundária com a função de espalhar fofoca, mas com o passar da narrativa percebi que, além de ser muito fofa e divertida, esse senhorinha ajudaria Lani a pensar em certas coisas. Esse também é o caso de Charlotte, a melhor amiga da nossa protagonista. Charlotte é uma boa ouvinte e uma conselheira melhor ainda – além de ótima Chef também. De forma geral, todos os personagens secundários, melhor dizendo, todos os personagens têm uma função que é cumprida de forma mais do que satisfatória.
Também não posso deixar de comentar que os detalhes da diagramação são muito delicados: tanto as letras divertidas usadas nos capítulos (como você pode ver na foto lá em cima) quanto “o clube do cupcake” escrito nos topos das páginas ímpares são agrados a mais ao leitor.
Claramente esse livro serviu para me deixar morrendo de vontade de comer cupcakes (não é à toa que comi um daqueles chocolates Talento [aquele de doce de leite, sabe?] sozinha enquanto escrevia essa resenha) – além de ficar morrendo de vontade de encontrar em Chef desses, é claro –, e também para me dar um refresco de histórias cheias de drama. Delícia, Delícia é, literalmente, uma delícia de ler.
Eu estou querendo fazer essa resenha desde a Comic Con Experience do ano passado – mas precisava do livro para ler antes (hehehe). Mas vamos ao que interessa, ganhei Os Molambolengos há algum tempo (e se você me acompanha no snapchat deve ter visto os muitos segundos de felicidade por isso) e acabei deixando para fazer sua resenha depois que estivesse com tudo organizado na minha vida (o que, realmente, não vai acontecer nunca).
Os Molambolengos (que, por sinal, é um nome ótimo) é uma fábula escrita por Evangeline Lilly – sim, aquela moça bonita e super gentil que fez a Kate em Lost e a Tauriel em O Hobbit – e ilustrada por Johnny Fraser-Allen, que trabalhou em As Crônicas de Nárnia (clique aqui para ver o seu DeviantArt). O livro possui uma edição muito rica em detalhes: a capa é dura, com tratamento especial na ilustração da menina na capa e na foto da autora na contracapa.
Em suas linhas rimadas, acompanhamos Selma, uma mocinha mimada, durante sua visita ao espetáculo de uma banda de marionetes, os molambolengos – visita essa que tem uma reviravolta e culmina em uma lição de moral (que eu não vou te contar, para não estragar a história), como toda boa fábula deve terminar.
Eu, particularmente, gostei muito. A narrativa, mesmo sendo para crianças, não tem medo de ser sombria e estranha (e excêntrica também, o que me lembrou um pouco das versões originais dos contos de fada), nem de fazer te sorrir com características específicas de um comportamento errado (por exemplo, com Gilda Gananciosa, que é uma ladra). E com isso preciso falar dos personagens. Quando Selma entra na carroça dos molambolengos e o show começa, cada um deles aparece e sua breve história é contada, sempre de forma rimada. Do Papai Pedante a Marta Muda, todos eles possuem em seus nomes e características alguma coisa que nos dá uma pista do que pode acontecer no final (“Eles têm seus defeitos, Mas ninguém é perfeito,”) – e, é claro, tudo faz parte da atmosfera um pouco macabra do lugar.
Sempre que leio livros traduzidos fico me perguntando o quanto de trabalho a tradutora teve para ser “fiel” ao original e fazer sua versão do texto para o nosso idioma, no caso de Os Molambolengos sempre me pego pensando uma e outra vez que deve ter sido um pouco mais trabalhoso traduzir, fazer uma versão e coincidir as rimas – porque o resultado aqui foi muito bom!
Outro ponto que não posso deixar de comentar são as ilustrações. O traço de Johnny Fraser-Allen é muito bonito, as cores que ele usou complementaram a atmosfera que a autora criou em suas linhas e o efeito de páginas envelhecidas e aquareladas me deixou apaixonada – existem momentos em que abro o livro apenas para ficar olhando suas ilustrações.
Vou parar a resenha por aqui porque mesmo ainda tendo muita coisa para comentar, tenho a impressão de que se escrever mais, acabarei contando detalhes da história que podem tirar a diversão da leitura. Assim, me resta dizer que Os Molambolengos, com suas ilustrações, suas rimas, seu tom sombrio e aquela mistura de fantasia e realidade, envolve (e encanta) o leitor de todas as idades sem fazer muito esforço.
Renha postada originalmente em: http://up-brasil.net/2016/02/23/resenha-de-livro-o-despertar-do-principe
O Despertar do Príncipe é o primeiro livro da nova série de Colleen Houck, Deuses do Egito, e conta a história de uma jovem rica, bem-educada e controlada que encontra um príncipe egípcio (vulgo, múmia) desperto no museu de Nova York e acaba envolvida em uma aventura muito mais interessante do que a vida que ela levara até aquele momento.
Até aí tudo bem, porque, convenhamos, nós já nos deparamos com coisas muito mais esquisitas nessa vida. E, conhecendo a escrita de Houck depois de seus vários livros na Saga dos Tigres... eu esperava encontrar uma narrativa envolvente. Mas não estava preparada para gostar tanto desses novos personagens – mas guarde isso para referências futuras, pois antes preciso comentar outra coisa.
Como sempre, antes de começar a ler um livro passo por sua página no Goodreads para ler um pouco o que as outras pessoas estão dizendo e me preparar para os desafios da leitura. No caso da história de Amon e Liliana não foi diferente, mas fiquei surpresa com a quantidade de comentários com notas baixas (ou eu vi apenas os que não gostaram, porque SOS). Enquanto eu entendo que muitas pessoas têm uma visão bastante forte sobre a escrita sobre culturas diferentes das de origem de um escritor, eu, pessoalmente, acho que sempre podemos tentar ver alguma coisa boa na história – até mesmo naquelas que não gostei de jeito nenhum – e mesmo com as possíveis ressalvas, contar sobre uma cultura que nem todos conhecem é bom para divulga-la (não estou dizendo que ninguém conhece as lendas egípcias, veja/leia bem). Fica aqui o meu estranhamento – e com o coração mais leve, posso te contar o que achei do livro.
Encontramos Liliana no museu, comentando sobre como a sua vida é aparentemente perfeita e, confesso, não comecei com uma boa impressão. Durante os primeiros capítulos Liliana parecia apenas mais uma protagonista que iria me irritar até a morte com seus pensamentos e autopiedade, mas aí apareceu Amon. Enquanto achava Liliana “observadora” demais (misturado com uma pitada de inveja pela vida alheia), Amon me deixou revoltada com sua atitude de “você vem comigo” e “vou fazer um encantamento aqui para usar os seus órgãos já que não tenho os meus, mas ó, não se preocupa não, só vou pegar toda a sua energia”. É claro, essas foram as primeiras impressões.
Com o passar das páginas, não tive como resistir e cai de amores por Amon – mesmo ele estando 50% do tempo fora do lugar, outros 45% do tempo arrastando Lily por aí e, bem, ser uma múmia –, as palavras que tem para sua Nehabet são tão bonitas... e irresistíveis. Aos poucos fui sendo conquistada por Amon e sua jovem Lily e me envolvendo com suas aventuras e discussões (que, acredite, acontecem mais vezes do que esperava). Falando nisso, Lily é mais corajosa do que pensava. Ela está completamente fora de seu ambiente e mesmo assim se preocupa com Amon e está disposta a dividir sua energia com ele.
Em O Despertar do Príncipe, Colleen não se preocupa muito em mostrar um romance (mas isso não quer dizer que não há, espere apenas um minuto que irei chegar lá), mas sim em retratar a jornada de uma pessoa sobrehumana que está debilitada por várias razões e precisa da ajuda de uma adolescente americana para acordar os irmãos e realizar uma cerimônia capaz de proteger o mundo por mais um milênio. A narrativa mistura em sua trama lendas egípcias e cria sua própria versão – eu não sou nenhuma perita em mitologia (não sou mesmo), mas realmente não vejo problema nenhum um falar de deuses e contar sua própria versão da história, para falar a verdade, acho bem legal. Na minha opinião, a escrita de Houck é sempre muito bem amarrada, com cenas bem descritas e lugares diferentes.
E o mais importante: Não tem um triângulo amoroso.
Isso mesmo. Não. Tem. Triângulo. Amoroso.
Uma coisa que me incomodou muito na Saga dos Tigres foi o triângulo amoroso entre Kelsey e os dois irmãos e você não imagina o alivio que senti quando percebi que não teria nada disso aqui. Amon tem irmãos, sim, mas nenhum de seus dois irmãos estão interessados em Lily romanticamente falando – eles a protegem e ajudam [e curam], mas como irmãos. É um sopro refrescante. E já que estou falando em relacionamentos amorosos... O amor entre Amon e Lily é gradual. Acompanhamos os pensamentos de Lily, então sabemos que aos poucos ela vai percebendo que gosta de Amon não apenas por causa da ligação que há entre eles, mas porque ele é um deus do Egito lindo com cabelos maravilhosos e peitoral super definido com calor do sol e ainda brilha no escuro igual uma lanterna homem honrado e com um senso de dever enorme, além de se preocupar com o quanto ela come (e não no sentido de “você está gorda”, mas ao contrário). Tudo bem que é um pouco estressante ver o quanto Amon força para não se comprometer com Lily, mas, bem, nem mesmo os deuses são perfeitos.
Falando em perfeição, os dois irmãos do escolhido de Amon-Rá são muito interessantes. Asten e Ahmose possuem personalidades ótimas – e sinceramente espero poder ver mais deles no próximo volume. Enquanto Asten, o mais divertido dos três, possui o poder das estrelas, Ahmose, o mais forte, possui o da Lua e, somados aos poderes do sol de Amon, os três derrotam Seth milênio após milênio. Além deles, temos também o doutor Hassan, um senhor bondoso que tem um papel importante nos acontecimentos (que eu não posso te contar porque, bem, não quero te passar nenhum spoiler).
Colleen Houck traz uma história repleta de detalhes e personagens ótimos e merece que você perca algumas horas lendo suas linhas – porque você precisa desse livro, você não sabe que precisa dele até começar a ler, acredite em mim.
Era uma vez uma bruxa e uma jovem passeando pela floresta, procurando uma espécie de flor especial. Mas nem tudo são flores (desculpa, não consegui segurar o trocadilho) e durante uma tempestade as amigas se separam e, enquanto Meredith, a bruxa, volta para casa preocupada, Michelle, a jovem misteriosa, acaba por se embrenhar ainda mais na floresta e encontrar uma mansão. Mas quem mora numa mansão tão antiga [normalmente, a Fera e sua biblioteca maravilhosa]? Os irmãos Vergamini. Danton, Carl, Luka, Ethan, Christofer, Frank e Wolf. Sete homens que escondem muito mais do que apenas sua natureza violenta. É com esse grupo um tanto quanto diferente que Michelle irá conviver a partir de agora - se isso é bom ou ruim, apenas o futuro poderá dizer.
E é só isso o que você vai saber sobre a história por aqui porque não quero acabar com as surpresas e reviravoltas da narrativa.
A Filha do Norte começa de forma devagar, aos poucos, como se testando o caminho e firmando as pernas – o que poderia também servir para falar sobre Michelle, nossa protagonista, que vai aos poucos (e a pequenos passos) ganhando confiança em si mesma. O ritmo da trama começa a mudar depois das primeiras cinquenta páginas e uma série de acontecimentos prendem a atenção (e o seu coração começa a acelerar, seus olhos a piscar e a ansiedade toma conta - aquele esquema de sempre, você sabe como é).
A história que Luisa nos traz foi uma grata surpresa, sua premissa é bastante interessante e o mundo criado é, de uma forma ou de outra, envolvente. A linguagem empregada é natural e favorece para o ritmo da narrativa fluir sem problemas e de forma agradável. Com a narrativa seguindo os personagens sempre de perto, ora com Michelle, ora com qualquer outro personagem, o leitor pode conhecer seus pensamentos e fazer suas próprias conjecturas sobre o que cada um deles sente e/ou esconde. Nesse ponto, um personagem que tem muito potencial para “os próximos capítulos”, para mim, é o Wolf. Mais calado e, numa primeira impressão, mais selvagem do que os outros, suas aparições trazem sempre algum detalhe interessante.
Vivi um relacionamento de amor e ódio com grande parte dos personagens (e fiquei indignada com dona Luisa váris vezes), mas Luka e Wolf são, na maior parte, os personagens que mais me agradaram, juntamente com Meredith (que conta com a companhia de Elza, uma outra bruxa). Wolf parece ter um papel importante nos próximos acontecimentos e Luka possui um carisma meio doentio, deixe-me te dizer. Meredith parece uma boa influência para Michelle e espero vê-la em ação em breve. Quanto a Michelle, como comentei anteriormente nesse mesmo parágrafo, tenho uma relação de amor e ódio muito forte com ela. Seu passado é misterioso e suas possibilidades são grandes, ao mesmo tempo sua ingenuidade (ou seria inocência?) a deixa um tanto quando frágil – e, até mesmo com medo de deixar isso para trás e agarrar sua força com unhas e dentes –, mas ela possui um potencial incrível e, desde que esteja determinada, pode mudar drasticamente seu destino.
De forma geral, os personagens se completam. Os Vergamini, as duas bruxas e os habitantes da vila... todos formam um panorama interessante e que trabalham como engrenagens, mantendo tudo o que há tempos fora estabelecido no lugar – até que Michelle chega e começa a, mesmo sem saber, mudar certas coisas (e mudanças, na maioria das vezes, são boas).
Quando uma pessoa passa a sua infância e adolescência assistindo animes e doramas (e lendo mangás sem parar), de um jeito ou de outro vai começar a fazer associações estranhas entre as histórias que já assistiu e as que está acompanhando no momento. Nesse caso, logo nos primeiros capítulos, quando os Vergamini aparecem, comecei a lembrar de um anime que assisti já há algum tempo e que talvez pudesse ser um bom comparativo com A Filha do Norte – o encontro entre uma moça que não sabe onde se meteu e vários homens não tão bem intencionados assim. Agora, enquanto escrevia essa resenha, lembrei que o nome do anime é Diabolik Lovers [link] – que conta a história de uma moça inocente e seis vampiros nada inocentes (aliás, ele tem uma segunda temporada, que eu não assisti, Diabolik Lovers More Blood [link], onde aparecem mais quatro vampiros – e parece zona demais para a minha vida de shipper) –, que apesar de bastante inquietante, possui um encantamento doentio que torna impossível não assistir todos os episódios, o mesmo que acontece com esse livro que te prende até o final. Para mim, guardadas as devidas diferenças entre as histórias, Ayato e seus irmãos tem personalidades parecidas com as dos Vergamini. Mas não vamos perder o foco aqui (porque, parando para pensar, eu poderia até mesmo conseguir relacionar A Filha do Norte com outro anime, Brothers Conflict, e esse parágrafo já ficou grande demais).
Enquanto minha relação com Diabolik Lovers é tensa (mas não vou falar sobre isso aqui), a com A Filha do Norte é muito calma. Essa é uma história repleta de mistérios - e quase não há respostas para eles nesse momento - que deve começar a se desenrolar de verdade no próximo volume (e dona Luisa vai me deixar curiosa até lá, claro). Por ser um primeiro volume é seu trabalho deixar mais pontas soltas do que amarradas e mais mistérios do que respostas – o que faz muito bem. Este é um livro com quase quinhentas páginas que demandam atenção na leitura, pois enquanto sua trama cresce e se torna mais complicada, é possível deixar alguma coisa passar despercebida.
A trama de Luisa Soresini consegue misturar horror e humor ácido num cenário aparentemente comum, mas cercado de elementos fantásticos. Há o peso do destino nas costas de seus personagens e aquela vontade de se rebelar que todos nós carregamos no coração. Há conflitos e relações de ódio e de redenção. Há muito a ser explorado. E a Filha do Norte merece um voto de confiança não apenas de si mesma e de suas amigas bruxas, mas de todos nós, principalmente porque suas aventuras apenas começaram. Leitura mais do que indicada para quem gosta de uma boa trama bem amarrada.